11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta
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Mais uma vez não é possível explorarmos to<strong>da</strong> a riqueza desse<br />
depoimento sem localizarmos seu autor. Castelo Branco foi um membro<br />
<strong>da</strong> burocracia do Estado nomeado pelo Rio de Janeiro e que exerceu as<br />
funções de interventor e juiz federal no Departamento do Alto Juruá. Seu<br />
depoimento revela tanto uma aproximação quanto um afastamento <strong>da</strong>s<br />
oligarquias seringalistas. De um lado acentua que Sena Madureira e<br />
Cruzeiro do Sul superavam ‘em tudo’ Rio Branco até 1920, cujo<br />
progresso, aliás, ‘muito lento’, só se dera tardiamente já após a segun<strong>da</strong><br />
Guerra.<br />
O depoimento de Castelo Branco não deve ser visto como algo que<br />
por sua objetivi<strong>da</strong>de nos esclarece a reali<strong>da</strong>de socioespacial sob análise,<br />
mas, sobretudo, como um protagonista <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de/do espaço acreano.<br />
Sob esse prisma veremos que ele deixa nos escapar o malestar causado<br />
entre as oligarquias dos outros vales, que não o do rio Acre, ou seja, entre<br />
os seringalistas do próprio Purus (Sena Madureira), do Envira (Feijó) e do<br />
Juruá (Cruzeiro do Sul) pela centralização administrativa em Rio Branco o<br />
que ensejou, também, a criação de um Partido Autonomista do Alto Juruá.<br />
Castelo Branco atribui ao ‘esforço, repartições e aparato<br />
governamentais’ (...) ‘o impulso’ (...) ‘que tomaram’ Cruzeiro<br />
do Sul e Feijó que ‘foram instala<strong>da</strong>s em seringais, em<br />
cujo local, só havia um barracão senhorial e algumas<br />
barracas’ posto que ‘a influência <strong>da</strong> goma elástica<br />
passava ao largo, no bojo <strong>da</strong>s embarcações que ali tocavam<br />
para o despacho oficial, deixar mercadorias outras e<br />
passageiros’.<br />
Tudo indica, como já salientamos, que a escolha de Rio Branco<br />
como capital do Território Federal a partir e 1920 fora motiva<strong>da</strong> por<br />
razões econômicas posto que à proporção que decaíam os preços <strong>da</strong><br />
borracha mais forte se tornara a migração em direção ao vale do Acre,<br />
durante os anos que, imediatamente, se seguiram à crise nas exportações.<br />
Assim, o argumento de Castelo Branco para o impulso de Feijó e Cruzeiro<br />
do Sul mostrarseá mais válido ain<strong>da</strong> para Rio Branco exatamente pela<br />
presença de todo o aparato políticoadministrativo do governo (do<br />
Território) federal. E, mais, seu depoimento nos permite captar uma<br />
dimensão geográfica extremamente importante posto que se antes<br />
‘a influência <strong>da</strong> goma elástica passava ao<br />
largo no bojo <strong>da</strong>s embarcações que ali tocavam<br />
para o despacho oficial, deixar mercadorias<br />
outras e passageiros’, a partir <strong>da</strong> crise que<br />
por fim viria atingir também o ‘rio <strong>da</strong><br />
borracha’, sobretudo a partir dos anos vinte,<br />
‘o intercâmbio com os seringais veio depois<br />
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