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11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

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os seringueiros são uma classe em extinção eles que, já o vimos,<br />

também tinham sido extintos com a crise <strong>da</strong> Territoriali<strong>da</strong>de dos<br />

Seringalistas a partir de 1912.<br />

Assim, mais uma vez, os seringueiros são vítimas, não são capazes de<br />

se afirmarem, eles que<br />

‘não se achavam preparados para substituir um<br />

patrão de carne e osso por uma impessoal<br />

agência governamental. Além do mais, tais<br />

agências não possuíam dias santos, nem<br />

promoviam as festas e bailes domingueiros nos<br />

quais os seringueiros <strong>da</strong>vam vasão a alguma<br />

vi<strong>da</strong> social’<br />

e que necessitam<br />

‘na ver<strong>da</strong>de é de alimentos e remédios que o<br />

mantenham vivo e do álcool para livrá­lo do<br />

desespero. Que diferença faz para ele se o<br />

mesmo se levanta <strong>da</strong> rede e não pode saciar<br />

sua fome’.<br />

Enfim, no fundo, a partir dessa perspectiva, o que necessitam é do<br />

‘seringalista­comerciante e a segurança que<br />

ele, de qualquer maneira, representava.’<br />

O depoimento de Alberto Zaire nos esclarece o papel do Banco <strong>da</strong><br />

Amazônia na manutenção dos preços <strong>da</strong> borracha ‘e no equilíbrio<br />

quase perfeito’ porque passava o país nesse período ­ 1946 a 1970 ­<br />

que considera o melhor <strong>da</strong> festa de Xapuri que, não sem razão, coincide<br />

com o período em que as classes dominantes regionais amazônicas<br />

lograram melhores articulações políticas como parte do bloco de poder<br />

nacional em to<strong>da</strong> a história <strong>da</strong> Amazônia e que, por isso, para este autor<br />

emprestou­lhe aquele ‘cunho de grandeza’.<br />

Alberto Zaire mostra­nos, também, uma refina<strong>da</strong> percepção <strong>da</strong><br />

presença <strong>da</strong> indústria automobilística e de pneumáticos em território<br />

brasileiro. A princípio suas observações poderiam ser assimila<strong>da</strong>s a uma<br />

ideologia de caráter nacionalista que, se faz presente no imaginário dos<br />

acreanos tanto dos ‘de cima’ como dos ‘de baixo’. Ora, o período áureo<br />

<strong>da</strong> Territoriali<strong>da</strong>de dos Coronéis de Barranco coincide com o período<br />

nacional­desenvolvimentista que, sabemos, fora mais nacionalista até 1954<br />

e mais desenvolvimentista depois de 1956. A chama<strong>da</strong> ‘classe produtora<br />

de borracha’, que excluía o seringueiro, conseguiu, num primeiro<br />

momento, fazer nacional os seus interesses específicos.<br />

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