A garganta do diabo - Cabine Cultural
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- Como assim? Questionou Marcos André.<br />
- Acredito que durante esse tempo to<strong>do</strong> que trabalhaste<br />
aqui, já tenhas entendi<strong>do</strong> o funcionamento da casa! Piscou<br />
Ubal<strong>do</strong>.<br />
- Como o senhor pode notar, sou um profissional<br />
meramente técnico, não me atenho a observar os pormenores que<br />
envolvem as demais áreas <strong>do</strong> setor, mas é notório que existe<br />
alguma coisa que gera lucros eleva<strong>do</strong>s.<br />
- Bem, amigo não são tão eleva<strong>do</strong>s assim, digamos que<br />
temos um movimento razoável, no entanto, é preciso que se<br />
tenha to<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>. É aí que entra aquela questão inicial. Por<br />
enquanto não tomei as providências necessárias para envolver<br />
Florianópolis nos negócios.<br />
- Está certo, Seu Ubal<strong>do</strong>, concor<strong>do</strong> com seus cuida<strong>do</strong>s,<br />
com to<strong>do</strong> andamento de sua empresa, só não consigo entender<br />
porque Paulo Sérgio merece to<strong>do</strong> seu apreço, enquanto os demais<br />
não detêm sua confiança.<br />
- Marcos André. Tenho a maior admiração por você!<br />
Bom profissional, eficiente nos cálculos, responsável na<br />
execução das obras, caráter intocável, moço bem quisto, quer<br />
mais alguns adjetivos? Não vejo o porquê dessa insegurança! Eu<br />
te admiro muito e jamais vou criar caso com você.<br />
- Mas tu<strong>do</strong> isso não basta, o que to<strong>do</strong>s reclamam é a<br />
falta de segurança que se tem, quan<strong>do</strong> os assuntos são delega<strong>do</strong>s<br />
por Paulo Sérgio.<br />
- O que tem ele? Interessou-se, Ubal<strong>do</strong>.<br />
- É tu<strong>do</strong> o que o senhor sabe! Rancoroso, discordante,<br />
bedelho; intromete-se em tu<strong>do</strong>. Meu setor, por exemplo, quer<br />
<strong>do</strong>minar minha equipe, reclama da construção, mas o mais<br />
funesto são suas investidas nas nossas vidas particulares.<br />
- É muito grave, meu caro Marcos André, reagiu<br />
Ubal<strong>do</strong>, meu sobrinho não pode e, nem deve se envolver com<br />
tais assuntos. Pode deixar, é bom que eu saiba. Tomarei<br />
providências relacionadas a esse rapaz. Contu<strong>do</strong>, não quero que<br />
pensem que ele faz isso a meu man<strong>do</strong>. Preciso que venha sempre<br />
discutir sobre isso, assim acabam as divergências e as coisas<br />
andam melhor.<br />
- Ele anda bisbilhotan<strong>do</strong>, diz que quero descobrir<br />
alguma coisa da empresa, o que não é verdade.<br />
- Terei uma conversa com ele. Fique tranqüilo.<br />
“Queren<strong>do</strong> pesquisar sobre o empreendimento”. Sim,<br />
Ubal<strong>do</strong> ficou por alguns instantes cisman<strong>do</strong> essas palavras de<br />
Marcos André, quan<strong>do</strong> o engenheiro saiu <strong>do</strong> escritório. Nesse<br />
caso teria que tomar algumas providências. As reclamações<br />
referentes a Paulo Sérgio são fatos posteriores a muitas conversas<br />
que o sobrinho vinha ten<strong>do</strong> com ele. Marcos queria saber das<br />
*