17.04.2013 Views

Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“A cidade tosse como um índio com febre”, ela disse, língua trôpega a obnubilar-me,<br />

mal um beijo, partiu-se, um cheiro de cocaína vagabunda nas narinas, raspa de parede, longe<br />

de ser o pó mais bíblico que sai da sua Bolívia querida, os cabelos cheiran<strong>do</strong> a maconha das<br />

beiradas <strong>do</strong> Rio São Francisco, alma comovente por flores e erros, pele riscada à faca e agulhas<br />

de costura das fabriquetas coreanas <strong>do</strong> bairro <strong>do</strong> Bom Retiro.<br />

“Eu preciso cortar os cabelos da minha alma”, disse mais adiante para um rapaz<br />

xamânico de mesma calle.<br />

Feras enfeitavam-lhe as sobrancelhas.<br />

Os olhos obedeciam ao corte clássico que nos faz pensar que os orientais deram mesmo<br />

origem às tribos sul-americanas. Nada me faz cair nas modernas teorias, fico com a tese <strong>do</strong><br />

estreito de Beiring, embora sempre tenha coisa nova sobre tal assunto, ah..., mas os olhos não<br />

negam, o corte, o desenho, que classe, parecem assim uma pincelada de um surrealista ou<br />

propriamente o corte da navalha <strong>do</strong> cão andaluz. No olho, lâmina que corta o rio das<br />

lágrimas como quem inventa o caminho sobre o Mar Vermelho.<br />

Quan<strong>do</strong> montei no cavalo, Parque da Luz, avistei Esperanza, já ao longe, era uma onça<br />

que saltava sobre os veículos até chegar à toca, capôs amassa<strong>do</strong>s pelos joelhos da beleza.<br />

85

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!