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Seu - Geia Plural

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desamparado; foi uma época triste para ambos.<br />

Moravam neste tempo no Caminho Grande,<br />

em uma casinha térrea, para onde a moléstia<br />

da mão de Ana Rosa os levara em busca de<br />

novos ares; porém Manuel, que era negociante<br />

e tinha o seu armazém na Praia Grande, mudou-se<br />

logo para o sobrado em que o vimos na<br />

rua da Estrela, e em cujos baixos há dez anos<br />

prosperava.<br />

Para não ficar só com a filha que estava se fazendo<br />

uma mulher, convidou a sogra, D Maria<br />

Bárbara, a fazer companhia à neta e mesmo<br />

para guiá-la, encaminhá-la bem. – Um homem<br />

nunca servia para essas cousas e se fosse a<br />

chamar uma preceptora – o que não diriam por<br />

aí?... No Maranhão falava-se de tudo. D. Maria<br />

Bárbara que viesse – estaria como em sua<br />

casa, bom quarto, boa mesa e plena liberdade.<br />

A sogra aceitou e lá foi, carregando seus cinquenta<br />

e tantos anos, alojar-se em casa de<br />

Manuel com seus moleques, suas crias e os<br />

cacaréus ainda do tempo do defunto marido.<br />

Mas em breve, o bom português arrependeu-<br />

-se da má aquisição que fizera. – D. Maria Bárbara,<br />

apesar de uma senhora piedosa, de não<br />

sair do quarto sem estar bem penteada; sem<br />

faltar-lhe nenhum dos cachinhos de seda preta,<br />

com que emoldurava disparatadamente o<br />

rosto pálido e enrugado, apesar de seu grande<br />

fervor religioso e das missas que absorvia quotidianamente,<br />

saíra-lhe má dona de casa – era<br />

uma víbora! Dava nos escravos por hábito e<br />

por gosto, só falava a gritar e quando punha-<br />

-se a ralhar – Deus rios acuda! –, incomodava<br />

toda a vizinhança. Enfim, era insuportável,<br />

mas o que se pode chamar insuportável!<br />

Maria Bárbara tinha o verdadeiro tipo das<br />

velhas maranhenses criadas na fazenda –<br />

Índice<br />

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