15.04.2013 Views

11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

11 DOS CORONÉIS DE BARRANCO - Biblioteca da Floresta

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Entretanto, a indústria automobilística que se implanta no país,<br />

mormente após 1956, tráz para o interior do país os mesmos sujeitos que<br />

antes, de fora, se constituíam nos principais compradores de borracha, isto<br />

é, as grandes indústrias de pneumáticos e automobilísticas alemãs,<br />

inglesas, norte­americanas e italianas.<br />

Desta forma, os parâmetros de (seus) custos de produção mundiais<br />

são internalizados no país por empresas que, a essa altura, já tinham sob<br />

seu controle a produção <strong>da</strong> borracha sintética, além dos seringais de<br />

cultivo <strong>da</strong> Ásia. Como havia dito Alberto Zaire<br />

‘tinha para abastecer suas fábricas de pneus,<br />

em São Paulo, a fonte produtora que lhes era<br />

de proprie<strong>da</strong>de sua no Ceilão, lá no<br />

Oriente.(...). Então, primeiramente, eles<br />

montaram as fábricas de pneus, depois<br />

desenvolveram as fábricas de automóveis ...’<br />

Nesses marcos de internalização do mercado mundial <strong>da</strong> borracha, o<br />

que é mais do que uma característica meramente econômica, posto que<br />

implica novos pactos políticos entre os ‘de dentro’ e os ‘de fora’, as<br />

vantagens políticas ofereci<strong>da</strong>s às indústrias internacionais automobilísticas<br />

e de pneumáticos, sobretudo após 1958, desloca a Amazônia e o Acre, em<br />

particular, para uma posição marginal e periférica 14 . Mais uma vez, como<br />

se a economia pudesse ser abstraí<strong>da</strong> do contexto sociopolítico, a<br />

marginalização do Acre volta a ser atribuí<strong>da</strong> aos velhos argumentos,<br />

sempre atualizados, de atraso do extrativismo e <strong>da</strong>s suas elites .<br />

De fato há um quê de ver<strong>da</strong>de se pensamos o Acre nos marcos de<br />

uma lógica econômica restrita e que explica a sua marginalização. Como já<br />

nos ensinara Leo Waibel 15 , nas pega<strong>da</strong>s de von Thünen, as margens de<br />

lucro são menores naquelas áreas mais afasta<strong>da</strong>s do mercado. E, comofoi<br />

visto, o Acre, a Amazônia sul ocidental, ficara, até a segun<strong>da</strong> metade do<br />

século XIX, à margem até mesmo do processo colonial. De fato, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as<br />

posições geográficas <strong>da</strong>s regiões de maior densi<strong>da</strong>de econômica, o Acre<br />

teria, para ser competitivo, como quer a lógica econômica estrita, que ter<br />

um nível de produtivi<strong>da</strong>de maior que as outras regiões para compensar os<br />

custos de transporte. Ou, ao contrário, explorar os seus recursos naturais,<br />

tal como se apresentam, encontrando nichos de mercado, como foi o caso<br />

<strong>da</strong> borracha, ou <strong>da</strong>s drogas do sertão, do ouro e diamante, ou fazer<br />

exploração pre<strong>da</strong>tória dos seus recursos naturais que, no entanto, é<br />

14 ­ O Acre passa a ser a principal uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> federação produtora de látex.<br />

15 ­ Waibel, L. Capítulos de geografia tropical e do Brasil. Rio de Janeiro: CNG/IBGE, 1956.<br />

249

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!