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11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

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‘o freguês quando vem ao barracão, toma<br />

intimi<strong>da</strong>de com o patrão. Come na sua mesa.<br />

Toma parte nas suas festas. O patrão, nas<br />

suas festas, tem como dever <strong>da</strong>nçar com suas<br />

mulheres e divertir­se com eles. É compadre<br />

nos batizados de seus filhos e padrinho nos<br />

seus casamentos’ (Benchimol, op. cit.: 179). Os<br />

grifos são meus.<br />

Na postulação que os seringalistas fazem de intermediação dos<br />

recursos públicos há uma clara tentativa de deslocar uma vinculação,<br />

presente na socie<strong>da</strong>de acreana, entre as autori<strong>da</strong>des federais e os próprios<br />

seringueiros. Com ela temos uma atualização de uma <strong>da</strong>s clivagens<br />

tradicionais que atravessam a socie<strong>da</strong>de amazônica onde a legitimi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

colonização estaria na afirmação <strong>da</strong> agri­cultura contra o extrativismo,<br />

enfim na afirmação <strong>da</strong> cultura contra a natureza. Assim, na condenação<br />

do extrativismo vai junto a condenação <strong>da</strong>queles que são os seus<br />

protagonistas.<br />

Uma dessas importantes autori<strong>da</strong>des envia<strong>da</strong>s ao Acre, Dr. João<br />

Kubitschek de Figueiredo, como bom gestor do Estado, elabora o<br />

‘Planejamento Geral para a Solução dos Problemas Acreanos’, onde deixa<br />

escapar a seguinte caracterização:<br />

‘O latifúndio tem sido e continua a ser um<br />

dos grandes males do nosso país,<br />

principalmente aqui na Amazônia, onde assume<br />

proporções alarmantes, se nos detivermos em<br />

análise objetiva nesse setor, tão vastos são<br />

os domínios de um só dono, terras e terras,<br />

ver<strong>da</strong>deiros feudos medievais, improdutivas<br />

porque ‘in natura’, apenas explora<strong>da</strong>s pelo<br />

extrativismo desordenado e prejudicial à flora<br />

e à fauna (sic)’.<br />

(...) Necessitamos de um remédio oficial para<br />

sanar esse mal e, assim, povoarmos a Amazônia,<br />

transformando os enormes tratos individuais,<br />

através de desapropriações justas, em pequenas<br />

proprie<strong>da</strong>des, sob legislação agrária que,<br />

nesta altura, é motivo de estudos para solução<br />

definitiva, por parte do senhor Presidente <strong>da</strong><br />

República, mol<strong>da</strong><strong>da</strong> em princípios mais humanos,<br />

sob as bases de um cristianismo social e<br />

a<strong>da</strong>ptado à vi<strong>da</strong> moderna, barreira que urge<br />

seja reforça<strong>da</strong> como defesa <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de à<br />

avalanche do mal’ 10 .<br />

10 In: Guerra, op. cit. P. 172.<br />

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