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Conhece esta mulher? - Fonoteca Municipal de Lisboa

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G.GARABEDIAN - PARIS, 1956,57 - COLECÇÃO MUSEU NACIONAL DO TEATRO<br />

uma visão <strong>de</strong> totalida<strong>de</strong>, <strong>esta</strong> evolução<br />

cambiante tem gerado leituras<br />

segmentadas, com o privilégio <strong>de</strong> certas<br />

fases em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras.<br />

“Da gran<strong>de</strong> fase Oulman sabemos tudo”,<br />

lembra Chougnet. “Mas a última<br />

fase é como algo nos gran<strong>de</strong>s pintores:<br />

o último Picasso, o último Renoir<br />

são pouco consi<strong>de</strong>rados. E, <strong>de</strong> facto,<br />

os amalianos tradicionais dizem que<br />

a última fase é mais fraca.”<br />

Vieira Nery diz que a Amália dos<br />

primeiros 20 anos <strong>de</strong> carreira é tão<br />

importante quanto a gran<strong>de</strong> renovação<br />

dos anos 60 trazida pela sua associação<br />

com Alain Oulman. “Se Amália<br />

tivesse morrido em 59, nós teríamos<br />

<strong>de</strong> qualquer maneira um<br />

contributo extraordinário para a história<br />

do fado. É preciso trazer essa<br />

primeira Amália ao <strong>de</strong> cima, para<br />

ANA BANHA<br />

combinar com a Amália da época <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> e para fazermos<br />

um exercício que é <strong>de</strong>licado e melindroso:<br />

ver a Amália final. É muito fácil<br />

dizer: ‘Ah, é a Amália sem voz, com<br />

a voz estragada’ e tudo o mais. A voz<br />

está num frangalho mas há tantos<br />

cantores, <strong>de</strong> jazz por exemplo, que<br />

ouvimos até ao fim com interesse. Há<br />

uma espécie <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> final com<br />

uma profundida<strong>de</strong> e uma inteligência<br />

redobradas. Se tivermos <strong>esta</strong>s três<br />

épocas traçadas, percebemos um fenómeno<br />

muito mais complexo, muito<br />

mais rico e muito mais facetado do<br />

que lembrarmo-nos apenas da ‘Gaivota’,<br />

do ‘Fado Português’ ou do ‘Povo<br />

Que Lavas no Rio”, que são momentos<br />

gran<strong>de</strong>s mas têm um contexto,<br />

têm uma história, não são coisas<br />

isoladas.”<br />

O som e o silêncio<br />

“Amália, Coração In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte” reparte-se<br />

entre o Museu Colecção Berardo e o muito próximo<br />

Museu da Electricida<strong>de</strong>, em <strong>Lisboa</strong>.<br />

“Amália, Coração In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte”<br />

(<strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> Outubro a 31 <strong>de</strong> Janeiro<br />

<strong>de</strong> 2010) reparte-se entre o<br />

Museu Colecção Berardo e<br />

o muito próximo Museu da<br />

Electricida<strong>de</strong>, em <strong>Lisboa</strong>. Não<br />

é obrigatório começar por<br />

nenhum <strong>de</strong>les. São núcleos<br />

temáticos diferentes, mas<br />

paralelos: no Museu Berardo<br />

explora-se o “Mito/Diva”,<br />

no Museu da Electricida<strong>de</strong><br />

o “Glamour”, aproveitando<br />

a cenografia industrial da<br />

antiga Central Tejo para exibir<br />

os vestidos e jóias (<strong>de</strong> cena e<br />

verda<strong>de</strong>iras) <strong>de</strong> Amália.<br />

Apesar <strong>de</strong> ser composta<br />

em gran<strong>de</strong> parte por material<br />

iconográfico – fotos, revistas,<br />

cartazes, capas <strong>de</strong> discos, trajes<br />

provenientes dos principais<br />

acervos amalianos, como a<br />

Fundação Amália Rodrigues,<br />

Museu Nacional do Teatro e<br />

Edições Valentim <strong>de</strong> Carvalho –<br />

não é uma exposição ilustrativa<br />

da vida e carreira da maior<br />

estrela do fado.<br />

Aproveita-se a cenografia<br />

industrial da antiga Central<br />

Tejo para exibir vestidos e jóias<br />

Apesar <strong>de</strong> ser<br />

composta por<br />

material e objectos<br />

iconográficos,<br />

não é uma exposição<br />

ilustrativa da vida<br />

e carreira da maior<br />

estrela do fado<br />

CARLOS RAMOS/ UM PONTO QUATRO<br />

No Museu Berardo, há<br />

uma cronologia inicial para<br />

contextualizar a figura, em que<br />

os principais momentos da<br />

carreira surgem sinalizados<br />

com a apresentação <strong>de</strong> trajes<br />

e acessórios usados em palco<br />

(mas a colecção principal<br />

<strong>de</strong> vestidos está no Museu<br />

da Electricida<strong>de</strong>). Uma das<br />

secções é <strong>de</strong>dicada à fotografia<br />

e à evolução da representação<br />

da fadista ao longo dos anos,<br />

mostrando a cumplicida<strong>de</strong> que<br />

Amália teve com fotógrafos<br />

nacionais e estrangeiros,<br />

geradora <strong>de</strong> imagens diversas<br />

e, nalguns casos, contrastantes.<br />

Noutra área explora-se a<br />

contemporaneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Amália,<br />

expondo peças <strong>de</strong> artistas que<br />

a tiveram como referência. Pela<br />

primeira vez são apresentados<br />

em conjunto os três corações<br />

<strong>de</strong> filigrana feitos a partir <strong>de</strong><br />

talheres <strong>de</strong> plástico por Joana<br />

Vasconcelos, intitulados<br />

“Coração In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte”, e<br />

<strong>de</strong> cor diferente, a par <strong>de</strong> um<br />

ví<strong>de</strong>o do italiano Francesco<br />

Vezzoli, “Amália Traída”,<br />

súmula biográfica telenovelesca<br />

conduzida por duas divas,<br />

Lauren Bacall e Sónia Braga,<br />

e dos retratos produzidos por<br />

Leonel Moura e Adriana Mol<strong>de</strong>r.<br />

Bruno <strong>de</strong> Almeida, autor<br />

<strong>de</strong> “The Art of Amália”,<br />

documentário concebido<br />

nos anos finais <strong>de</strong> Amália,<br />

realizou uma instalação-ví<strong>de</strong>o<br />

para a exposição, trabalho <strong>de</strong><br />

montagem e processamento <strong>de</strong><br />

imagens <strong>de</strong> arquivo e sons que<br />

vai ser projectado em quatro<br />

ecrãs gigantes.<br />

No centro da mostra<br />

haverá uma “sala <strong>de</strong> escuta”,<br />

que propõe uma síntese do<br />

reportório musical amaliano:<br />

52 temas remasterizados<br />

pela Valentim <strong>de</strong> Carvalho a<br />

partir das gravações originais,<br />

que irão passar em contínuo.<br />

Jean-François Chougnet,<br />

director do Museu Berardo<br />

e coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> “Amália,<br />

Coração In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte”, explica<br />

que quis evitar “uma cacofonia<br />

<strong>de</strong>ntro da exposição”, preferindo<br />

concentrar o som numa sala.<br />

Seria “uma traição a Amália”<br />

tratar o seu reportório como<br />

“música <strong>de</strong> elevador”, diz.<br />

A exposição no Museu Berardo<br />

fecha com uma instalação-ví<strong>de</strong>o<br />

concebida por encomenda por<br />

Ana Rito: no tríptico “Encore”,<br />

duas bailarinas interpretam o<br />

tema “Grito” (“Lágrima”, 1983),<br />

enquanto no ecrã central várias<br />

bocas pronunciam o nome <strong>de</strong><br />

Amália como um mantra. Em<br />

qualquer dos casos, o som é<br />

inaudível para o espectador.<br />

Silêncio, que se vai cantar o<br />

fado. K.G.<br />

“Encore”,<br />

<strong>de</strong> Ana Rito:<br />

uma das<br />

encomendas<br />

da exposição<br />

a artistas<br />

plásticos<br />

As fotos,<br />

revistas,<br />

cartazes,<br />

discos, trajes,<br />

acessórios,<br />

são<br />

provenientes<br />

dos acervos<br />

amalianos,<br />

como a<br />

Fundação<br />

Amália<br />

Rodrigues,<br />

Museu<br />

Nacional do<br />

Teatro e<br />

Edições<br />

Valentim <strong>de</strong><br />

Carvalho<br />

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