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SERVIÇO DE APOIO JURÍDICO – SAJU: - AATR

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assim, lhe exige resposta, não só no nível intelectual, mas no nível da ação” (FREIRE,<br />

1987, p. 86).<br />

Nestas reflexões, a resposta obtida é chamada de “descodificação”, na<br />

verdade um movimento do pensar, sendo a revelação do sistema social enquanto<br />

dominação e opressão. Neste momento, Freire, dialeticamente, traz na descodificação a<br />

conscientização:<br />

“A descodificação da situação existencial provoca esta<br />

postura normal, que implica um partir abstratramente até o concreto; que<br />

implica na ida das partes ao todo e uma volta às partes, que implica um<br />

reconhecimento do sujeito no objeto (situação existencial concreta) e do<br />

objeto como situação em que está o sujeito.” (FREIRE, 1987, p. 86)<br />

No entendimento de que os homens vivem e apreendem a viver num espaçotemporalidade<br />

condicionante,<br />

“sua tendência é refletir sobre a sua própria<br />

situcionalidade, na medida que, desafiados por ela, agem sobre ela”. [Ou<br />

seja,] “homens são porque estão em situação. E serão tanto mais quanto<br />

não só pensem criticamente sobre sua forma de estar, mas criticamente<br />

atuem sobre a situação em que estão”. (FREIRE, 1987, p. 101)<br />

Um importante aspecto na Educação Popular é a relação da liderança com as<br />

massas, pois entende-se que as ações políticas constituem-se, também, momentos<br />

educativos. Freire delineia algumas posturas de lideranças que precisam ser superadas, sem,<br />

contudo, romper ou negar a liderança. Deverá a liderança ser coerente com seu discurso<br />

revolucionário e não tratar as massas como objetos. “A verdadeira revolução, cedo ou tarde,<br />

tem de inaugurar o diálogo corajoso com as massas. Sua legitimidade está no diálogo com<br />

elas, não no engodo, na mentira”. (FREIRE, 1987, p. 125).<br />

A Educação Popular, como vimos, pelas opções políticas de transformação<br />

da realidade contrapõe-se à “invasão cultural” estabelecida tanto pelo medo de liberdade 3<br />

como pela consciência do oprimido 4 . Contrariamente, “a revolução cultural é o máximo<br />

esforço de conscientização possível que deve desenvolver o poder revolucionário, com o<br />

qual atinja a todos, não importa qual seja sua tarefa a cumprir.”( FREIRE, 1987, p. 156).<br />

Esta prática libertadora, na verdade uma “teoria da ação dialógica”, tem<br />

como características a co-laboração, a união e organização dos sujeitos em busca de uma<br />

síntese cultural: “NINGUÉM LIBERTA NINGUÉM, NINGUÉM SE LIBERTA<br />

SOZINHO, OS HOMENS SE LIBERTAM EM COMUNHÃO” (grifo nosso). (FREIRE,<br />

2001, p. 52)<br />

Neste diálogo com Paulo Freire podemos identificar como elementos<br />

componentes da educação popular a autodescoberta, a reflexão, a crítica, liberdade,<br />

pedagogia (não para) dos oprimidos, humildade, diálogo e respeito ao educando,<br />

transpassados por alguns sentimentos como amor, fé, simpatia e esperança. Enfim, “ensinar<br />

não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para produção dele” (FREIRE,<br />

2000; p. 25).<br />

3 O medo da liberdade é a aceitação da manutenção da opressão. “Nos oprimidos, o medo da liberdade é o<br />

medo de assumi-la. Nos opressores, é o medo de perder a ‘liberdade’ de oprimir.” (FREIRE, 1987, p. 33)<br />

4 A consciência do oprimido é aquela que hospeda o opressor. Assim, este não busca superar a opressão, mas<br />

tornar-se opressor.<br />

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