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Curso Intensivo de Pós-Graduação em Administração - ECG / TCE-RJ

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Ao analisar a socieda<strong>de</strong> capitalista enten<strong>de</strong>u que o hom<strong>em</strong> explorado, s<strong>em</strong> direito à justiça,<br />

acaba per<strong>de</strong>ndo a sua vocação natural, que é a sua humanização, e essa perda, ainda que<br />

constitua fato concreto na história, não é <strong>de</strong>stino, mas resultado <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m injusta que<br />

gera a violência. Outro traço constatado por Freire, é a reprodução das mesmas condições que<br />

sofreram, isto é, os que sofreram <strong>em</strong> algum momento <strong>de</strong> sua experiência existencial acabam<br />

reproduzindo o mesmo sofrimento. Assim, se o trabalhador rural, por ex<strong>em</strong>plo, quer a reforma<br />

agrária não é para se libertar, mas para passar a ter terra, e com esta, tornar-se proprietário ou<br />

patrão <strong>de</strong> novos <strong>em</strong>pregados.<br />

Há também uma irresistível atração pelo mesmo padrão <strong>de</strong> vida da elite. Participar <strong>de</strong>stes<br />

padrões constitui uma incontida aspiração. Na sua alienação os explorados quer<strong>em</strong>, a todo<br />

custo, parecer com o opressor. Imitá-lo. Esse comportamento verifica-se, sobretudo, na classe<br />

média, cujo anseio é ser<strong>em</strong> iguais à elite.<br />

Assim, nas socieda<strong>de</strong>s cuja dinâmica estrutural conduz à dominação <strong>de</strong> consciência, a<br />

pedagogia dominante é a pedagogia das classes dominantes. A pedagogia <strong>de</strong> nosso sist<strong>em</strong>a<br />

educacional não aten<strong>de</strong> as necessida<strong>de</strong>s dos cidadãos <strong>de</strong> terceira classe, pois consiste <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>spejar conteúdos que são retalhos da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconectados da totalida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que se<br />

formam. A narração, <strong>de</strong> que o educador, é o sujeito, conduz educandos à m<strong>em</strong>orização<br />

mecânica do conteúdo narrado. A narração os transforma <strong>em</strong> “vasilhas” a ser<strong>em</strong> “enchidos”<br />

pelo educador.<br />

Nesta distorcida visão da educação, não há criativida<strong>de</strong>, não há transformação, não há saber.<br />

Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os<br />

homens faz<strong>em</strong> no mundo, com o mundo e com os outros. Quanto mais os educandos se<br />

exercitam no arquivamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos que lhes são feitos, tanto menos <strong>de</strong>senvolverão <strong>em</strong> si<br />

a consciência crítica. Quanto mais se lhes imponha passivida<strong>de</strong>, tanto mais ingenuamente<br />

ten<strong>de</strong>m a adaptar<strong>em</strong>-se ao mundo, à realida<strong>de</strong> parcializada nos <strong>de</strong>pósitos recebido.<br />

Essa "Educação Bancária", na qual o professor é um banco <strong>de</strong> saberes, <strong>em</strong> que os<br />

conhecimentos são <strong>de</strong>positados, faz surgir a divisão entre os que sab<strong>em</strong> e os que não sab<strong>em</strong>.<br />

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