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11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

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posto que os ‘de cima’ continuaram sendo chamados de patr ões ou de<br />

seringalistas, expressões que já haviam se consagrado. 2<br />

No entanto, se patr ão é uma designação que se pode observar<br />

atravessando os diferentes espaços acreanos ao longo do tempo, há um<br />

sutil deslocamento que põe o acento no Coronel e não mais no<br />

Capitalista.<br />

Mais uma vez será na companhia de Samuel Benchimol que serão<br />

encontra<strong>da</strong>s as razões para entender as relações sociais que estão a ser<br />

engendra<strong>da</strong>s e assumir o caráter coronelístico como um componente<br />

central que passa a configurar as contraditórias territoriali<strong>da</strong>des que<br />

marcam a geografia acreana. Foi ele quem apresentou o documento<br />

elaborado pelos ‘Coronéis de Barranco’ que, reunidos em Manaus,<br />

deliberaram apresentar um memorial­apelo ao Presidente Vargas em 21<br />

de agosto de 1939. Foi esse ensaísta, ele mesmo protagonista <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de­espaço que se põe a estu<strong>da</strong>r, quem destacou:<br />

‘os seringalistas arruinados foram promovidos<br />

pelos políticos a ‘Coronel de Barranco’.<br />

(...) ‘O papel que os ‘Coronéis de Barranco’,<br />

donos dos seringais, representaram nessa<br />

época tem sido explorado em prosa e em verso 3<br />

...” (Benchimol, op. cit. 1977: 349).<br />

As observações de Samuel Benchimol sobre os Coronéis de<br />

Barranco acabaram por remeter a Vitor Nunes Leal que, sem dúvi<strong>da</strong>,<br />

identificou no coronelismo um dos traços instituintes <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

brasileira, mormente após a independência. Em seu clássico livro<br />

Coronelismo, enxa<strong>da</strong> e voto, Leal soube captar na linguagem ordinária do<br />

dia­a­dia as práticas que engendram aquelas relações sociais e elevou o<br />

coronelismo à categoria de um conceito de alto poder explicativo <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de brasileira que está longe de ter sido esgotado 4 .<br />

Acompanhem esse olhar de Vitor Nunes Leal que afirma que no<br />

coronelismo:<br />

2<br />

­ De fato, ‘patrão é aplicado tanto ao proprietário quanto ao arren<strong>da</strong>tário ou gerente do seringal. Seu<br />

significado está referido ao exercício do poder e <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de. Patrão é aquele que estabelece as leis,<br />

faz com que sejam cumpri<strong>da</strong>s, tem poder sobre a vi<strong>da</strong> de seus fregueses’ (Allegretti op. cit. 43).<br />

3<br />

­ Não há como não deixar de ver aqui nessa expressão de Samuel Benchimol a presença do excelente<br />

romance de Araújo Lima ‘O Coronel de Barranco’.<br />

4<br />

­ A seguinte passagem chega a ser premonitória e não resisto a citá­la: “Novas condições...forçaram<br />

o velho tipo de chefe municipal a uma retira<strong>da</strong> estratégica: o coronel foi para o fundo do cenário. Mas,<br />

cautelosamente, deixou no primeiro plano, na direção <strong>da</strong> política de seu feudo, o genro­doutor, a<br />

facha<strong>da</strong> moderna do coronelismo como força política’ (Emil Farhat. O genro, o grande culpado.<br />

apud Leal, p.22. Os grifos são meus).<br />

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