Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente
Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente
Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Desiludi<strong>do</strong>, Conselheiro corre para o então sítio Tamboril, também nas proximidades,<br />
onde dedica-se a alfabetizar aquela gente. Sua missão ajudava-lhe a esquecer <strong>do</strong>s<br />
acontecimentos, <strong>do</strong>nde se sabe que muitos cornu<strong>do</strong>s, para voltarmos ao mun<strong>do</strong> de hoje, correm<br />
a fundarem ONGs, organizações não-governamentais, para salvar o universo da fogueira<br />
gigante que se aproxima, <strong>do</strong>nde também tem que ser dito que nem to<strong>do</strong> ongueiro és um<br />
chifru<strong>do</strong>, por supuesto, que a sentença valha apenas para quem a essa altura já enfiou a<br />
carapuça sobre os incatáveis piolhos da desconfiança.<br />
No caso <strong>do</strong> bravíssimo Conselheiro, por supuesto, havia mesmo por trás uma mulher<br />
daquelas capazes de arruinar uma vida, desgraçar com nuestra existência, hoder com tu<strong>do</strong>,<br />
daquelas que nos deixam a nadar no seco, pensan<strong>do</strong> em solamente duas coisas: dar um tiro no<br />
toitiço ou salvar o mun<strong>do</strong> na mais ingrata das luchas perdidas como são todas as lutas épicas.<br />
Esta mulher se chamava...<br />
Nunca houve um batismo mais hermoso!, preparem-se.<br />
Esta mulher, senhoras e senhores...<br />
Donde esta mulher se chamava Joana Imaginária.<br />
Si, reparem o que vem a ser o destino, uma fêmea cuja pia batismal da paróquia de<br />
Santa Quitéria havia banha<strong>do</strong>, naqueles i<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mil e oitocentos y macaúbas, com o santo<br />
nome de... Joana Imaginária.<br />
Com Joana Imaginária, além <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is meninos antes relata<strong>do</strong>s, tivera mais um<br />
come<strong>do</strong>rzinho-de-favas sob fartos-sóis semi-ári<strong>do</strong>s, pelo que supõe o inquérito biográfico deste<br />
que vos bafeja o cangote. Sim, Joana fertilizara outra criatura no seu ventre-massapê<br />
cacimboso, molhadinho meu deus, fogosa, barro liguento, favas debulhadas na pouca chuva<br />
de março, por amor, fêmea de responsa, era a própria chuva no lugar que nem o divino, como<br />
seria <strong>do</strong>s seus afazeres, molhava o roça<strong>do</strong> de nuncas.<br />
No baú de couro de onça curtida pelos sóis <strong>do</strong>s poucos sorrisos <strong>do</strong> avô deste<br />
biógrafo de sertanejas miragens, encontra-se até os dias que correm um folheto de feira<br />
que diz, entre outras sextilhas:<br />
Do barro que sobrou de Eva<br />
Deus reproduziu uma binária,<br />
Mol<strong>do</strong>u, esculpiu, ave, benzeu...<br />
Aquela costela das arábias...<br />
E daquela fôrma nunca mais saiu<br />
Uma fêmea como Joana Imaginária!<br />
A sina de Conselheiro, porém, era correr desertos. Um homem infinitamente maior <strong>do</strong><br />
que os chifres to<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, isso é pilhéria, prosa de quinta diante da sua fortuna<br />
passarinhosa que o puxava pelas unhas para largar mun<strong>do</strong>s e aprofundar-se, castelo dentro de<br />
castelo, casca dentro de casca <strong>do</strong>s couros <strong>do</strong>s répteis da existência tatuzosa y garatuja.<br />
Um desses homens sem acostamentos, desses homens maiores <strong>do</strong> que a vereda que<br />
aparece na vista escura em noite erma e desvagaluminada de um tu<strong>do</strong> e para sempre, glosa.<br />
31