tese - A Oralidade em sala de aula....pdf - RUN UNL
tese - A Oralidade em sala de aula....pdf - RUN UNL
tese - A Oralidade em sala de aula....pdf - RUN UNL
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>aula</strong>, para uma pequena troca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias sobre o que era a Mudança na perspetiva dos<br />
alunos, que tipos <strong>de</strong> mudanças conheciam e as suas reações perante tais situações.<br />
É importante salientar que os alunos participaram ativamente no pequeno<br />
<strong>de</strong>bate e, a gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong>les, verbalizou que não gostava <strong>de</strong> mudar, preferindo o<br />
que era mais seguro e conhecido, do que o que era volátil e <strong>de</strong>sconhecido. Muitos<br />
alunos consi<strong>de</strong>ravam a mudança como algo inevitável, porém negativo.<br />
O professor titular, alguns dias mais tar<strong>de</strong>, lançou-me um <strong>de</strong>safio, escolher um<br />
pequeno conto <strong>de</strong> um autor lusófono para po<strong>de</strong>r ser trabalhado oralmente com os<br />
alunos. A minha escolha não foi fácil, perante o elevado número <strong>de</strong> pequenos contos<br />
lusófonos existentes. Escolhi o conto Sentado no Deserto <strong>de</strong> Luísa Costa Gomes. A sua<br />
exploração iria servir como etapa preparatória <strong>de</strong> um futuro <strong>de</strong>bate que eu já<br />
pretendia promover com a turma sobre os Direitos Humanos.<br />
O conto Sentado no Deserto aborda algumas t<strong>em</strong>áticas que são extr<strong>em</strong>amente<br />
importantes, nos dias <strong>de</strong> hoje: o papel da televisão nas nossas vidas, a forma como<br />
olhamos e agimos, com aqueles que nos ro<strong>de</strong>iam, principalmente os mais<br />
necessitados, os valores que a socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna cultiva e que estão muito longe dos<br />
valores humanos, o mundo das aparências que controla tudo e todos.<br />
Todos os alunos, tendo recebido uma cópia do texto para ler<strong>em</strong>, foram<br />
convidados a fazer dois tipos <strong>de</strong> leitura: uma silenciosa, on<strong>de</strong> teriam um primeiro<br />
contacto com a narrativa e <strong>de</strong>pois uma segunda, <strong>em</strong> voz alta, com a intenção <strong>de</strong> criar<br />
no grupo turma uma envolvência bastante forte entre qu<strong>em</strong> está a ler, qu<strong>em</strong> está a<br />
escutar e o que se está a ler e ouvir. São estes momentos <strong>de</strong> acalmia, <strong>de</strong> reflexão que<br />
acabam por levar a que o diálogo subsequente possa ser rico, variado e honesto.<br />
No referido conto, uma criança acaba por ser a personag<strong>em</strong> que melhor vive e<br />
transmite o espírito natalício, ao convidar um s<strong>em</strong>-abrigo para partilhar, com a sua<br />
família, o jantar <strong>de</strong> Natal.<br />
Através dos olhos da criança, através do olhar crítico dos jovens que<br />
compunham a turma, foram focados t<strong>em</strong>as, como a pobreza, o racismo, a<br />
incompreensão, a falta <strong>de</strong> humilda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> tolerância para com os outros, a hipocrisia e<br />
25