A garganta do diabo - Cabine Cultural
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Acreditava ser a única vez, não supunha iniciar um<br />
romance com Paulo Sérgio. Tu<strong>do</strong> poderia ser um sonho, assim<br />
como lhe aparecera na imagem <strong>do</strong> anjo, dan<strong>do</strong>-lhe o sinal que em<br />
breve a levaria para outro plano. Via-se leve dentro de vestes<br />
alvas a descer sobre águas correntes e, mesmo no fervor da<br />
alegria, sua alma sentia uma brisa fria sobre seu encontro.<br />
O prazer, sim. Paulo Sérgio foi aquilo que sempre<br />
buscou em seus dias de angústias, mas não podia durar. Foi um<br />
sonho e eles, nunca retornam, mesmo que os procuremos<br />
incessantemente, são raros e quan<strong>do</strong> voltam não são os mesmos e<br />
então, estamos à mercê da liberdade e prestes a partir.<br />
Um beijo e o retorno para encontrar com Marcos<br />
André.<br />
*<br />
Uma suave brisa soprava naquele crepúsculo,<br />
contrastan<strong>do</strong> com as tardes de Foz <strong>do</strong> Iguaçu, que na maioria das<br />
vezes são quentes no verão, sem contar o mormaço contínuo <strong>do</strong>s<br />
dias.<br />
Marcos André já havia retorna<strong>do</strong> ao apartamento onde<br />
residia quan<strong>do</strong> estava em Foz <strong>do</strong> Iguaçu.<br />
Adriana entrou cansada, deu um leve beijo no rosto <strong>do</strong><br />
mari<strong>do</strong> e dirigiu-se ao banho.<br />
Não houve palavras, Marcos André não estava saben<strong>do</strong><br />
o que aconteceu naquela tarde. Sua mulher nunca saía sem avisálo.<br />
Mas naquele dia preferiu comentar sua primeira investida<br />
contra os caprichos dele.<br />
Marcos André não sabia como reclamar, a princípio<br />
acreditava na mulher, era-lhe fiel, servia-o com to<strong>do</strong> carinho e<br />
quan<strong>do</strong> estava disposta a ir às compras, comunicava.<br />
Neste dia saiu sem palavras e ao retornar deu-lhe um<br />
beijo a contra gosto, aumentan<strong>do</strong> a certeza de Marcos André de<br />
que precisava conversar com Adriana e expor os motivos que<br />
estavam prejudican<strong>do</strong> o relacionamento.<br />
- Vamos sair para jantar, Adriana?<br />
- Estou indisposta! Respondeu-lhe ela, desmotivada.<br />
- Fiz um convite como amigo, Adriana, nós precisamos<br />
conversar sobre nosso silêncio. Eu não gosto dessa situação,<br />
afinal existe solução para nosso caso!<br />
- Está bem, vou trocar de roupa. Concor<strong>do</strong>u resignada.<br />
Desta vez foram a um restaurante, sempre ia a bares,<br />
Adriana não costumava jantar e para acompanhar, os bares<br />
agradavam mais, algumas cervejas e uns petiscos.<br />
Marcos André preferiu jantar e para tanto escolheu um<br />
bom restaurante.<br />
- Adriana o que está mesmo acontecen<strong>do</strong> com nossas<br />
vidas? Perguntou Marcos após fazer o pedi<strong>do</strong>.<br />
- Acho que a pergunta devia ser minha, Marcos?<br />
- Pois é, depois daquela noite que saímos à Beira Mar,<br />
cismaste que aquela mulher estava de olho em mim!