10 Diário <strong>Económico</strong> Terça-feira 2 Março 2010 DESTAQUE MAU TEMPO OS EFEITOS DA TEMPESTADE PERFEITA Espanha Tempestade faz três mortos Em Espanha, a tempestade Xynthia fez três mortos. Apesar do pior já ter passado, há ainda 16 províncias em alerta amarelo devido ao vento, à neve e às ondas. As ilhas Canárias é onde se esperam as mais fortes rajadas de vento, enquanto na costa da Corunha, em Lugo e na ilha de Palmas são as ondas que representam, o maior perigo. Madrid, Segóvia, Navarra são algumas das zonas onde o alerta é justificado pela queda de neve. A tempestade que já fez três mortos – uma mulher de 82 anos, que faleceu no sábado ao cair de um, na Galiza, e dois homens, de 51 e 41 anos, em Burgos ao bater de carro contra uma árvore que caiu na estrada – obrigou ao cancelamento de centenas de voos. Alemanha O lento regresso à normalidade A Alemanha voltou ontem a funcionar depois de uma paralisação quase completa no fim-de-semana devido ao mau tempo, que matou seis pessoas. Com os trabalhos de limpeza em curso, nomeadamente para retirar árvores das estradas e dos caminhos-de-ferro, a circulação foi restabelecida ao longo do dia de ontem. A companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn justificou a paragem completa no Norte de Renânia Westphalia, Saarland e zonas florestais com a necessidade de garantir a segurança dos passageiros. Também o aeroporto de Frankfurt depois de no domingo ter cancelado 250 dos 1.270 voos diários devido às rajadas de vento. Reino Unido Alerta de cheias em todo o país A quase totalidade do Reino Unido está sob o alerta de cheia. Com a tempestade Xynthia a deslocar-se para a costa britânica as vagas assumem proporções gigantes e os britânicos preparam-se para o pior. As ligações ferroviárias com Londres já estavam a sofrer várias perturbações. Estatísticas ontem publicadas revelam que o Reino Unido teve o Inverno mais frio desde 1978-79 e que a queda de chuva foi 20% superior à média na Inglaterra, País de Gales e Escócia. Estados Unidos Mau tempo noutros pontos do globo A Europa não é a única fustigada pelo mau tempo. A electricidade está praticamente restabelecida em todo o Estado de Massachusetts depois da forte tempestade de vento da semana passada. Mas uma nova tempestade atingiu a zona costeira com fortes ondas que acabaram por alagar as ruas desta zona. A polícia foi mesmo forçada a fechar ao trânsito o Sul de Boston. Do outro lado do mundo, em Taipé, o gabinete de meteorologia alertou o público face aos riscos de fortes chuvas que podem provocar derrocadas de terras. Os receios de uma repetição dos efeitos do El Niño levam a todas as cautelas. França dá três milhões para ajudar vítimas O Governo francês decretou o estado de calamidade nacional. Bruxelas prometeu ajuda para todos. Mónica Silvares monica.silvares@economico.pt A tempestade perfeita que custouavidaamaisde60 pessoas, em toda a Europa, obrigou o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, a desbloquear um pacote de ajuda de três milhões de euros para a região mais afectada pelo pior tempestade dos últimos dez anos, que obrigou o Executivo a declarar que “se trata de uma catástrofe nacional”, para assim libertar fundos para ajudar à reconstrução das comunidades. O temporal, baptizado de Xynthia, afectou Portugal, Espanha, França e Alemanha eestáagoraadeslocar-se para Norte, para o Reino Unido e Suécia. O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, prometeu ontem que apoio aos países mais afectados pela tempestade que atravessou a Europa. O apoio será prestado, em primeiro lugar, a França o país mais afectado pelos ventos ciclónicos, as chuvas torrenciais e pelas ondas. Cerca de 900 mil pessoas ficaram sem electricidade e 172 mil sem telecomunicações. As equipas da protecção civil tentavam minimizar os estragos provocados pela tempestade, mas, ao final do dia, ainda havia 30 pessoas desaparecidas e várias centenas ficaram desalojados. O facto de as barreiras marítimas não terem sido capazes de conter a força das ondas que arrastaram várias casas e pessoas. Sarkozy prometeu ontem investigar como as barreiras se quebraram tão facilmente. O Chefe de Estado visitou ontem as zonas mais afectadas junto à costa Atlântica onde morreram pelo menos 50 pessoas. “É um desastre nacional, um drama humano terrível”, disse Sarkozy, sublinhando que “o mais urgente é apoiar as famílias com elementos mortos ou desaparecidos”. O número de mortos deverá ainda aumentar sendo que esta é já considerada a pior tempestade em França desde 1999, que matou 90 pessoas. Xynthia promete continuar o rasto de destruição com ameaça de fortes nevões, chuva intensa e ventos ciclónicos. ■ Suécia Xynthia Neve e vento força estado de alerta A Suécia está em estado de alerta. A agência de meteorologia prevê que as partes Sul e Leste do país possam ficar cobertas com um manto de neve que pode chegar a um metro de altura para além dos ventos gélidos que atravessam o país. Assim, com um alerta um (numa escala que até quatro), as autoridades alertam para a possibilidade de os transportes ferroviários serem afectados ao longo dos próximos dias, sendo que o comboio de alta-velocidade está totalmente suspenso. O fim-de-semana já foi de muita neve e gelo, com alguns carros danificados, mas a agência de meteorologia garante que, para o final da semana a temperatura passará a ser positiva ajudando assim a derreter a neve e o gelo. Uma depressão por 199 euros Tal como os ciclones tropicais Katrina ou Gustavo, as grandes tempestades na Europa também recebem um nome atribuído pelo Instituto de Meteorologia da Universidade Livre de Berlim. Assim, nos anos pares, as depressões recebem um nome feminino, enquanto nos ímpares o nome é masculino. Já os anticiclones são baptizados de acordo com a lógica inversa. Inicialmente o instituto seguia uma lista pré-estabelecida de nomes, mas desde 2002 é possível comprar o nome de uma futura tempestade. Ao comprador basta desembolsar 199 euros para uma depressão ou 299 para um anticiclone. Wolfgang Schütte foi o responsável pelo nome Xynthia. As próximas tempestades serão Yves e Zana. Bélgica Mais de 4.000 pedidos de ajuda Os bombeiros belgas receberam mais de quatro mil pedidos de ajuda: telhados que voaram, árvores caídas sobre casas, carros ou estradas. As províncias de Liège, Hainaut e Luxemburgo foram as mais afectadas e um houve mesmo uma vítima mortal, que morreu esmagado por uma árvore no seu jardim. Ontem os trabalhos concentravam-se na tentativa de restabelecer a normalidade, nomeadamente a rede eléctrica já que muitas casas continuavam sem luz. As reparações na rede eléctrica vão prolongar-se por toda a semana.
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