Curso Intensivo de Pós-Graduação em Administração - ECG / TCE-RJ
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Indo além na relação entre saberes e a educação, Saviani (2000) cita que a educação escolar<br />
<strong>de</strong>ve centrar sua ação nos saberes sist<strong>em</strong>atizados na socieda<strong>de</strong>, ou seja, na ciência, e que a<br />
escola <strong>de</strong>ve ser responsável pela transmissão-assimilação <strong>de</strong>sses conhecimentos. Este é o fim<br />
a atingir, é aí que cabe encontrar a fonte natural para elaborar os métodos e as formas <strong>de</strong><br />
organização do conjunto das ativida<strong>de</strong>s da escola, isto é, o currículo.<br />
A escola é uma instituição cujo papel consiste na socialização do saber sist<strong>em</strong>atizado [...] A<br />
escola diz respeito ao conhecimento elaborado e não ao saber fragmentado; à cultura erudita e<br />
não à cultura popular [...] A escola existe, pois, para propiciar a aquisição dos instrumentos<br />
que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciência), b<strong>em</strong> como o próprio acesso aos<br />
rudimentos <strong>de</strong>sse saber. (SAVIANI, 2000, p.18-19)<br />
O objetivo <strong>de</strong>ste processo <strong>de</strong> transmissão-assimilação, segundo o autor, não é a repetição,<br />
mas, justamente o contrário, é libertar. Mas a liberda<strong>de</strong> não se conquista s<strong>em</strong> esforço, s<strong>em</strong> o<br />
fortalecimento da internalização dos saberes, que constitu<strong>em</strong> a base sobre a qual a liberda<strong>de</strong><br />
se efetivará. Basta observarmos vários níveis e processos <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> baseados no<br />
esforço repetitivo, como na música, por ex<strong>em</strong>plo.<br />
Um músico, para adquirir a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar, precisa passar por um período (longo aliás) <strong>em</strong><br />
que se exercitará no instrumento repetidamente até que possa incorporar o instrumento como<br />
sua “segunda natureza”, ou seja, dominá-lo a tal ponto <strong>em</strong> que o instrumento já não seja<br />
segredo para ele, mas, ao contrário, seja uma extensão <strong>de</strong> seu próprio corpo e conhecimento.<br />
O mesmo acontece com o aprendizado para motorista. Antes <strong>de</strong> chegar a ser um bom<br />
motorista o aprendiz precisa passar pelo estágio <strong>em</strong> que os movimentos são medidos e<br />
sincronizados repetidamente, até que o motorista possa, enfim, dirigir s<strong>em</strong> se per<strong>de</strong>r <strong>em</strong><br />
pensamentos sobre a seqüência a ser feita no trânsito.<br />
A libertação só se dá porque tais aspectos foram apropriados, dominados e internalizados,<br />
passando, <strong>em</strong> conseqüência, a operar no interior <strong>de</strong> nossa própria estrutura orgânica. Po<strong>de</strong>r-se-<br />
ia dizer que o que ocorre, nesse caso, é uma superação no sentido dialético da palavra. Os<br />
aspectos mecânicos foram negados por incorporação e não por exclusão. Foram superados<br />
porque negados enquanto el<strong>em</strong>entos externos e afirmados como el<strong>em</strong>entos internos.<br />
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