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11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

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Assim, se o caráter coronelístico tem um forte componente de<br />

sustentação no poder público, assim privatizado, como tão bem<br />

caracterizou Vitor Nunes Leal, o que se acabou de ver aponta que essa<br />

articulação é mais antiga ali no vale do Acre, em Rio Branco.<br />

A centralização no Acre que esse documento denuncia não deriva do<br />

que se passara no Brasil após a revolução de 30 que, sem dúvi<strong>da</strong>, opera<br />

uma nova geografia <strong>da</strong>s escalas de poder, de forte acento centralizador,<br />

mas, principalmente, <strong>da</strong> centralização em Rio Branco que, ao mesmo<br />

tempo, foi uma afirmação do Rio de Janeiro e, portanto, do poder <strong>da</strong>quele<br />

segmento que, por sua própria natureza sociológica, opera a uma escala<br />

supralocal, nacional, que tivera o Acre como um forte suporte e que,<br />

sobretudo pós anos 30, adquire uma importância em escala nacional na<br />

composição do novo bloco de poder que não tivera na época <strong>da</strong> ‘política<br />

dos governadores’ durante a República Velha. Enten<strong>da</strong>­se, portanto, o<br />

forte apelo patriótico do documento. Eles sabiam a quem estavam se<br />

dirigindo.<br />

No entanto, aquilo que até ali permanecera um privilégio do vale do<br />

Acre 8 logo se tornará extensivo a todo o Acre. A Batalha <strong>da</strong> Borracha,<br />

desencadea<strong>da</strong> pelos Acordos de Washington, em 1942, realizará, na<br />

prática, as reivindicações expostas no Manifesto dos Coronéis de<br />

Barranco de 1939: intervenção governamental nas esferas <strong>da</strong> circulação e<br />

transportes; incentivo e controle do fluxo migratório e subsídios à<br />

produção de borracha 9 .<br />

Com o domínio japonês <strong>da</strong> região dos seringais de cultivo asiáticos,<br />

como ataque às bases norte­americanas de Pear Harbour, ficou em risco o<br />

suprimento de borracha à indústria dos países aliados que detinham o<br />

controle colonial de grande parte <strong>da</strong>quela região. O caráter estratégico <strong>da</strong><br />

borracha ficou definitivamente demonstrado. É nesse contexto que o<br />

governo brasileiro assina os Acordos de Washington (1942) em que<br />

garante o suprimento de látex às indústrias dos Estados Unidos e, ao<br />

mesmo tempo, afirma­se um projeto nacional de industrialização<br />

formulado pelo estamento militar, que negocia naquelas circunstâncias a<br />

Companhia Siderúrgica Nacional e a Companhia Vale do Rio Doce.<br />

8 ­ E assim era visto pelos seringalistas dos outros vales<br />

9 Ali, em 1942, com os ‘Acordos de Washington’, já se tem a demonstração do que, mais tarde, será<br />

chamado de ‘pragmatismo responsável’ dos militares brasileiros, posto que tudo isso se fará com a<br />

aju<strong>da</strong> de capitais norte­americanos.<br />

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