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Teatro/Dança 30 Teatro Bailado num velório criado por Pessoa Três bailarinas transformam um texto dramatúrgico “estático e extático”, “O Marinheiro”, de Pessoa, num poema visual cujo movimento é pensado por Joclécio Azevedo. Ana Maria Henriques O Marinheiro De Fernando Pessoa. Encenação de Francisco Alves. Pelo Teatro Plástico. Com Andrea Moisés, Margarida Bento, Mónica Garnel, Cátia Esteves, Inês Cerqueira, Susana Otero. Porto. Teatro Helena Sá e Costa (ESMAE). R. Alegria, 503 (entrada pela R. da Escola Normal, 39). De 03/10 a 11/10. 3ª a Dom. às 21h30. Tel.: 225189982. 5€ a 10€. Três mulheres velam um corpo cuja identidade é desconhecida, viajando entre o passado e o futuro e contando histórias como a de um homem do mar que, após ter naufragado numa ilha deserta, cria uma realidade ficcional mais poderosa que a realidade. Neste velório etéreo que Francisco Alves e o Teatro Plástico construíram a partir d’ “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa, Agenda Teatro Estreiam O Efeito de Serge De Philippe Quesne. Encenação de Philippe Quesne. Pelo Vivarium Studio. Com Gaetan Vourch, Isabelle Angotti, Rodolphe Auté, Hermès, Zinn Atmane. Lisboa. Culturgest. Rua Arco do Cego - Edifício da CGD. De 05/10 a 06/10. 2ª e 3ª às 21h30. Tel.: 217905155. 15€. A Melancolia dos Dragões De Philippe Quesne. Encenação de Philippe Quesne. Pelo Vivarium Studio. Com Isabelle Angotti, Zinn Atmane, Rodolphe Auté, Hermès, Sébastien Jacobs, Émilien Tessier, Tristan Varlot, Gaetan Vourch. Lisboa. Culturgest. Rua Arco do Cego - Edifício da CGD. De 08/10 a 10/10. 5ª a Sáb. às 21h30. Tel.: 217905155. 12€. Trama - Festival de Artes Performativas. Rapariga(s) De Neil Labute. Encenação de Almeno Gonçalves. Com André três bailarinas transformam um texto dramatúrgico “estático e extático” num poema visual cujo movimento é pensado por Joclécio Azevedo. Em cena no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto, a partir de amanhã e até 11 de Outubro, “O Marinheiro” é, para o director artístico, Francisco Alves, “um dos mais belos textos de toda a história da dramaturgia e literatura portuguesas”: por recusar coordenadas teatrais – “não há personagens, acção ou enredo” -, é um “desafio para qualquer criador”. “As grandes obsessões do Pessoa estão cá todas: o mar, a dualidade vida/sonho, a palavra como algo mágico e a palavra poética enquanto Nunes, Jéssica Athayde, Marta Melro, Núria Madruga, Helena Laureano. Lisboa. Teatro da Comuna - Sala das Novas Tendências. Pç. Espanha. De 08/10 a 31/12. 5ª a Sáb. às 21h30. Tel.: 217221770. 15€. A Resistível Ascensão de Arturo Ui De Bertolt Brecht. Encenação de Joaquim Horta. Pela Truta. Com Carlos Alves, Duarte Guimarães, Gonçalo Amorim, Joaquim Horta, Paula Diogo, Pedro Martinez, Raul Oliveira, Rúben Tiago, Sílvia Filipe, Tónan Quito. Caldas da Rainha. Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha. Rua Doutor Leonel Sotto Mayor. Dia 02/10. 6ª às 21h30. Tel.: 262889650. 7,5€. Continuam O Concerto de Gigli De Tom Murphy. Encenação de Nuno Carinhas. Pela Assédio. Com João Cardoso, João Pedro Vaz, Rosa Quiroga. Porto. Teatro Carlos Alberto. R. Oliveiras, 43. De 08/10 a 11/10. 5ª a Sáb. às 21h30. Dom. às 16h. Tel.: 223401905. 5€ a 15€. Sons Fundamentais: Vozes da Irlanda. aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito aMaumM BommmmmmExcelente “O Efeito de Serge”, de Philippe Quesne A confluência das artes plásticas, da música, da dança e da palavra num espectáculo teatral é um dos aspectos trabalhados pelo Teatro Plástico manifestação do divino”, explica, realçando a adaptação que o texto original sofreu com a inclusão das bailarinas. “Tentei trabalhar a ideia do fragmento, da dispersão e do espelho, elementos fundamentais na obra do autor”. Ao longo da acção, as três mulheres desdobram-se noutras personagens graças às variações e pequenos solilóquios que, apesar de dialogarem entre si, vão tendo em palco. Esta que foi a primeira obra publicada por Pessoa na revista “Orpheu”, foi escrita em dois dias, no ano de 1913, e precede a explosão da criação dos heterónimos. Até morrer, em 1935, o autor não cessou de Padam Padam De José Maria Vieira Mendes. Pelo Teatro Praga. Com Cláudia Jardim, Diogo Bento, Marcello Urgeghe, Patrícia da Silva, Pedro Penim. Lisboa. Centro Cultural de Belém - Pequeno Auditório. Praça do Império. Até 05/10. 4ª a Sáb. às 21h30. 2ª e Dom. às 19h. Tel.: 213612400. 12,5€ a 15€. Menina Else De Arthur Schnitzler. Encenação de Christine Laurent. Com Rita Durão. Guarda. Teatro Municipal da Guarda. Rua Batalha Reis, 12. Dia 03/10. Sáb. às 21h30. Tel.: 271205241. 5€. Acto Seguinte - Festival de Teatro da Guarda. A Caça De Manoel de Oliveira. Encenação de Rogério de Carvalho. Pelo Bando. Com Crista Alfaiate, Miguel Eloy, Sara de Castro. Torres Vedras. Teatro-Cine. Av. Tenente Valadim, 19. Dia 03/10. Sáb. às 11h. Tel.: 261338131. 2€. A Bicicleta de Faulkner De Heather McDonald. Encenação de Rita Lello. Com Maria do Céu Guerra, Rita Fernandes, Sérgio Moura Afonso, Susana Costa. Lisboa. A Barraca - Teatro Cinearte. Lg Santos, 2. Até 29/11. 5ª a Sáb. às 22h. Dom. às 17h. Tel.: 213965360.10€ a 12,5€. adaptar a única produção dramática que completou e editou em vida, apesar de nunca a ter visto representada. Para uma melhor compreensão da complexidade da peça, o programa distribuído aos espectadores vai contar com a publicação de um ensaio de Teresa Rita Lopes, onde a especialista na obra do autor discorre sobre a relevância e riqueza do texto no universo pessoano. Criado em 1995 no Porto, o Teatro Plástico tem vindo a destacar-se na apresentação de textos contemporâneos que “problematizem o tempo presente e todos os seus paradoxos”. A confluência das artes plásticas, da música, da dança e da palavra num espectáculo teatral é um dos aspectos trabalhados por esta companhia cujas encenações se esforçam por explorar novas formas para a representação no espaço urbano, e onde os monólogos assumem lugar de destaque. Adiada por várias vezes devido à perda do apoio institucional do Ministério da Cultura, a representação d’ “O Marinheiro” pela companhia portuense resulta de um processo “complicado” que comportou mudanças no elenco, hoje formado por Andrea Moisés, Margarida Bento, Mónica Garnel, Cátia Esteves, Inês Cerqueira e Susana Otero. Apesar da estreia marcada para amanhã às 21h30, Francisco Alves não desiste da ideia de o encenar numa igreja: “pela sua dimensão espiritual, este texto incorpora um ritual em que, tal como na missa, o objectivo é tornar presente o que não existe através da palavra”. Ifigénia na Táurida De Goethe. Encenação de Luis Miguel Cintra. Com Beatriz Batarda, José Manuel Mendes, Luis Miguel Cintra, Paulo Moura Lopes, Vítor de Andrade. Lisboa. Teatro da Cornucópia - Bairro Alto. R. Tenente Raúl Cascais 1A. Até 01/11. 3ª a Sáb. às 21h30. Dom. às 16h. Tel.: 213961515. 15€ (sujeitos a descontos). Seis Personagens à Procura de Autor De Luigi Pirandello. Pelos Artistas Unidos. Encenação de Jorge Silva Melo. Com João Perry, Sylvie Rocha, Lia Gama, Mariema, Pedro Gil, entre outros. Lisboa. Teatro Municipal de S. Luiz. R. Antº Maria Cardoso, 38-58. Até 18/10. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb. às 21h00. Dom. às 17h30. Tel.: 213257650. 10€ a 20€. O Camareiro De Ronald Harwood. Com Alexandre Lopes, Carlos Paniágua, José Neves, Maria Ana Filipe, Maria Amélia Matta, Paula Mora, Ruy de Carvalho, Virgílio Castelo. Lisboa. Teatro Nacional D. Maria II - Sala Garrett. Pç. D. Pedro IV. Até 25/10. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb. às 21h30. Dom. às 16h00. Tel.: 213250835. 7,5€ a 16€.
Discos Pop Com que som! Aliar os prodígios da engenharia a uma voz prodigiosa era só o que faltava a Amália. Agora já não falta. Há um passado melhor, no futuro que nos espera. Nuno Pacheco Amália Rodrigues Coração Independente mmmmn IPlay Amália Secreta mmmmn Tradisom, Tr Trad a isom, , Farol Sings Fa Fado do From Portugal and Flamenco Flamenco From Spain mmmnn CNM Seja febre ou moda, a, a onda de restauros que se apossou possou da chamada música popular opular é reconhecidamente e bem-vinda. bem-vinda. Quem já ouviu os “novos” Beatles sabe do que se trata. a. Um vidro baço que se torna nítido fazendo de uma antiga paisagem um m alvo renovado renovado de curiosidade e deslumbramento. eslumbramento. Por via da exposição ição que assinala os dez anos da morte rte de Amália, também um lote considerável onsiderável das suas gravações foi sujeito a restauro. “Coração Independente”, dente”, disco com o mesmo nome da exposição exposição a inaugurar no Museu eu Berardo, surge como fulcral neste processo. Primeiro porque o trabalho de engenharia sonora nele aplicado é, de facto, extraordinário. nário. Desde os temas de “Com Que e Voz” (“Gaivota”, “Maria Lisboa”) até é aos (agora mais) magníficos “Povo Que Lavas no Rio” e “Estranha Forma a de Vida” (“Busto”), não só a voz de Amália se torna mais encantadora adora nas suas cambiantes cromáticas, ticas, como os acompanhamentos s instrumentais ganham novo e significativo nificativo relevo, sejam guitarras rras (Raul Nery, Fontes Rocha, a, Domingos Camarinha), nha), violas (Santos Moreira, eira, Castro Mota, Joel Pina), ina), orquestras ou mesmo mo instrumentos inesperados (ouça-se, -se, por exemplo, o contrabaixo no “Aï mourir pour toi” de 1958). Os 20 temas do disco (há também uma outra edição, em CD duplo, com 35 temas mas de tiragem limitada) vão dos anos 50 aos 70, numa sequência harmónica e sedutora para o ouvinte (a selecção é de David Ferreira) e permitem escutar com “novos ouvidos” o brilho incomparável da voz de Amália em registos muito diversos: “Solidão”, vinda do “desencontro” histórico com o saxofonista Don Byas, permite entender melhor a branda excelência dessa versão; “Barco negro” ou “Fallaste corazón”, de 1955, reluzem como nunca; “Foi Deus”, das gravações de Abbey Road de 1952, é único, até pelo insólito (Amália engana-se, ao cantar “o pranto nos rosto” em vez de “o pranto no rosto”); e os dois temas vindos do célebre concerto do Olympia em 1956, “Amália” e “Nem às paredes confesso”, fazem-nos querer ouvir, agora, todo o concerto assim, como se tivesse sido gravado ontem. O trabalho de engenharia sonora, a cargo de um técnico que é também músico (o peruano Jorge Cervantes), Cervante s), ) foi feito a partir das ddas fitas ffitas originais, com uma uma única excepção: “Aï mourir pour toi”, gravado em Paris. Apesar da excelência do resultado, há falhas no libreto, para lá dos bons s textos: pequenos erros, ausência dos anos aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente Air: meia reinvenção, meio grande disco de gravação das faixas e dos títulos dos discos originais. A corrigir, espera-se. Uma outra edição onde o restauro é também notável, mas feito a partir de discos de 78 rotações, é o terceiro volume da série Arquivos do Fado. Com um libreto irrepreensível, chama-se “Amália Secreta” porque a quase totalidade dos seus 20 temas era inédita em CD, desde grande parte do disco “Amália Rodrigues” (1957), só editado em França e no Brasil (esta edição inclui 10 das 12 faixas originais, entre as quais a raríssima “Ai Lisboa” e uma versão excelente de “Foi Deus”, que é muito curioso comparar com a do disco antes citado) até à dilacerante ranchera “Grítenme piedras del campo”. Por último, essencial a coleccionadores, o primeiro LP de Amália, editado nos EUA em 1954. A remasterização não anulou por completo as reverberações, mas a voz de Amália resiste aos defeitos e, quer nas oito faixas do LP original (há, também, uma edição limitada em vinil) quer nos quatro bónus incluídos no CD, impõe-se pela força. Mas MMas basta bbasta comparar, por exemplo, dois “Fallaste corazón” (o deste deste disco é o mesmo de “Coração Independente”) para confirmar que o “coração” da engenharia vale ouro. Por via da exposição que assinala os dez anos da morte de Amália, um lote considerável das suas gravações foi sujeito a restauro Air Love 2 EMI mmmmn Onze anos depois da estreia com “Moon Safari” ninguém espera revoluções dos Air – quando muito há uma vaga esperança de ver retornar aquela imponderável aliança entre reaccionarismo e invenção pop que dominava o primeiro disco. Porque é nisso que eles (só por vezes e nunca durante um disco inteiro) são extraordinários: na criação de papel de parede que emana ternura. Foi, aliás, a recusa da superficialidade que tornou “10000 HZ”, o segundo tomo, um disco falhado: se antes o talento de Dunckel e Godin se revelava na precisão dos detalhes escondidos sob mantos de melodias retro, nesse disco amaldiçoado por muitos fãs havia um nítido excesso de produção. Digamos que: o primeiro era disco de produtor apaixonado por canções, o segundo era disco de cientista, e “Talkie Walkie” (2004) e “Pocket Simphony” eram meios termos. “Love 2”, não deixando de ser imaculadamente produzido, toma outros rumos: não tem um plano estético, uma cartilha a nivelá-lo, não procura desenhar canções, antes, movendo-se dentro do espectro limitado e dolente dos Air, vira à esquerda e à direita quando bem lhe apetece, sem obedecer a regras, a um som – ao ponto de as faixas de típica beleza- Air serem exactamente aquelas que pendem para o insosso, casos de “Love”, “So light is her football”, “Sing sang sung” e “African velvet”. O oposto acontece quando os temas se abrem ao inesperado: aí, quando as canções têm várias partes, e em muito poucas ocorre algo vagamente semelhante a um refrão, os Air quase procedem a uma reinvenção – porque apesar de os arranjos recorrerem bastas vezes a instrumentos clássicos (além dos costumeiros órgãos laranja-tépido há metais, flautas, guitarras slide, pianos), parecem não desempenhar as funções que lhes são habituais ou surgirem quando menos se espera. Acaba por ser um disco de pequenas brincadeiras: na estranha “Missing the light of day” uma linha de piano percorre os órgãos vintage enquanto uma voz robotizada aparece e desaparece para dar lugar a um solo de harpa (?); na lindíssima “Tropical Disease” metais acompanham uma simples melodia à Satie em sobe e desce, antes de se entrar numa coda com inflexões jazzy; em “Heaven’s 31
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