11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

No entanto, no Acre, com certeza, esses protagonistas que encimam
as relações de caráter coronelístico foram algo mais que
‘o posto (que) era geralmente concedido ao
Chefe político da comuna’ (...) pelo qual ‘ele
e os outros oficiais, uma vez inteirados das
suas respectivas nomeações, tratavam logo de
obter as patentes, pagando­lhes os emolumentos
e averbações, para que pudessem elas produzir
seus efeitos legais’ (Magalhães, apud Leal, 1975
p.21).
As patentes no Acre tiveram tanto aquele caráter ‘dado pelos
sertanejos a todo e qualquer potentado’, de que nos falara o
historiador e filólogo Basílio de Magalhães (apud Leal, p. 19) , como
aquele sentido que o Barão do Rio Branco tinha afirmado a respeito da
Guarda Nacional que prestara
‘relevantíssimos serviços à ordem pública e
foi um grande auxiliar do exército de linha
nas nossas guerras estrangeiras, de 1851 a 1852 e
de 1864 a 1870’ (Rio Branco, apud Leal, 1975, p.21).
O caráter capitalista, com seu dinamismo empresarial característico,
da montagem dos seringais acreanos, exigia, com certeza, uma habilidade
maior para os negócios da empresa do que para os negócios da política.
Os políticos amazonenses sabem o que isso significa. O Seringal Empresa
é o que caracteriza a Territorialidade Seringalista. Sabemos como o
Seringal Empresa foi sendo transformado em Penápolis e, depois, em
‘Rio Branco’ e, nesse mesmo movimento transformando­se em uma
Territorialidade mais complexa e contraditória de Seringueiros Autônomos
e de Coronéis de Barranco.
Tal como dissera George, 1971,, em seu Geografia social do
mundo que ‘na França o capitalismo penetrou em toda parte
mas o feudalismo não saiu de parte alguma’, também no Acre o
componente coronelístico esteve longe de ser algo que se contrapusesse
ao caráter de empresa. O que se pode afirmar é que à medida que os
negócios da borracha entravam em crise mais o caráter coronelístico
tendia a substituí­lo fato que, segundo Vitor Nunes Leal, é constituinte
dessas relações, como será visto. Assim, os negócios da política
tornavam­se mais importantes que os negócios da empresa.
Só com o decorrer de nossa pesquisa é que fui sendo, pouco a
pouco, convencido de que mudara a natureza das relações socioespaciais,
225