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SERVIÇO DE APOIO JURÍDICO – SAJU: - AATR

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Iniciado em 1995 2 , o Núcleo de Assessoria Jurídica do <strong>SAJU</strong>, ou também<br />

denominado Núcleo Coletivo, surgiu distinguindo-se do Núcleo de Assistência Jurídica ou<br />

Núcleo Individual. Desde seu início até meados de 1998, constitui-se basicamente um<br />

espaço de estudos, realizando leituras críticas sobre o Direito <strong>–</strong> analisadas no capítulo<br />

anterior, e outras temáticas, buscando uma capacitação teórica para a construção de uma<br />

ação/intervenção no Direito. Eram, na verdade, um grupo de estudantes descontentes com o<br />

que era ensinado tradicionalmente sobre o Direito, procurando, à luz destes marcos teóricos<br />

críticos, pensar uma nova prática no seio universitário.<br />

A participação em Projetos interdisciplinares de Extensão da UFBA <strong>–</strong> o que<br />

logo depois viria a ser o Projeto UFBA em Campo, conjuntamente com a realização e<br />

participação em seminários, palestras, oficinas e debates que proporcionavam uma visão<br />

crítica acerca da dogmática jurídica, acrescidos à vontade de insurgência e criatividade<br />

estudantil compuseram um cenário propício à criação do Núcleo de Assessoria Jurídica do<br />

<strong>SAJU</strong>. Este novo núcleo pautava-se no atendimento a demandas jurídicas coletivas, o que<br />

inseria a necessidade do enfoque, pensamento e do tratamento coletivo dos problemas<br />

jurídicos-sociais, bastante diferente da concepção individualista do Direito Moderno.<br />

Para realização desta nova proposta de atuação à luz dos referenciais teóricos<br />

críticos, os membros do Núcleo perceberam a necessidade da sua capacitação teórica, sendo<br />

este direcionamento que caracteriza este momento histórico, não obstante as atividades<br />

práticas realizadas, adiante analisadas. Era preciso construir um acúmulo teórico sobre uma<br />

visão crítica do Direito, sobre a Assessoria Jurídica Popular, sobre Educação Popular,<br />

Cidadania e Direitos Humanos, sobre Ensino, Pesquisa e Extensão.<br />

Poderemos considerar como o marco inicial do Núcleo de Assessoria Jurídica<br />

do <strong>SAJU</strong> o Projeto Cansanção, realizado em 1995, pela UFBA em parceria com <strong>SAJU</strong>,<br />

naquele período Serviço de Assistência Jurídica. O Projeto Cansanção era uma atividade de<br />

extensão universitária já desenvolvida há mais de dez anos, da qual, naquele ano,<br />

participaram alguns sajuanos. O Projeto Cansanção destinou-se a ser uma intervenção na<br />

região semi-árida de Canudos, exatamente no Município que o denomina, objetivando a<br />

construção de alternativas aos problemas da seca, através da interação Sociedade e<br />

Universidade. Coube ao <strong>SAJU</strong> a prática da educação jurídica, em busca da conscientização<br />

das lideranças populares, numa primeira etapa, para, posteriormente, buscar a solução<br />

conjunta dos problemas jurídicos fundamentais da organização comunitária.<br />

Ocupando-se do Grupo de Organização Política, o <strong>SAJU</strong>, conjuntamente com<br />

estudantes de sociologia e agronomia, promoveu discussões dialógicas3 acerca da Estrutura<br />

Fundiária Local, Acesso à Terra e Reforma Agrária, Participação Política e Partidos<br />

Políticos, Ideologia e Cultura, Estado e Classes Sociais, Movimentos Sociais e Conjuntura<br />

Municipal, finalizando com o planejamento das ações da União de Associações local para o<br />

2 A História do surgimento do núcleo, em relação às datas, não é muito precisa, tendo em vista toda as<br />

dificuldades já descritas. Apenas reside na história oral passada pelos seus membros. Entretanto, entendemos<br />

que esta precisão cronológica não prejudica a essência da presente pesquisa, pois esta almeja analisar a<br />

materialidade das experiências e não sua cronologia.<br />

3 No sentido dado por Freire, que intentava uma concepção de educação popular que assegurasse o diálogo, a<br />

palavra aos educandos, e não mera exposição de conteúdos aos educandos vazios de conhecimento. (FREIRE,<br />

1987).<br />

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