Curso Intensivo de Pós-Graduação em Administração - ECG / TCE-RJ
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2 CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO BRASIL – BREVE HISTÓRICO<br />
2.1 O período colonial<br />
O período <strong>de</strong> três séculos <strong>de</strong> colonização portuguesa não propiciou a formação <strong>de</strong> uma<br />
socieda<strong>de</strong> cidadã, pois a escravidão e a gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> não constituíram ambiente<br />
favorável à formação <strong>de</strong> futuros cidadãos. Os escravos não tinham os direitos civis básicos à<br />
integrida<strong>de</strong> física, à liberda<strong>de</strong>, à própria vida. Entre os escravos e senhores existia uma<br />
população legalmente livre, mas a que faltavam quase todas as condições para o exercício dos<br />
direitos civis, sobretudo a educação. Por outro lado, não se po<strong>de</strong> dizer que os senhores foss<strong>em</strong><br />
cidadãos, pois apesar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> livres e ter<strong>em</strong> o direito <strong>de</strong> votar e ser<strong>em</strong> votados nas eleições<br />
municipais, faltava-lhes o sentido <strong>de</strong> cidadania, a noção <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos perante a lei.<br />
Eram simples potentados que absorviam parte das funções do Estado, sobretudo as funções<br />
judiciárias.<br />
Os direitos civis beneficiavam a poucos, os direitos políticos a pouquíssimos, dos direitos<br />
sociais ainda não se falava. A assistência social estava a cargo da Igreja e <strong>de</strong> particulares.<br />
Outro aspecto da administração colonial portuguesa que dificultava o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
uma consciência <strong>de</strong> direitos era o <strong>de</strong>scaso pela educação primária. “(...) <strong>em</strong> 1872, meio século<br />
após a in<strong>de</strong>pendência, apenas 16% da população era alfabetizada” (CARVALHO, 2004,<br />
p.23).<br />
Quanto à educação superior, <strong>em</strong> contraste com a Espanha, Portugal nunca permitiu a criação<br />
<strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> sua colônia. As escolas superiores só foram admitidas após a chegada da<br />
corte, <strong>em</strong> 1808. Os brasileiros que quisess<strong>em</strong>, e pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong>, ir para Universida<strong>de</strong> tinham que ir<br />
para Portugal, sobretudo a Coimbra.<br />
As características <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong> colonial teve como conseqüência uma “apatia” social<br />
sendo raras as manifestações cívicas durante aquele período. Excetuadas as revoltas escravas,<br />
das quais a mais importante foi a <strong>de</strong> Palmares, quase todas as outras foram conflitos entre<br />
setores dominantes ou reações <strong>de</strong> brasileiros contra o domínio colonial.<br />
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