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11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

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‘o aspecto que salta aos olhos é o <strong>da</strong><br />

liderança, com a figura do ‘coronel’ ocupando<br />

o lugar de maior destaque’. ‘Esta ascendência,<br />

resulta muito naturalmente <strong>da</strong> sua quali<strong>da</strong>de<br />

de proprietário rural. A massa humana que<br />

tira sua subsistência <strong>da</strong>s suas terras vive no<br />

mais lamentável estado de pobreza, ignorância<br />

e abandono. Diante dela, o ‘coronel’ é rico.<br />

Há, é certo, muitos fazendeiros abastados e<br />

prósperos, mas o comum, nos dias de hoje, é o<br />

fazendeiro apenas ‘remediado’: gente que tem<br />

proprie<strong>da</strong>des e negócios, mas não possui<br />

disponibili<strong>da</strong>des financeiras; que tem o gado<br />

sob penhor ou a terra hipoteca<strong>da</strong>; que<br />

regateia taxas e impostos, pleiteando<br />

condescendência fiscal; que corteja os bancos<br />

e demais credores, para poder prosseguir suas<br />

ativi<strong>da</strong>des lucrativas. Quem já andou pelo<br />

interior há de ter observado a falta de<br />

conforto em que vive a maioria dos nossos<br />

fazendeiros. Como costumam ‘passar bem de<br />

boca’ ­ bebendo leite e comendo ovos,<br />

galinha, carne de porco e sobremesa ­ e têm<br />

na sede <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> um conforto primário, mas<br />

inacessível ao trabalhador do eito ­ às<br />

vezes, água encana<strong>da</strong>, instalações sanitárias<br />

e até luz elétrica e rádio ­, o roceiro vê<br />

sempre no ‘coronel’ um homem rico, ain<strong>da</strong> que<br />

não o seja; rico, em comparação com sua<br />

pobreza sem remédio. Além do mais, no meio<br />

rural, é o proprietário de terra ou de gado<br />

quem tem meios de obter financiamentos. Para<br />

isso muito concorre seu prestígio político,<br />

pelas notórias ligações dos nossos bancos. É,<br />

pois, para o próprio ‘coronel’ que o roceiro<br />

apela nos momentos de apertura, comprando<br />

fiado em seu armazém para pagar com a<br />

colheita, ou pedindo dinheiro, nas mesmas<br />

condições, para outras necessi<strong>da</strong>des’ (Leal,<br />

1967: p.24).<br />

Deixem de lado o preconceito que normalmente habita os corações<br />

e mentes mesmo dos nossos melhores intelectuais, como Leal, que no<br />

fundo deixa escapar a sabedoria dessa ‘massa humana que tira sua<br />

subsistência <strong>da</strong>s suas terras (e que) vive no mais<br />

lamentável estado de pobreza, ignorância e abandono’.<br />

Retirem, também, <strong>da</strong>qui o ‘fazendeiro­proprietário­<strong>da</strong>­terra­e­do­gado’ e<br />

o substituam pelo patrão­proprietário­do­seringal e o quadro estará<br />

pintado com características realistas.<br />

“O ‘coronelismo’ é sobretudo um compromisso,<br />

uma troca de proveitos entre o poder político,<br />

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