Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente
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Eu sinto coisas, vede como meus pêlos se arrepiam nessa hora, senhores!<br />
Quem sabe uma hermosa barbarella, daquelas que blafesmam contra os homens<br />
maus e outras lendas?<br />
“Os anjos, Barbarella, não têm memória”, diz o safa<strong>do</strong> <strong>do</strong> ícaro humaníssimo que<br />
avoa com a galega e a morena pelo céu cinesmacope.<br />
Ela se aproxima.<br />
Eu sinto coisas.<br />
Quem sabe?<br />
Que entre uma mestiça como Vênus, que entre uma negra gigante pantagruélica,<br />
chutan<strong>do</strong> a porta <strong>do</strong> saloon de mi corazón, com suas lindas botas de couro de lagartos<br />
vulcânicos fossiliza<strong>do</strong>s na pedra fria da pós-cornitude absoluta.<br />
Cap. XV - De una milonga para um hombre de poucos dentes<br />
Quan<strong>do</strong> entreguei meu hermoso pangaré paraguayo para o flanelinha perneta pastorear,<br />
to<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> é pouco, kabrones, este caballo es mi bida sobre quatro patas, el trova<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />
pampas entoava sua “Milonga para um hombre de poucos dentes”. Dei uma olhadinha para<br />
trás, Chivas sorria com aquele seu ímpar focinho de cavalo da<strong>do</strong>, pero orgulhoso como nunca<br />
dantes, dublan<strong>do</strong> la canción que tocava àquela hora:<br />
“Mor<strong>do</strong> com vontade a carne que me sobra com os poucos dentes que me restam”.<br />
El trova<strong>do</strong>r punk, el rey <strong>do</strong> punk-brega, evolui na milonga.<br />
Cisos, molares e caninos que caem e não contamos.<br />
Só os cavaleiros que sabem perder diariamente desconhecem o fracasso.<br />
Por to<strong>do</strong>s los diablos.<br />
IAAH-AAHH! EIAA!<br />
SOBE.<br />
DESCE.<br />
Vinte e duas tequilas e volto como um fantasma claustrofóbico <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Edifício<br />
Martinelli, arma<strong>do</strong> de Tex Willer até as esporas, tiros e mais tiros no centro nervoso de San Pablo.<br />
Impossível fingir-se de cool quan<strong>do</strong> a vida à vera atinge a veia bufante e amorosa<br />
<strong>do</strong>s nuestros infernos.<br />
Tu<strong>do</strong>, cavaleiro, menos metáforas nessa hora!<br />
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