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SERVIÇO DE APOIO JURÍDICO – SAJU: - AATR

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Direito representante dos anseios sociais, conferindo-lhe um caráter de emancipação e<br />

libertação.<br />

O Projeto Monitoramento do Recôncavo teve como referencial<br />

metodológico a educação popular, com os princípios do educador Paulo Freire. Assim,<br />

durante todo o projeto, foi estabelecida uma relação ensinar-aprendendo, baseada no<br />

reconhecimento do saber popular, propondo uma troca de saberes e experiências, colocando<br />

as comunidades e seus membros não como objetos, mas como sujeitos do conhecimento.<br />

Para tanto, a interdisciplinariedade esteve sempre presente, com utilização de outros<br />

saberes como a sociologia, história, filosofia e educação, vez que a compreensão da<br />

realidade humana não se resumi a apenas um saber científico, sendo, na verdade, a<br />

conjunção das ciências e da práxis humana.<br />

O Projeto Monitoramento não se utilizou do formato de curso, pelo<br />

contrário, sempre estabeleceu um diálogo de saberes e vivências entre os participantes e os<br />

facilitadores. Assim, as atividades na comunidade foram pautadas por dinâmicas<br />

participativas, encenações teatrais, discussão em grupo, poemas, músicas, vídeos, entre<br />

outros, assegurando aos participantes a “palavra”, que lhes é negada pelas relações sociais<br />

opressoras. O jargão e a retórica jurídica foram desconstruídos através da explanação em<br />

linguagem popular e quando era imprescindível a utilização de termos técnicos, seu<br />

significado era explicitado.<br />

Verificou-se que o Projeto atingiu seus objetivos mais significativos,<br />

contudo restaram algumas ressalvas, principalmente no tocante a alguns participantes<br />

“Juristas Leigos” que não conseguiram, mesmo com monitoria, fazer multiplicação do<br />

saber, devido a questões pessoais, desde a timidez, até a pouca assimilação de<br />

conhecimento no Projeto Juristas Leigos. Ainda assim, a socialização do saber e a formação<br />

política e jurídica das comunidades possibilitou a discussão, o questionamento e<br />

aprofundamento dos temas de Direitos Humanos, Direito do Trabalho e Direito Agrário.<br />

Foi diagnosticada a necessidade de continuação/promoção de trabalhos<br />

semelhantes, que garantam o direito à informação, educação e a própria crítica ao direito<br />

repressor para as comunidades em situação de opressão. Percebeu-se que o primeiro Direito<br />

destas pessoas seria o direito a ter direitos na proposta de Arendt (apud TEIXEIRA, 2001,<br />

p. 24), pois o Estado não lhes garante a educação, informação e a possibilidade de<br />

conhecer seus direitos, tampouco os meios de efetivá-los ou de acesso à justiça. Portanto,<br />

urge a promoção de outras atividades de educação popular que possibilitem uma reflexão<br />

pelas classes oprimidas sobre o direito.<br />

Por último, este projeto garantiu aos estudantes uma formação acadêmica<br />

diferenciada, em face de se tratar de atividade de pesquisa como extensão no conceito de<br />

Demo (2002), isto é, através do contato com as demandas sociais, foram colhidos subsídios<br />

para a pesquisa (construção) de um novo saber jurídico, legitimado com os anseios desses<br />

sujeitos sociais. Desmistificou, ainda, a dogmática jurídica, propondo a compreensão crítica<br />

do direito como resultante do processo histórico diante da interação com as comunidades,<br />

sua conscientização, organização e luta pela efetivação e proposição de novos direitos. Não<br />

obstante o ensino jurídico tradicional tecnicista, consolidou-se uma formação acadêmica<br />

crítica e “humanista”, consoante com os ideais de emancipação e justiça social.<br />

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