17.04.2013 Views

Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cap. XII - Donde atiramos em aves-petiscos<br />

Com o tempo passamos a perceber o grau de parentesco entre as noitadas pelo rastro de<br />

merdas que deixamos sob luas minguantes e a falta de memória sobre elas nos dias seguintes.<br />

E é fazen<strong>do</strong> merda, como me avisou, noutro adágio particularíssimo, uma galega de<br />

codinome Miss Norma Culta, é fazen<strong>do</strong> merda, disse-me, que adubamos a vida. Me gusta<br />

adubar la existência com a merda <strong>do</strong> perigo, merda esta cujo cheiro abafo com o perfume da<br />

coragem, esse luxo de pequeno frasco que nem sempre trazemos nos nossos alforjes de<br />

mata<strong>do</strong>res borrachos.<br />

Por mais que os cavaleiros alia<strong>do</strong>s tentassem me proteger das garras <strong>do</strong> inimigo, o<br />

Gigante Tatua<strong>do</strong>, àquela altura o maior homem <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, cara quadrada, olhos amarelos de<br />

assassino viking e hiperbólico, <strong>do</strong>is metros e tanto, olhos de pistoleiros <strong>do</strong> Rio Jaguaribe, o rio<br />

mais seco da Terra, não conseguiam os cavaleiros, de tão borratchos que os caballeros já<br />

estabam àquela altura, jornada que habia começa<strong>do</strong>, com brindes de tequila, tilintares aos<br />

montes, tertúlia ao lusco-fusco, quan<strong>do</strong> os ponteiros dividiram o relógio de parede ao meio, em<br />

<strong>do</strong>is dês, duas luas, duas bundas, quan<strong>do</strong> aquela bruma melancólica prevalece sobre a<br />

existência sem luz, assim pastosa.<br />

115

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!