A garganta do diabo - Cabine Cultural
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que ele já está acostuma<strong>do</strong> a ostentar, Atribuir adjetivos a cada<br />
gesto de ternura que essa mulher lhe oferece. A maneira de<br />
representar nas horas de alegria. O humor nos encontros e nos<br />
passeios. O brilho de seus olhos nos instantes de carinho e o<br />
prazer de sua graça. Não, Sara precisa entender que ele a ama de<br />
fato. Há o ciúme e o perigo de compartilhar com a idéia de<br />
Ubal<strong>do</strong>. Sara não o respeita, não o quer e ultimamente tem saí<strong>do</strong><br />
com colegas, retornan<strong>do</strong> embriagada e cansada para o amor.<br />
“Mas ela possui seus afazeres: a imobiliária, o trabalho<br />
de conclusão <strong>do</strong> curso e a preocupação com a formatura!”<br />
Refletiu conforma<strong>do</strong>.<br />
Paulo Sérgio precisa esperar o fim de semana e a<br />
Colação de Grau. No instante que seu grande amor receber o<br />
diploma e feliz sorrir-lhe com ternura, beijan<strong>do</strong>-o após os<br />
parabéns, ele certificar-se-á que Sara ainda o ama. Ele deseja<br />
salvá-la <strong>do</strong> grande polvo.<br />
Nesta noite Paulo Sérgio espera encontrar Sara meiga e<br />
afável como das outras, as quais havia amor prolonga<strong>do</strong>, segui<strong>do</strong><br />
de carícias e palavras ternas. A mulher cordial e perfumada como<br />
sempre. Bela, prestativa e interessada nos negócios.<br />
Sara agora deixa Paulo Sérgio apreensivo. Ele sempre a<br />
defende, não quer que lhe aconteça nada de grave, acredita que<br />
ela precisa viver. Não lhe passa pela cabeça oferecer a mulher ao<br />
sacrifício para provar que pode ser um tentáculo. Mas parece que<br />
Sara já não o ama. Paulo Sérgio tem conhecimento de como as<br />
mulheres agem quan<strong>do</strong> querem livrar-se <strong>do</strong>s mari<strong>do</strong>s. Fora assim<br />
com as outras namoradas. As mesmas desculpas, os mesmos<br />
argumentos e quan<strong>do</strong> vinham as solicitações de tempo!<br />
Conseqüências: desuniões, aban<strong>do</strong>nos e indiferenças.<br />
Paulo Sérgio sofrera outras desilusões, mas perder Sara,<br />
a mais graciosa e bela de todas. Não! Ele devia estar engana<strong>do</strong>.<br />
Ela ainda não havia dito palavras que deixassem claro a idéia de<br />
separarem-se. Pode ser que não tenha chega<strong>do</strong> o momento certo<br />
para informar-lhe sua intenção.<br />
Então seria o fim. Paulo Sérgio não suportaria conviver<br />
com uma mulher interessada em encontrar os caminhos para<br />
acabar com o grande polvo. É isso, Sara está aproximan<strong>do</strong>-se de<br />
colegas seus que querem cortar os tentáculos <strong>do</strong> grande polvo e,<br />
como Ubal<strong>do</strong> argumentou: Sara devia ser entregue pelo alimento,<br />
salvan<strong>do</strong> o empreendimento, dan<strong>do</strong> continuidade à vida <strong>do</strong><br />
grupo. Como prêmio, Paulo Sérgio receberia de Ubal<strong>do</strong> um<br />
ramo, talvez no futuro fosse o substituto, um novo tentáculo.<br />
Paulo Sérgio encaminha-se ao banheiro, enquanto<br />
espera o retorno de Sara.<br />
Paulo Sérgio pensava que Sara quer o rompimento <strong>do</strong><br />
amor. Mas ela não deseja o fim <strong>do</strong> relacionamento. Precisava<br />
obter mais informações sobre todas as ações <strong>do</strong> grupo. Não seria<br />
inteligente romper com Paulo Sérgio, sem obter qualquer rumo<br />
no encaminhamento das pesquisas. Manteria as aparências<br />
mesmo que fosse um sacrifício, agradar Paulo Sérgio e Ubal<strong>do</strong>.