17.04.2013 Views

Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

gauches, cucarachos, seus índios, embolora<strong>do</strong>s, mendigos de olhos baixos e nada altivos,<br />

vende<strong>do</strong>ra de flores letales, putinha <strong>do</strong> lin<strong>do</strong> cabaré da Galega... Bem sabes que depois <strong>do</strong>s 12,<br />

13 já és mulher se estiveres en la calle e sob o olhar bestial <strong>do</strong>s imbecis <strong>do</strong>s homens de sempre,<br />

nunca tiveres pai? Bem sabes que depois que botas o dedinho e assombra a mãe, bem sei que<br />

dás no mínimo para o pastor <strong>do</strong> bairro, para o traficante de la calle, não me enganas, pensas<br />

que vou cair na tua e no truque politicamente correto combina<strong>do</strong> com a polícia, com a ONG,<br />

com o jornalista que finge proteger-te e só enche de sorriso a gerente e a conta bancária dele<br />

miesmo?... Porque a fêmea já nasce com 30 anos para cima, não existe criança-mulher, a<br />

mulher já nasce balzaquiana, minha mãe me teve aos 14, debaixo de um sol para lá de árabe,<br />

dane-se cigana vagaba de Itapevi, essa Andaluzia deslocada aqui na perifa de San Pablo, que<br />

sempre me diz a mesma coisa, “tem uma chica morena que te ama, mas cuida<strong>do</strong> com a loira,<br />

fica esperto também com alguém que te odeia na firma”, por que não adivinhas as mierdas de<br />

tu própria erristência sua Carmen fuleira? Como se eu ainda tivesse trabalho depois <strong>do</strong>s 44,<br />

caguei pro fim <strong>do</strong> trabalho e <strong>do</strong>s dias, fodam-se Marx, o corvo de Pasollini e Hesío<strong>do</strong> juntos na<br />

mesma tumba, morra velhinha escrota e chantagista de esmolas, você também filho da puta<br />

que me mostra essa costura de uma cirurgia na barriga, marketing da miséria, porra, e diz que<br />

precisa de dinheiro para comprar remédio e comida, pois só te encho a mão suja de moedas<br />

porque sei que é para a cachaça, para o conhaque mais ordinário, para a anestesia possível,<br />

aquele conhaque de gengibre que, na companhia da caspa <strong>do</strong> capeta, te esquenta o la<strong>do</strong> ruim<br />

das idéias, ou para a catuaba selvagem <strong>do</strong> pau duro que vai te obrigar a <strong>do</strong>rmir de valete nas<br />

ruas com outros machos, o cachimbo final de crack, tomara, vagabun<strong>do</strong>s, quem manda terem<br />

vidas passadas de nababos, miseráveis, projenetas, conheço vossa raça, seus refugos, tartarugas<br />

ninjas <strong>do</strong> esgoto das saúnas, Mister Subsolo, pensas que reina?, faxineiras de porras dessa rua<br />

gosmenta, criaturas imundas, respeitem e chorem pelo menos as mortes <strong>do</strong>s inocentes policiais<br />

tomba<strong>do</strong>s pelos Gângsteres <strong>do</strong> <strong>Sol</strong> Quadra<strong>do</strong>.<br />

(...)<br />

Vontade de atirar esses ladrilhos soltos nesses cafetões e em toda essa raça imunda,<br />

essas putas escravas que ficam acorrentadas nos porões tão logo os néons de la calle apagam,<br />

ai ficam todas sonsas e santinhas, sonsas, até para ver o sol elas pagam uma taxa a Cristo.<br />

Gosto de vê-las no almoço, às cinco, seis, o crepúsculo incidin<strong>do</strong> sobre a gema <strong>do</strong>s ovões<br />

estrela<strong>do</strong>s sobre os bifões <strong>do</strong>s pratos-feitos, os pê-efes <strong>do</strong>s botecos aqui da área, mesas repletas<br />

<strong>do</strong>s seus possíveis sóis internos, duvi<strong>do</strong> que sóis elas tenham à vera.<br />

Dores baratas que não me comovem mais, de vós me despeço, amém.”<br />

(...)<br />

81

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!