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Conhece esta mulher? - Fonoteca Municipal de Lisboa

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Cinema<br />

Estreiam<br />

A angústia<br />

do treinador<br />

no momento<br />

do <strong>de</strong>spedimento<br />

Um filme sobre a ambição.<br />

Ou não fosse escrito pelo<br />

argumentista <strong>de</strong> “A Rainha” e<br />

“Frost/Nixon”, Peter Morgan.<br />

Jorge Mourinha<br />

Maldito United<br />

The Damned United<br />

De Tom Hooper,<br />

com Colm Meaney, Henry Goodman,<br />

Oliver Stokes. M/12<br />

MMMnn<br />

<strong>Lisboa</strong>: ZON Lusomundo Amoreiras: 5ª 6ª Sábado<br />

Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 15h50, 18h, 21h20, 23h40<br />

Porto: Arrábida 20: Sala 4: 5ª 6ª Sábado Domingo<br />

2ª 14h05, 16h35, 19h, 21h40, 00h20 3ª 4ª 16h35,<br />

19h, 21h40, 00h20<br />

Impõe-se a precisão: o United do<br />

título é bem um clube <strong>de</strong> futebol,<br />

mas não o Manchester United; antes<br />

o Leeds United, força dominante do<br />

futebol britânico na passagem dos<br />

anos 1960 para os anos 1970. E sim,<br />

este é um filme sobre futebol, mas<br />

não sobre o jogo em si, antes sobre a<br />

ambição e os jogos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que o<br />

ro<strong>de</strong>iam, consubstanciado na<br />

história verídica do treinador Brian<br />

Clough, que elevou, em 1973, o<br />

Derby County, pequeno clube<br />

regional, à primeira divisão para<br />

logo a seguir se “<strong>esta</strong>mpar” ao tomar<br />

os controles do Leeds.<br />

Quem conhece o universo do<br />

argumentista Peter Morgan,<br />

responsável por “A Rainha”, “O<br />

Último Rei da Escócia” ou “Frost/<br />

Nixon”, irá reconhecê-lo n<strong>esta</strong> fita<br />

incisiva mas bem-humorada que o<br />

guionista adaptou do romance<br />

(ficcional, mas inspirado por<br />

personagens e factos reais) do<br />

escritor David Peace. É a história <strong>de</strong><br />

As estrelas do público<br />

um homem embriagado pelo<br />

sucesso, que <strong>de</strong>ixa a sua ambição<br />

transportá-lo para estratosferas<br />

rarefeitas on<strong>de</strong> talvez não esteja<br />

preparado para sobreviver ao<br />

mesmo tempo que volta as costas<br />

àqueles que realmente o apreciam,<br />

cruzando com elegância as esferas<br />

progressivamente mais inseparáveis<br />

do público e do pessoal. Mas que, ao<br />

mesmo tempo, faz um retrato<br />

certeiro da Inglaterra dos anos 1970,<br />

<strong>de</strong>senhando em meia-dúzia <strong>de</strong><br />

pormenores atentos que facilmente<br />

passam <strong>de</strong>spercebidos um espírito<br />

<strong>de</strong> época, recordando o ponto<br />

exacto em que o futebol iniciou a<br />

transição em direcção à bem oleada<br />

máquina contemporânea <strong>de</strong> fazer<br />

dinheiro, no caminho da<br />

mediatização extrema do <strong>de</strong>sportorei.<br />

Como em qualquer história<br />

inglesa, tudo gira à volta da classe<br />

social, do modo como a ambição <strong>de</strong><br />

Clough é propulsionada pela<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se provar digno <strong>de</strong><br />

respeito — embora talvez não do<br />

modo que todos esperariam.<br />

“Maldito United” é também mais<br />

uma lição do “savoir-faire” inglês,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a excelência discreta dos<br />

actores (com óbvio<br />

d<strong>esta</strong>que para<br />

Michael<br />

Sheen e o<br />

“habitué”<br />

<strong>de</strong> Mike<br />

Leigh<br />

Timothy<br />

Jorge<br />

Mourinha<br />

Luís M.<br />

Oliveira<br />

Spall) ao rigor da reconstituição<br />

histórica. É verda<strong>de</strong> que isso<br />

também se po<strong>de</strong> dizer <strong>de</strong> qualquer<br />

telefilme britânico e é verda<strong>de</strong> que a<br />

dimensão caseirinha <strong>de</strong> “Maldito<br />

United” provavelmente era mais<br />

apropriada para o pequeno écrã.<br />

Mas isso é esquecer que um telefilme<br />

inglês tem muitas vezes mais cinema<br />

em cinco minutos que 90 por centro<br />

da produção corrente americana.<br />

Ainda por cima, Tom Hooper,<br />

veterano televisivo a assinar a sua<br />

primeira longa para cinema, injecta<br />

uma série <strong>de</strong> pormenores<br />

atipicamente lúdicos, uma liberda<strong>de</strong><br />

formal (do grão da fotografia às<br />

perspectivas forçadas) que troca as<br />

voltas <strong>de</strong> modo inteligente e<br />

subversivo os lugares-comuns do<br />

“realismo social”. O que faz todo o<br />

sentido num filme sobre o arrivismo<br />

e a ambição – só é mesmo pena que<br />

Hooper termine “Maldito United”<br />

com imagens <strong>de</strong> arquivo que vêm<br />

<strong>de</strong>snecessariamente minimizar as<br />

performances dos seus actores ao<br />

apontar as diferenças físicas entre<br />

alguns <strong>de</strong>les, mas insuficientes para<br />

macular o que ficou para trás.<br />

Este é um filme sobre futebol, mas não sobre o jogo em si,<br />

antes sobre a ambição e os jogos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que o ro<strong>de</strong>iam<br />

Mário<br />

J. Torres<br />

Vasco<br />

Câmara<br />

A Esperança Está On<strong>de</strong> Menos se Espera mnnnn mnnnn nnnnn nnnnn<br />

A Batalha <strong>de</strong> Red Cliff mmmnn nnnnn mmnnn nnnnn<br />

Chéri mmmmn nnnnn mmmmn mmnnn<br />

Distrito 9 mmmmn nnnnn nnnnn mmnnn<br />

Estado <strong>de</strong> Guerra mmmmn mmmmn nnnnn mmmnn<br />

Os Homens que O<strong>de</strong>iam as Mulheres mmnnn nnnnn nnnnn mnnnn<br />

Longe da Terra Queimada mmnnn nnnnn nnnnn mnnnn<br />

Maldito United mmmnn nnnnn nnnnn nnnnn<br />

Séraphine mnnnn mmnnn nnnnn nnnnn<br />

Welcome nnnnn nnnnn nnnnn mmnnn<br />

Natação obrigatória<br />

Welcome<br />

De Philippe Lioret,<br />

com Vincent Lindon, Firat Ayverdi,<br />

Audrey Dana. M/12<br />

MMnnn<br />

<strong>Lisboa</strong>: Me<strong>de</strong>ia King: Sala 1: 5ª 3ª 4ª 14h30, 17h,<br />

19h30, 22h 6ª Sábado Domingo 2ª 14h30, 17h,<br />

19h30, 22h, 00h30; Me<strong>de</strong>ia Monumental: Sala 1: 5ª<br />

6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h10, 17h20,<br />

19h30, 21h40, 24h<br />

Porto: Me<strong>de</strong>ia Cida<strong>de</strong> do Porto: Sala 3: 5ª 6ª<br />

Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, 16h30, 19h, 21h30<br />

O problema em “Welcome” é o filme<br />

não conseguir ser apenas uma coisa<br />

– e ser essa com muita força.<br />

Antes disso: não quis ser<br />

documentário apesar <strong>de</strong> a realida<strong>de</strong><br />

– a concentração <strong>de</strong> imigrantes em<br />

Calais em situação clan<strong>de</strong>stina, para<br />

ali varridos pela turbulência dos<br />

mundos que <strong>de</strong>sabam – <strong>esta</strong>r na<br />

or<strong>de</strong>m do dia e se colar à sua pele.<br />

“Welcome” quis ser ficção,<br />

melodrama, romanesco. Eis, então,<br />

no seu centro, Bilal (Firat Ayverdi),<br />

um iraquiano que tenta chegar a<br />

Inglaterra, on<strong>de</strong> vive a namorada, e<br />

Simon (Vincent Lindon), professor<br />

<strong>de</strong> natação. Encontro a dois entre<br />

um jovem e um quarentão: o<br />

primeiro quer apren<strong>de</strong>r a nadar para<br />

atravessar o canal da Mancha; o<br />

segundo, que vive <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

bolha <strong>de</strong> tristeza e fracasso (um<br />

divórcio), acaba por reparar no<br />

“outro”, no clan<strong>de</strong>stino Bilal, e<br />

ajudá-lo a materializar a sua<br />

obsessão. Por <strong>de</strong>spertar cívico, para<br />

impressionar a ex-<strong>mulher</strong>, por<br />

memória nostálgica da sua própria<br />

adolescência, pelo instinto<br />

paternal que espreita? Por tudo<br />

isso, e Vincent Lindon é<br />

magnífico a fazer passar muito<br />

com pouco, à maneira dos mais<br />

instintivos americanos do<br />

cinema clássico – o filme, temos<br />

<strong>de</strong> ser justos, é-lhe fiel aí. Mas aí<br />

o realizador Philippe Lioret<br />

<strong>de</strong>via ter sido mais obsessivo e<br />

minimal, tal como as suas<br />

personagens.<br />

Voltamos ao princípio:<br />

“Welcome” <strong>de</strong>via ter querido,<br />

com mais força, apenas <strong>esta</strong><br />

relação a dois. Sem se distrair<br />

com a fracassada<br />

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