15.04.2013 Views

11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Aqui, sem dúvi<strong>da</strong>, o caráter ditatorial do regime político deitou por<br />

terra uma política que havia sido forja<strong>da</strong> por meio de um pacto político<br />

negociado nas Conferências Nacionais <strong>da</strong> Borracha de 1946, 1948 e 1949.<br />

Ali, já foi visto, a democracia ain<strong>da</strong> não chegara aos de baixo posto que o<br />

único sujeito social ausente foram os agricultore(a)s­seringueiro(a)s,<br />

fossem indígenas ou caboclos ou descendentes de nordestinos.<br />

Na nova geografia política do poder nacional que começa a se<br />

delinear após 1964, sobretudo após a extinção do Banco de Crédito <strong>da</strong><br />

Amazônia em 1967, não é mais aliando­se com o velho ‘bloco histórico’<br />

(Gramsci) regional, constituído pelos comerciantes, e suas casas<br />

aviadoras, e com os ‘coronéis de barranco’, que o bloco histórico nacional<br />

manterá relações, mas sim com os grandes capitais de fora <strong>da</strong> região,<br />

internacionais ou do Sul do país, para o que o Estado abrirá o seu caixa<br />

através de isenções fiscais e outros subsídios com explícito aval <strong>da</strong>s<br />

agências multilaterais de fomento ao desenvolvimento por meio de aportes<br />

político­financeiros 22 . Temos assim novas articulações entre os de fora e<br />

os de dentro, entre o local, o regional, o nacional e o internacional. São<br />

outros os degraus através dos quais se faz a hierarquia de poder, enfim, as<br />

escalas.<br />

Essa história dos incentivos fiscais e dos grandes projetos para a<br />

Amazônia já foi por demais bem conta<strong>da</strong> para que dela aqui nos<br />

ocupemos. To<strong>da</strong>via, sem dúvi<strong>da</strong>, pouco desse processo foi analisado de<br />

um ponto de vista <strong>da</strong> Amazônia Ocidental, particularmente do Acre e,<br />

entre os dessa/<strong>da</strong>quela região, os ‘de baixo’. Daí a surpresa com que se<br />

encarou a emergência de um vigoroso movimento de resistência dos<br />

seringueiros autônomos <strong>da</strong> região do Acre­Purus tão bem representados<br />

nas figuras de Wilson Pinheiro e Chico Mendes.<br />

Como já havíamos ressaltado, estávamos diante de territoriali<strong>da</strong>des<br />

que abrigavam em seu seio um movimento contraditório entre,os<br />

seringalistas e o(a)s agricultore(a)s­seringueiro(a)s. De fato, um dos<br />

lados dessa contradição, o dos Coronéis de Barranco, só se sustentou,<br />

22 ­ Assinalemos, de passagem, que a construção de obras, mais tarde acusa<strong>da</strong>s de megalômanas,<br />

foram to<strong>da</strong>s apoia<strong>da</strong>s por Bancos privados estrangeiros e agências multilaterais, como o BIRD e o<br />

BID, por exemplo. Destaque­se que obras como as hidrelétricas de Balbina e Tucuruí, assim como a<br />

Transamazônica e as BRs, com destaque para a BR­364 que liga Cuiabá a Porto Velho ­ Rio Branco,<br />

foram to<strong>da</strong>s <strong>da</strong> lavra de governos ditatoriais, portanto, sem o aval democrático <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira<br />

que, no entanto, continuaria tendo que sal<strong>da</strong>r os <strong>da</strong>nos não só ecológicos, mas também financeiros de<br />

uma dívi<strong>da</strong> externa que continua transferindo recursos para os bancos que foram os avalistas desses<br />

prejuízos.<br />

253

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!