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O Bruxo e o Rabugento primeira parte.indd - Livraria Martins Fontes

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zando a complexidade do seu engajamento político e estilístico.”<br />

13 Por essa época, o subtítulo de um livro que aborda idêntica<br />

problemática chamou-me a atenção: a metalinguagem em<br />

Graciliano Ramos e a tradição literária brasileira. Seu autor ia<br />

também na mesma direção, ao sustentar a tese de que ela, a<br />

metalinguagem, constituía um “aspecto indissociável de sua<br />

produção literária.” 14 Distanciando-se da abordagem de um<br />

Graciliano consagrado pelos leitores como um “escritor da<br />

seca”, o autor expunha um Graciliano permanentemente preocupado<br />

com problemas de composição, “quase sempre associados<br />

ao laboratório de experimentos modernistas” — em<br />

relação aos quais, aliás, Graciliano nunca escondeu sua antipatia.<br />

Daí surgia um escritor no qual o texto exercia permanentemente<br />

um “voltar-se sobre si mesmo” 15 bem típico dos<br />

modernos — e de Machado!<br />

Voltando à pergunta do parágrafo anterior sobre a anterioridade<br />

do ovo ou da galinha, a resposta é que não sei. O que<br />

sei é que, desde então, passei a ler os dois autores municiado<br />

pela hipótese da afi nidade existente entre ambos em relação a<br />

certos aspectos cruciais de suas obras. E isso malgrado a opinião<br />

fortemente crítica de Graciliano sobre Machado. Daí a<br />

hipótese das afi nidades não eletivas contida no subtítulo. Aqui,<br />

um parêntese. O conceito de afi nidades eletivas, cuja origem<br />

remonta à alquimia, adentrou a área da literatura e depois da<br />

sociologia por meio, respectivamente, de Goethe e Max Weber.<br />

Do primeiro retém-se o romance que escreveu com esse<br />

mesmo nome, no qual se trata de seres que “se procuram um<br />

ao outro, se atraem, se capturam e, em seguida, ressurgem<br />

dessa união íntima numa forma renovada e imprevista”. Com<br />

Weber, a expressão transforma-se em “conceito sociológico”,<br />

guardando da antiga acepção as “conotações de escolha recíproca,<br />

atração e combinação”. Isso permitiria compreender<br />

um certo tipo de conjunção entre fenômenos aparentemente<br />

disparatados, no seio de um mesmo<br />

campo cultural (religião, fi losofi a, literatura) ou<br />

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