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11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

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Guanabara, poderiam conter um número bem maior<br />

de seringueiros’ (Guerra, op.cit. : 201).<br />

Ouçamos, enfim, as palavras de um importante protagonista <strong>da</strong><br />

Territoriali<strong>da</strong>de dos Coronéis de Barranco, o Sr. Alberto Zaire. Assim<br />

como Teixeira Guerra, Leandro Tocantins e Samuel Benchimol, Zaire é<br />

um intelectual, um historiador, que viveu e protagonizou as relações<br />

sociais que analisa. Ouçamo­lo através de uma entrevista concedi<strong>da</strong> em<br />

1981 a pretexto de uma reportagem feita por Josué Fernandes de Souza a<br />

respeito <strong>da</strong> festa de São Sebastião em Xapuri (Souza, 1981). Este<br />

depoimento nos aju<strong>da</strong> a entender a trajetória <strong>da</strong> Territoriali<strong>da</strong>de dos<br />

Coronéis de Barranco tal como percebi<strong>da</strong> por esse atento protagonista.<br />

‘Josué Fernades de Souza ­ J.F.S ­ Desde quando o<br />

senhor testemunha a festa de Xapuri ?<br />

A. Zaire ­ Desde 1925. Com a i<strong>da</strong>de de sete<br />

anos, quando eu já tinha consciência, eu<br />

acompanhava empolgado aquelas festas, aquelas<br />

promessas. E outro fator é que a natureza<br />

hoje está castigando o Acre, se não bastasse<br />

a criminosa atitude de desativar os seringais<br />

mesmo primários, um crime praticado não<br />

contra Xapuri, mas ao Acre todo, tornando uma<br />

<strong>da</strong>s classes mais respeita<strong>da</strong>s, que era a dos<br />

seringueiros, em extinção.<br />

J.F.S. ­ Quem praticou esse crime?<br />

A. Zaire ­ Quem praticou, lamentavelmente, foi<br />

o governo brasileiro, a pedido ou por<br />

insinuação ou sugestão do americano, que<br />

tinha para abastecer suas fábricas de pneus,<br />

em São Paulo, a fonte produtora que lhes era<br />

de proprie<strong>da</strong>de sua no Ceilão, lá no Oriente.<br />

Eles pensavam que aquilo não terminava nunca<br />

mais. Então, primeiramente, eles montaram as<br />

fábricas de pneus, depois desenvolveram as<br />

fábricas de automóveis, tudo fizeram para<br />

acabar com dois fatores altamente econômicos<br />

e que traziam as melhores vantagens sob o<br />

aspecto financeiro para o país: acabaram com<br />

as estra<strong>da</strong>s de ferro, mostrando através de<br />

<strong>da</strong>dos mentirosos que elas seriam<br />

impraticáveis, antieconômicas, quando a<br />

própria América do Norte e a Rússia possuem a<br />

maior quilometragem de estra<strong>da</strong>s de ferro no<br />

mundo, prova que o meio de transporte mais<br />

barato ain<strong>da</strong> é a estra<strong>da</strong> de ferro.<br />

Segundo,desativaram a principal economia <strong>da</strong><br />

região, que <strong>da</strong>va para o Brasil quase dois<br />

terços <strong>da</strong> melhor borracha do mundo. Hoje, o<br />

Acre é um pedinte. O que os governos passam<br />

aqui, em termos de dificul<strong>da</strong>des, é uma<br />

decorrência, uma conseqüência desse crime<br />

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