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A garganta do diabo - Cabine Cultural

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construí<strong>do</strong>s são seus. Com a soma de capital, ele vinha<br />

conversan<strong>do</strong> com Ubal<strong>do</strong> sobre maior participação nas decisões<br />

da empresa, e, como conseqüência: algumas mudanças no quadro<br />

administrativo haviam de ser efetivadas.<br />

- Que mudança poderia desfavorecer a organização?<br />

- Marcos André pretendia chegar aos arquivos da<br />

organização. Se conseguisse era óbvio que tinha força para<br />

desarticular boa parte <strong>do</strong> grupo e das operações. Nós tínhamos<br />

que nos curvar a seus man<strong>do</strong>s e caprichos. Seríamos seus servos<br />

e comprometi<strong>do</strong>s a seus atos.<br />

- Através de seus colabora<strong>do</strong>res, Adriana, Marcos<br />

André havia comenta<strong>do</strong> com operários sobre possível<br />

envolvimento da construtora e incorpora<strong>do</strong>ra com grupos<br />

subversivos. O que ele não sabia é que Ubal<strong>do</strong> tem sempre, em<br />

qualquer setor da empresa, espiões. Marcos André pecou ao<br />

referir-se com tamanha confiança a um subordina<strong>do</strong>.<br />

- Por exemplo: a quem Marcos André pretendia<br />

substituir na administração?<br />

- A mim! Marcos André não simpatizava com minhas<br />

constantes visitas às obras, queria sempre manter-me distante <strong>do</strong>s<br />

operários e suas decisões, por isso, desejava que Ubal<strong>do</strong> desse<br />

outra incumbência a mim.<br />

- Nas conversas entre você e Ubal<strong>do</strong>, alguma vez houve<br />

colocações sobre mim?<br />

- Adriana! Não tenho nada a comentar sobre você!<br />

Houve referência com relação a tua beleza, mas ninguém<br />

comentou sobre envolvimento.<br />

- Marcos André deixou os bens em nome de Ubal<strong>do</strong>,<br />

mas comprovadamente eu sou a legítima esposa, o que o grupo<br />

pretende fazer comigo?<br />

- Que fique quieta minha cara!<br />

- É sugestão tua?<br />

- Minha, acertou!<br />

- Será que posso pensar melhor, Paulo?<br />

- Não vejo saída, Adriana!<br />

- Que engraça<strong>do</strong>, Paulo, meu mari<strong>do</strong> sofreu um<br />

atenta<strong>do</strong>, atiram-no às águas, mesmo assim querem que fique<br />

calada e, para não ser atirada à Garganta <strong>do</strong> Diabo, tenho que<br />

aceitar um homem igual a você, Paulo? Estou desapontada!<br />

- É a melhor saída, meu amor, afinal, eu gosto de sua<br />

companhia e como já disse, quero viver contigo.<br />

- Francamente, Paulo, você não deve mesmo possuir<br />

artérias, nem coração. A morte para você é conseqüência lógica e<br />

o amor, articulação de pequenas chantagens. Eu confesso que<br />

gostei <strong>do</strong> teu amor, foi bom, mas não faria mais. Não vejo futuro<br />

algum amar um homem como você, comprometi<strong>do</strong> e perigoso.<br />

- Ainda que esteja sen<strong>do</strong> benevolente contigo, Adriana!<br />

Digo mais uma vez, <strong>do</strong>u garantia a você, não quer que aconteça<br />

nada, a menos que pretendas continuar com tuas pesquisas.

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