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ANEXO II – ENTREVISTA LILA COLZANI
Lila Colzani
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O look da Colcci
Ana Cristina Gonçalves
GISELE BÜNDCHEN ENTRA NA PASSARELA AO MESMO TEMPO que as 5 mil
lâmpadas do cenário se acendem. De vestido preto soltinho feito de algodão e renda
e com os cabelos semipresos, evoca uma imagem romântica, quase de outra época.
No backstage da Colcci, uma moça loura e alta se desliga por instantes da agitação
que toma conta de todos. As lágrimas começam a correr e, com as mãos, Lila
Colzani trata rapidamente de contêlas. "Nunca havia chorado num desfile, mas foi
difícil regular a emoção", conta a estilista ao se lembrar do último Fashion Rio. É fácil
entender o porquê. Desde que a etiqueta catarinense decidiu entrar com tudo no
primeiro time da moda nacional, há seis anos, esse foi seu desfile mais
representativo.
Muito além do jeans e das camisetas, carros-chefe da grife e que permanecem
cheios de bossa, a coleção de inverno propõe uma viagem ao passado. "Tinha ido à
casa dos meus pais e enquanto esperava o jantar olhei as fotos dos meus avós", diz
Lila. Num segundo percebeu que a saga dos imigrantes que chegaram ao Brasil no
final do século XIX seria o ponto de partida perfeito para contar uma história de
moda afinada. Assim ela, que sempre criou suas coleções ouvindo rock, deu um
pause no iPod e partiu para um mergulho introspectivo, de onde surgiram vestidos
tipo combinação valorizados por rendas e preguinhas vitorianas. "Imaginei um
inverno despido, já que meus antepassados saíram de um frio rigoroso e
encontraram um clima ameno", explica. O resultado foi doce e pop, de acordo com a
cara jovem da marca, que agrada garotas antenadas como Isabeli Fontana, Monique
Alfradique, Mariana Weickert e Fernanda Machado.
Essa viagem no tempo permitiu a Lila um acerto de contas com o passado, ainda
que de forma não intencional. Aos 40 anos, voltou a ter o mesmo prazer com o
trabalho que tinha aos 20, quando criou a Colcci, em Brusque, interior de Santa
Catarina. "Na época queria fazer roupas transadas. Mesmo sem experiência,
consegui uma boa clientela", conta. Registrou o nome em 1986 e, um ano depois,
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