11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta
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páginas 10 e <strong>11</strong> do documento, A borracha e os seus problemas<br />
correlatos, levado pela delegação acreana à 3 a Conferência Econômica <strong>da</strong><br />
Amazônia, realiza<strong>da</strong> em 1949, a seguinte passagem altamente<br />
esclarecedora: ‘a célula de nossa economia é o seringal,<br />
onde a dispersão demográfica ocorre como<br />
consequência <strong>da</strong> dispersão florística <strong>da</strong> Hevea<br />
brasiliensis. A não ser o pequeno número de<br />
trabalhadores nucleados nas imediações <strong>da</strong>s<br />
sedes dos seringais, a maior parte <strong>da</strong> massa<br />
operária se dispersa, vivendo as famílias dos<br />
seringueiros distanciados, entre si, de 3 a 6<br />
quilômetros e afasta<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s margens dos rios<br />
navegáveis, que são as vias naturais de<br />
comunicação, de 3 a 100 quilômetros, na<br />
grande maioria dos casos. Por este motivo<br />
tornase impossível manter a assistência<br />
social e técnica eficiente, efetiva e direta,<br />
ao seringueiro, na produção de utili<strong>da</strong>des de<br />
autoconsumo. Este auxílio terá de efetuarse<br />
por intermédio dos seringalistas, embora sob<br />
bases de fomento oriun<strong>da</strong>s dos poderes<br />
públicos, com o fornecimento de sementes<br />
seleciona<strong>da</strong>s, beneficiadoras manuais de arroz<br />
e milho e pequenos equipamentos para fabrico<br />
de farinha de mandioca e açúcar mascavo,<br />
rapaduras, mel, etc.’ (Os grifos são meus).<br />
O texto parece ter sido feito sob encomen<strong>da</strong> de Vitor Nunes Leal,<br />
tal sua semelhança com a caracterização que este doublèe de jurista e<br />
sociólogo faz do coronelismo.<br />
Aqui a condição de seringalista deriva <strong>da</strong> natural dispersão <strong>da</strong>s<br />
espécies de Hevea que condiciona a dispersão dos seringueiros e de sua<br />
distância <strong>da</strong>s vias naturais de comunicação, os rios, que fazem do<br />
seringal a célula de nossa economia. Ora, to<strong>da</strong> a crise que se abatera<br />
sobre os seringalistas, desde 1912 tornara praticamente impossível a esses<br />
mesmos seringalistas manter to<strong>da</strong> a base logística que lhes permitia<br />
organizar o espaço do seringal. Já foi visto como eles tiveram mesmo que<br />
se adequar às novas circunstâncias onde o sentido de autonomia dos<br />
seringueiros se constituía na condição de existência <strong>da</strong> extração <strong>da</strong><br />
borracha, dos seringueiros e dos próprios patrões. Assim, a colocação<br />
passara a se constituir o outro pólo em torno do qual se organizava a<br />
socie<strong>da</strong>de acreana. Insistimos que a prática <strong>da</strong> agricultura foi uma<br />
iniciativa <strong>da</strong>s famílias de extratores, assim como o saber <strong>da</strong>s populações<br />
indígenas e caboclas estava subjacente às práticas a partir de então ca<strong>da</strong><br />
vez mais presentes.<br />
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