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Caballeros Solitários Rumo do Sol Poente

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A jornada havia começa<strong>do</strong>, com tragos rebate<strong>do</strong>res, ali nos arre<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Parque da<br />

Aclimación, primeiro num restaurante coreano, <strong>do</strong>nde comemos língua de vaca no fogãozinho<br />

aceso na própria mesa; depois, bebemos aguardientes e escrevemos nuestros nombres com o<br />

giz <strong>do</strong> pó bíblico, pelo menos as iniciais, dele viemos a ele voltaremos, já na taberna <strong>do</strong>s<br />

caça<strong>do</strong>res, a<strong>do</strong>nde cada freguês recebe, das mãos de uma hostess e ex-vegetariana, uma<br />

espingarda para matar os seus petiscos e tira-gostos, pero só conseguimos acertar uma gigante<br />

avestruz modificada pelos poluentes, que se comporta como se tivesse espírito de uma velha<br />

pomba-ratazana gigante que não <strong>do</strong>rme nunca. Quan<strong>do</strong> tenta <strong>do</strong>rmir, espinhos enferruja<strong>do</strong>s<br />

debaixo das asas lhe espetam o corpo, como os tetéus, Belonopterus cayennesis, aves que<br />

nunca <strong>do</strong>rmiram o sono <strong>do</strong>s justos, seres da zoologia fantástica de San Pablo.<br />

Comemos a tal anomalia à passarinho, me gustan las anomalias urbanas com cervejas<br />

pretas e uísques caubóis, nossa celebración preferida aqui neste deserto, como sempre fazemos<br />

para pastorear nuestras perdas diárias, nuestro rebanho de fracassos clona<strong>do</strong>s, fiapos de lãs de<br />

pacatas ovelhinhas losers a tomarem siempre nuestros cérebros, os ponteiros ultrapassam as<br />

seis horas de la noche em San Pablo, tão logo as rádios AMs tocam a “Ave Maria” de Schubert,<br />

nem contan<strong>do</strong> carneirinhos e ovelhinhas <strong>do</strong>llys <strong>do</strong>rmiremos, nem adianta desejar-nos buenas<br />

noches kabrones.<br />

Cap. XIII - Do cãozinho gospel, vira-lata abençoa<strong>do</strong><br />

Só escapei <strong>do</strong> Gigante Tatua<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> meu cãozinho gospel, regallo <strong>do</strong> amigo<br />

Schiavon, latin<strong>do</strong> línguas pentencostales as mais intensas, aplicou o mais baixo <strong>do</strong>s golpes,<br />

baixo até mesmo para o mais amoral <strong>do</strong>s perros, mesmo para um vira-lata, e o tal engenho e<br />

arte quase deixa o gigante tatua<strong>do</strong>, tatua<strong>do</strong> com signos de prisões russas de um raro livro de<br />

sebos de San Petersburgo, e quase deixa o gigante tatua<strong>do</strong> sem los uevos, compadre, los uevos<br />

de oro. Los testículos, compreendes, como não me deixa mentir, cá está, o compay Pedro A.<br />

Cabballero.<br />

Meu cãozinho gospel se trata de um velho fareja<strong>do</strong>r aposenta<strong>do</strong> da Delegacia de<br />

Narcóticos, agora com nariz evangélico incapaz de sentir o cheiro de uma montanha <strong>do</strong> legítimo<br />

pó colombiano.<br />

Cap. XIV - Donde o vira-lata de Jesus cospe nacos da cueca inimiga<br />

“Buenas noches, kabrones!”, sau<strong>do</strong>u el cantante da “milonga para um hombre de<br />

pocos dentes”, nuestro Pablo, por supuesto, gaúcho de origem alemã, de origem, como<br />

eles orgulhosamente dizem, egresso das curvas <strong>do</strong> Rio Guaíba, no sul da República<br />

Federativa del Brasillll.<br />

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