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11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

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egistrar seus protestos. De 1942 a 1945, se estabelece, nos marcos do<br />

Acordo de Washington, uma política de migração que procura repovoar os<br />

seringais. Os Estados Unidos colocam à disposição cerca de 5 milhões de<br />

dólares para que fossem reaparelhados os portos e o sistema de transportes<br />

<strong>da</strong> região, além de garantir o suprimento de víveres para os seringais, em<br />

grande parte adquirido, mais uma vez, no Sul e Nordeste do país.<br />

A excepcionali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> guerra viria, assim, <strong>da</strong>r um novo alento aos<br />

patrões, agora com uma nova forma de apropriação do espaço com o que<br />

denominamos Territoriali<strong>da</strong>de dos Coronéis de Barranco, sobretudo com o<br />

fornecimento de mão­de­obra. Afinal, como já havíamos salientado, a<br />

escassez de mão­de­obra, sem dúvi<strong>da</strong>, foi um fator importantíssimo para<br />

que os patrões aceitassem relaxar uma série de imposições que faziam aos<br />

seringueiros. Com a acentuação do fluxo migratório a partir <strong>da</strong> Batalha de<br />

Borracha, o poder dos seringalistas é, em grande parte, recuperado. A<br />

garantia de compra e ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> borracha por parte do governo estreita os<br />

vínculos políticos dos seringalistas com o poder à escala nacional. Os<br />

novos migrantes, os ‘sol<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> borracha’, não vêm mais para ‘o<br />

Amazonas’ tentar a vi<strong>da</strong> ou enricar sob um horizonte de quem queria<br />

simplesmente se libertar, conforme se pode depreender do clima<br />

psicossocial, do imaginário, que caracterizara a perspectiva <strong>da</strong>queles que<br />

migraram no período áureo do ‘ciclo <strong>da</strong> borracha’. Não, agora já se tinha<br />

nacionalmente forjado uma nova imagem de que ali ‘no Amazonas’ se<br />

vivia numa ver<strong>da</strong>deira selva, no sentido de relações humanas brutais que é<br />

o que lhe empresta Alberto Rangel; que o seringueiro era profun<strong>da</strong>mente<br />

explorado, que Euclides <strong>da</strong> Cunha se encarregara de emprestar todo o seu<br />

fervor adjetivo, que lhe valera uma réplica dura de Plácido de Castro.<br />

Enfim, já não migrava para ‘o Amazonas’ sob o patrocínio de um patrão<br />

desde o início, mas sob o patrocínio do governo. Migrava­se como uma<br />

nova espécie de ‘voluntário <strong>da</strong> pátria’ a serviço dos patrões nos seringais,<br />

posto que eram ‘sol<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> borracha’, antes de tudo e sobretudo.<br />

Fin<strong>da</strong> a guerra, os seringalistas se vêem empenhados de novo numa<br />

velha batalha: garantir apoio governamental às suas pretensões.<br />

Esse contexto do pós­guerra que, de certa forma só se extinguiria na<br />

Amazônia entre os anos de 1958 e 1967, pode ser caracterizado como o<br />

período áureo do que estamos chamando de Ter ritor iali<strong>da</strong>de dos<br />

Cor onéis de Barr anco.<br />

Aproximemo­nos dos próprios protagonistas e deixemos que eles<br />

mesmos falem de sua visão, de suas práticas. Pode­se ler, por exemplo, ns<br />

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