You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
X UNIVERSIDADES | Diário <strong>Económico</strong> Terça-feira 2 Março 2010<br />
ESTRATÉGIA<br />
O professor da AESE diz que os executivos<br />
portugueses “valorizam a formação avançada”<br />
PERFIL<br />
Paula Nunes<br />
ADRIÁN CALDART, PROFESSOR DA AESE - ESCOLA DE DIRECÇÃO E NEGÓCIOS<br />
No final de 2009, o professor argentino<br />
Adrián Caldart foi contratado pela AESE<br />
como coordenador da área pedagógica de<br />
Política de Empresa e professor de<br />
Estratégia, para formação de quadros<br />
superiores. É doutorado em Gestão pela<br />
IESE Business School (Espanha) e possui<br />
um MBA do ESEADE (Argentina). É<br />
licenciado em Administração de Empresas<br />
pela Universidade Católica da Argentina.<br />
Além das aulas para dirigentes e executivos<br />
na AESE e no IESE (professor visitante),<br />
desempenha um papel activo na<br />
investigação na área estratégica da<br />
Warwick Business School (Reino Unido),<br />
onde é ‘associate fellow’ em Gestão<br />
Estratégica. Entre 2004 e 2009 foi<br />
professor desta escola britânica. Antes de<br />
ingressar no mundo académico, trabalhou<br />
como executivo do Grupo Pérez Companc e<br />
da Organización Techint, entre 1992 e 1999.<br />
É co-autor do livro “Dynamics of Strategy”.<br />
“Portugueses são<br />
reflexivos e formais”<br />
AdriánCaldartéonovoprofessordeEstratégiadaAESE<br />
BÁRBARA SILVA<br />
barbara.silva@economico.pt<br />
Os executivos portugueses podem orgulhar-se:<br />
além de investirem em formação<br />
pós-graduada, dominam várias línguas e<br />
não ficam a dever nada aos altos quadros<br />
de países como a Argentina, Espanha ou<br />
ReinoUnido.Agarantiaédadapeloargentino<br />
Adrián Caldart, o novo professor<br />
de Estratégia e coordenador da área pedagógica<br />
de Política de Empresa na AESE<br />
– Escola de Direcção e Negócios, desde o<br />
final do ano passado. Antes disso, deu<br />
aulas na espanhola IESE Business School<br />
(a que continua ligado como professor visitante)<br />
e trabalhou nos últimos cinco<br />
anos na britânica Warwick Business<br />
School, onde mantém um papel activo na<br />
investigação na área estratégica.<br />
Quanto ao desafio de se tornar professor<br />
em ‘full-time’ da AESE, e mudar-se de<br />
armas e bagagens para Lisboa, Adrián<br />
Caldart diz que é uma nova etapa que encara<br />
“com muita expectativa”. “Há sete<br />
anos que venho a esta escola de negócios<br />
como professor visitante, já conhecia<br />
bastantebemoestilodecasaeodosparticipantes<br />
nos diversos programas”, conta<br />
o professor, sublinhando: “A proximidade<br />
da AESE com o mundo empresarial<br />
português dá-me muitas oportunidades<br />
de trabalhar com as empresas e organizações<br />
sociais em diferentes iniciativas.<br />
Além disso, conto com o tempo e os recursos<br />
necessários para continuar a desenvolver<br />
as mesmas linhas de investigação<br />
com colegas de outras escolas, como<br />
a Warwick Business School, Universidade<br />
de Glasgow, ESSEC de Paris, IESE e o IAE<br />
de Buenos Aires”.<br />
A opinião sobre os executivos portugueses<br />
não podia ser melhor. O professor diz<br />
que “valorizam altamente a formação<br />
avançada”. “São pessoas sofisticadas,<br />
muito conhecedoras e interessadas na<br />
realidade nacional e internacional, capazesdeentenderefalaremcastelhanoe<br />
inglês”, explica Adrián Caldart, sublinhando<br />
que se trata de uma vantagem<br />
única: “Discutir casos de empresas em<br />
três idiomas diferentes, como acontece<br />
na AESE, é impossível noutros países<br />
onde trabalho, como Espanha, Reino<br />
Unido ou Argentina”. Por comparação,<br />
Caldart diz que ao nível das capacidades,<br />
experiência e conhecimentos os portugueses<br />
são iguais aos espanhóis e britânicos,<br />
mas em termos de “estilo”, os espanhóis<br />
são mais agressivos e “pensam mais<br />
em grande”, enquanto os portugueses<br />
são reflexivos e formais.<br />
Especialista em estratégia empresarial,<br />
Adrián Caldart também tem conselhos a<br />
dar às empresas portuguesas com ambições<br />
de crescimento e expansão internacional:<br />
“Uma empresa deve clarificar<br />
quais são os seus objectivos a longo prazo<br />
e as políticas para os alcançar. Se uma<br />
avaliação realista mostrar a necessidade<br />
de crescer internacionalmente e diversificar,<br />
então deve-se avançar. Caso contrário,<br />
não vale a pena arriscar. A realida-<br />
de mostra que os processos de crescimento<br />
rápido são mais arriscados que os<br />
levados a cabo passo a passo”. E avisa:<br />
“Em 2010, as possibilidades de levar a<br />
cabo uma estratégia de crescimento arrojada<br />
são muito limitadas”.<br />
Anos de investigação em vários países levaram<br />
o professor a concluir que as opções<br />
estratégicas mudam muito de empresa<br />
para empresa. “É difícil generalizar.<br />
Em todos os países há empresas com melhores<br />
e piores lideranças. No meu dia-adia,<br />
como professor de escolas de negócios,<br />
estou em contacto com empresas<br />
que dão muita importância à formação<br />
dos seus executivos e essas não normalmente<br />
empresas com estratégias muito<br />
consistentes”, disse Adrián Caldart em<br />
entrevista ao Diário <strong>Económico</strong>, no âmbitodasuaúltimaconferêncianaAESE<br />
sobre o tema “Crescimento e Internacionalização<br />
de uma empresa portuguesa: o<br />
caso Martifer”. Hoje, 2 de Março, Adrián<br />
Caldart é o protagonista de um seminário<br />
na AESE, com o tema “O Papel Estratégico<br />
das Subsidiárias Locais”, no qual desafia<br />
os executivos portugueses a pensar<br />
nos ganhos das multinacionais com as<br />
boas práticas das suas filiais.<br />
O interesse pela área de estratégia empresarial<br />
surgiu quando ainda não era<br />
professor e trabalhava como executivo no<br />
Grupo Pérez Companc e Organización<br />
Techint, os dois maiores grupos industriais<br />
na Argentina, nos anos 90, na área<br />
de Finanças e Planeamento Corporativo.<br />
Aí assistiu de perto às estratégias empresariais<br />
de um grupo muito diversificado,<br />
num tempo de grandes mudanças para a<br />
empresa, o que o levou a decidir fazer um<br />
doutoramento em Gestão no IESE. ■<br />
Por comparação, Adrián Caldart<br />
diz que ao nível das capacidades,<br />
experiência e conhecimentos os<br />
portugueses são iguais aos<br />
espanhóis e britânicos, mas em<br />
termos de “estilo”, os espanhóis<br />
são mais agressivos e “pensam<br />
mais em grande”, enquanto<br />
os portugueses são reflexivos<br />
eformais.