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80<br />

Nos anos 1990,<br />

a cobertura de<br />

coleta de lixo melhorou<br />

muito para toda<br />

a população,<br />

mas em 2001 a carência<br />

do serviço entre lares<br />

chefiados por negros era<br />

3,2 vezes maior que entre<br />

os chefiados por brancos<br />

R ELATÓRIO DE D ESENVOLVIMENTO H UMANO - BRASIL 2005<br />

No que toca à coleta de lixo, a cobertura do serviço melhorou substancialmente<br />

no decorrer dos anos 1990 para toda a população brasileira. No entanto, as<br />

desigualdades raciais presentes nesse indicador persistiram durante toda a década.<br />

Entre 1992 e 2001 o percentual de lares chefiados por brancos sem acesso à coleta<br />

passou de 10,7% para 2,6%. No mesmo período, a taxa de lares chefiados por negros<br />

sem acesso ao serviço também foi reduzida significativamente, de 29% para<br />

8,4%. Entretanto, a carência desse tipo de atendimento entre os lares chefiados por<br />

negros permaneceu 3,2 vezes maior que entre os chefiados por brancos.<br />

Nas sociedades modernas, o acesso a energia elétrica constitui um item de primeira<br />

necessidade. Comparada com outros indicadores de acesso a bens de uso<br />

coletivo, essa variável tende a apresentar números relativos menos gritantes no<br />

Brasil. O percentual de lares chefiados por brancos com acesso a energia elétrica,<br />

entre 1992 e 2001, passou de 98,9% para 99,6%. Nesse período, o grande destaque<br />

nesse indicador foi a expansão da cobertura entre os domicílios chefiados por<br />

negros – passou de 95,5% para 98,6%. Esses dados revelam que, apesar da pequena<br />

vantagem para o contingente branco, o serviço foi praticamente universalizado<br />

entre os dois grupos.<br />

Gráfico 9 • Domicílios urbanos com acesso a água potável, segundo a<br />

cor/raça autodeclarada do chefe – Brasil, 1992-2001 (em %)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

89,7<br />

83,3<br />

73,6<br />

90,3<br />

84,1<br />

74,6<br />

Fonte: Ipea, baseado nos microdados da Pnad/IBGE.<br />

91,3 92,5 92,8 93,0 93,6 92,9<br />

85,4<br />

76,5<br />

87,8 87,4 88,6 89,2<br />

80,6 79,5<br />

1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001<br />

EVOLUÇÃO <strong>DEMO</strong>GRÁFICA<br />

Entre 1940 e 1970 o Brasil viveu uma fase de rápido crescimento populacional. Essa<br />

expansão deveu-se à redução da mortalidade, uma vez que a fecundidade se manteve<br />

em níveis elevados. Na década de 1970, porém, as Pnads revelaram que a fecundidade<br />

estava em declínio.Os dados do Censo Demográfico de 1980 indicaram queda<br />

na proporção de crianças de 0 a 9 anos em relação ao total da população, levando<br />

a uma nova tendência em termos da composição etária da população brasileira:<br />

diminuição do peso relativo da população jovem e aumento da participação proporcional<br />

da população idosa.<br />

Entre 1980 e 2000 a Taxa de Fecundidade Total (TFT) brasileira sofreu significativa<br />

redução, passando de 4,32 para 2,37 filhos por mulher. Esse patamar aproximou<br />

o país do nível de reposição (em torno de 2,1 filhos por mulher), aquele que,<br />

81,9<br />

Negro Branco Total<br />

82,6<br />

88,8<br />

82,5<br />

Em 2000,<br />

a participação dos negros<br />

na sociedade brasileira<br />

alcançou 75 milhões<br />

de pessoas, o que faz<br />

do país a segunda nação<br />

negra do mundo,<br />

atrás apenas da Nigéria<br />

81<br />

em uma população fechada, faz com que esta tenha crescimento zero. No que se refere<br />

à evolução da fecundidade das mulheres segundo a cor/raça autodeclarada, os<br />

dados do Atlas Racial Brasileiro indicam que a TFT das mulheres brancas, entre 1980<br />

e 2000, caiu de 3,50 para 2,05 filhos por mulher, o que representa encolhimento de<br />

41%. Entre as mulheres negras a redução foi maior ainda – de 5,48 para 2,77 filhos<br />

por mulher (declínio de 49%). Assim, a TFT das mulheres negras, que era 56,7%<br />

superior à das mulheres brancas em 1980, recuou para 35,1% em 2000.<br />

Apesar da queda da taxa de fecundidade das mulheres brasileiras, um dos<br />

fatos a serem destacados é a elevação da fecundidade das adolescentes, isto é, o aumento<br />

do número médio anual de nascidos vivos por jovem na faixa de 15 a 19<br />

anos. Entre 1980 e 2000 a participação relativa da fecundidade das adolescentes na<br />

fecundidade total mais que dobrou, passando de 7,6% para 16,5%. Esse aumento<br />

se deve, em grande parte, à queda da fecundidade das mulheres dos grupos etários<br />

mais velhos. A taxa de participação das adolescentes brancas e negras na fecundidade<br />

total indica que, em 1980, não havia diferença entre os dois grupos (8% em<br />

ambos). Em 1991 a participação relativa da fecundidade das jovens brancas na fecundidade<br />

total era ligeiramente maior que a das meninas negras (12,9%, contra<br />

12,3%). Já em 2000 os índices passaram para 15,5% e 17,1%, respectivamente.<br />

De 1940 a 2000 a taxa de crescimento anual da população branca foi de 2,09%<br />

ao ano, inferior à da população negra, que chegou a 2,78%. Essa diferença pode ser<br />

resultado de três fatores: maiores taxas de fecundidade da população negra; processo<br />

de miscigenação da população, que geraria o aumento mais rápido do percentual<br />

de pardos; e, ainda, migração entre as categorias de cor/raça quando diferentes censos<br />

são comparados, ou seja, as pessoas podem ter mudado sua declaração sobre essa<br />

categoria ao longo do tempo 22 .Pelos censos oficiais, em 1960 mulheres e homens negros<br />

correspondiam a 38,5% do total de brasileiros (ver gráfico 10).Vinte anos depois<br />

esse contingente representava 45,2% da população do país. Passadas mais duas<br />

Gráfico 10 • Composição da população brasileira, segundo cor/raça<br />

autodeclarada e sexo – Brasil, 1940-2000 (em %)<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

18,2 19,0 19,3 22,4 23,7<br />

31,8 31,2 30,8 27,9 27,0<br />

17,9 18,2 19,2 22,8 24,2<br />

32,1 31,1 30,7 26,9 25,1<br />

1940 1950 1960 1980 1991 2000<br />

Mulheres<br />

negras<br />

Mulheres<br />

brancas<br />

Nota: O Censo Demográfico de 1970 não coletou informações sobre cor/raça.<br />

Fonte: Observatório AfroBrasileiro, baseado em dados dos Censos Demográficos do IBGE.<br />

Homens<br />

negros<br />

22,5<br />

Homens<br />

brancos<br />

22,5<br />

28,3<br />

23,2<br />

26,0

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