A garganta do diabo - Cabine Cultural
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-Então, vou entregá-la com as minhas mãos à Garganta<br />
<strong>do</strong> Diabo.<br />
-Tem coragem, sobrinho! Observou Ubal<strong>do</strong>.<br />
-Irei buscá-la.<br />
Quan<strong>do</strong> Marcos André saiu de seu apartamento para o<br />
trabalho nem quis acordá-la para a despedida. Talvez se soubesse<br />
que fosse seu último olhar, ofereceria a ela um último beijo, uma<br />
última palavra, mas nada, somente um triste olhar, observan<strong>do</strong><br />
seu sono tranqüilo e profun<strong>do</strong>. Restava-lhe o consolo de haver<br />
dito a ela que precisava de sua companhia, que estavam uni<strong>do</strong>s<br />
para sempre.<br />
Ao voltar <strong>do</strong> restaurante, Adriana não quis o amor,<br />
demonstrara cansaço. Havia ti<strong>do</strong> o amor de Paulo Sérgio, e o<br />
mari<strong>do</strong> chegara tarde. Marcos André não insistira, estava sob o<br />
efeito alcoólico.<br />
Que sonhos haviam de passar pela cabeça de Adriana<br />
naquele instante: os momentos que Marcos André a convi<strong>do</strong>u<br />
para saber das tramas de Ubal<strong>do</strong>, e, então obter lucros e poder<br />
passear por to<strong>do</strong>s os lugares lin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Somente um<br />
instante, no escritório da madeireira, a coleta de to<strong>do</strong>s os<br />
disquetes e com eles as informações que Marcos André<br />
precisava. Seria um pequeno espaço, um vacilo qualquer, tanto<br />
de Ubal<strong>do</strong>, quanto de Paulo Sérgio e os <strong>do</strong>is estariam sob o<br />
<strong>do</strong>mínio de Marcos André. Poderia ser que Adriana estivesse<br />
sonhan<strong>do</strong> com seu apartamento luxuoso, como Marcos<br />
mencionara. Ou talvez o sonho de sua salvação. Ela indefesa no<br />
colo de Paulo Sérgio e com os desejos impetuosos <strong>do</strong> amor,<br />
ficaria na cama feito um felino a rosnar.<br />
Marcos André nem colocou o carro a funcionar. Tão<br />
logo desceu de seu apartamento para a garagem. Otávio estava a<br />
sua espera no canto <strong>do</strong> prédio. O porteiro não seguiu Marcos<br />
André, por isso, a ação <strong>do</strong> marginal foi rápida e o engenheiro<br />
teve que entregar as chaves.<br />
Não houve palavras, ao alcançar a primeira esquina<br />
Gilberto e Francisco acompanharam o carro que levava Marcos<br />
André. Otávio fez algumas manobras, para a vizinhança não<br />
notar. Os colegas o seguiram por alguns quarteirões, até chegar a<br />
BR-227 que dá acesso à ponte <strong>do</strong> Rio Iguaçu.<br />
Estava tu<strong>do</strong> programa<strong>do</strong>, depois da conversa com<br />
Ubal<strong>do</strong>, Paulo Sérgio procurou seus três companheiros e deu<br />
todas as coordenadas <strong>do</strong> crime. “Esperar o engenheiro, se ele<br />
estiver sozinho, trancá-lo no próprio carro, sair pelas ruas e<br />
provocar um acidente. Deixar o veiculo com Marcos André<br />
dentro e fugir”. Resolução não aceita.<br />
Então, melhor: “Fugir com o carro, executá-lo a<br />
caminho da Ponte Maldita e jogá-lo no Rio”. Resolução não<br />
aceita.<br />
*