11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta
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‘Aqui 5 tivemos numerosas categorias de chefes<br />
políticos. Desde logo, dividiamse eles em<br />
coronéis e doutores. Muitas vezes existindo<br />
isolados; o coronel dominando de sua fazen<strong>da</strong> e<br />
congregando outros fazendeiros, com influência<br />
na ci<strong>da</strong>de porque deles dependiam o comércio<br />
como fornecedor, advogados e médicos para<br />
garantia <strong>da</strong> clientela, funcionários que eles<br />
podiam nomear e demitir arbitrariamente,<br />
outras ativi<strong>da</strong>des por idênticos motivos; o<br />
doutor, mais pelo poder <strong>da</strong> inteligência e <strong>da</strong><br />
cultura, pelo prestígio <strong>da</strong> palavra ou por<br />
serviços prestados na advocacia e na medicina<br />
às famílias ricas ou às massas pobres. Muitas<br />
vezes em simbiose: o coronel entrava com a<br />
influência pessoal ou do clã, com o dinheiro e<br />
a tradição; o doutor, a ele aliado, com o<br />
manejo <strong>da</strong> máquina ...”<br />
No Acre, e aqui é possível admitirse especialmente em Rio Branco,<br />
a influência dos seringalistas adquire uma importância política maior pelo<br />
significado que tem a borracha nesse contexto. Se, de um lado, o governo<br />
federal, ou melhor, o seu segmento <strong>da</strong> burocracia civil e militar, apostou<br />
em Rio Branco para colocar todo o seu aparato burocráticoadministrativo<br />
na expectativa de que a borracha lhes garantiria os recursos necessários à<br />
afirmação política desse estamento <strong>da</strong> burocracia estatal que, sem dúvi<strong>da</strong>,<br />
o Acre emprestara para consoli<strong>da</strong>r esse segmento no bloco de poder<br />
nacional; De outro lado, o seringalista que, agora, não depende mais<br />
exclusivamente <strong>da</strong>s Casas Aviadoras de Manaus e Belém que, como<br />
destacara o próprio Castelo Branco, perderam a sua influência, se verá<br />
tendo que manejar o jogo político para obter os recursos de que necessita.<br />
Em 1928, é aberta a primeira agência bancária do Acre, em Rio<br />
Branco. E não é uma agência de um banco qualquer, mas do Banco do<br />
Brasil com implicações que, de muito, transcendem a dimensão<br />
econômica, pois como destacara Vitor Nunes Leal,<br />
5 O autor referese a São Paulo.<br />
6 Aqui no Acre o seringalista.<br />
‘no meio rural, é o proprietário de<br />
6<br />
terra ou de gado quem tem meios de<br />
obter financiamentos. Para isso muito<br />
concorre seu prestígio político, pelas<br />
notórias ligações dos nossos bancos’. (Os<br />
grifos são meus.)<br />
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