Seu - Geia Plural
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Às oito horas da manhã do dia 13 de maio de<br />
1888, a residência de José Maria Maranhense,<br />
à Rua São Pantaleão, uma meia-morada de<br />
bons cômodos, regurgitava de gente. Ele, Maranhense,<br />
membro saliente do Clube Abolicionista<br />
Maranhense, era um dos mais ardorosos<br />
e salientes cabos de guerra do abolicionismo e<br />
um dos que mais se expusera pela nobilíssima<br />
causa da liberdade, não poupando em favor<br />
dela as suas pequenas economias.<br />
Os que lá se achavam naquela gloriosa manhã<br />
eram pessoas de diversas classes sociais,<br />
desde o funcionário público e o homem de letras,<br />
até artistas, operários livres, não faltando<br />
vagabundos e desclassificados.<br />
Principiara o reboliço na noite passada, durante<br />
a qual ansiosamente esperaram que<br />
chegasse o telegrama transmissor da grande<br />
e luminosa notícia da redenção dos cativos, de<br />
que, há muitos dias, já se vinha falando, animados<br />
todos por vigorosas esperanças.<br />
Maranhense mandara vir, à noite, uma haste<br />
tosca e grosseira, e a colocara numa das janelas,<br />
sustentada na extremidade inferior pelo<br />
parapeito mais acima e por grossas cordas<br />
que se enrolavam fortemente em dois pregos<br />
enterrados na parede, dentro da sala. Com alguns<br />
reparos que lhe fez, elevou-a à categoria<br />
de pau de bandeira.<br />
Nela se desfraldaria o pavilhão nacional assim<br />
que chegasse a promissora notícia.<br />
O movimento continuava intenso na residência<br />
de Maranhense, como em muitos pontos<br />
da cidade, em todas as casas onde moravam<br />
abolicionistas decididos e afervorados.<br />
Os vizinhos, curiosos, estavam à janela,<br />
apreciado aquilo que não compreendiam muito<br />
bem...<br />
Índice<br />
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