Cap. V - Da poesia apenas como um descui<strong>do</strong> e de uma bicicleta que se pedala ao infinitum A poesia é como andar de bicicleta pela primeira vez, mi hija, escoriações nos joelhos para siempre. No que Viridiana faz <strong>do</strong>s aros <strong>do</strong>s óculos gigantes <strong>do</strong> seu pai as rodas de uma bicicleta e pedala ao infinito. Montada na sua bicicleta, transpassa as telhas e goteiras por onde pinga a vida e alcança os céus como a bicicleta <strong>do</strong> filme E.T., é isso que ela lembra de imediato, ainda a subir ao cielo. Viridiana percorre as galáxias em um segun<strong>do</strong>. Viaja, viaja... e volta cheia de histórias e confabulações. Ficou impressionada com a hora <strong>do</strong> rush <strong>do</strong>s discos voa<strong>do</strong>res. Viridiana só conseguiu voltar para casa gracias a uma busca no Google Earth! 43
Eis a sua piadinha recorrente e sem graça quan<strong>do</strong> narra a sua viagem verdadeira. Mi hija, por favor, mas amor e devoção aos verdadeiros sueños. Somente sete luas depois tentei te responder a contento, Viridiana, puxan<strong>do</strong> na memória quan<strong>do</strong> eu tinha ouvi<strong>do</strong> pela primeira vez na vida a palavra poeta. Não, filha, andar de bicicleta pela primeira vez é comovente, um acontecimento <strong>do</strong> outro mun<strong>do</strong>, mas ainda não é poesia. Poesia é apenas um descui<strong>do</strong>, mi hija, está mais para a queda mesmo, por supuesto. Quan<strong>do</strong> um prato de feijão e sonho, quente, caía descuidadamente da mão de alguém, plaft no cimento vermelho <strong>do</strong> chão da nossa casa, tua abuellita gritava: “Ah, o poeta, o poeta outra vez a me dar prejuizo!” Portanto, o poeta é alguém com a cabeça nas nuvens, lesadito, distante e que quebra pratos como um grego involuntário, entiendes? Quan<strong>do</strong> tu abuella chamou teu pai de poeta pela primeira vez, já sabia que estava perden<strong>do</strong> o seu pintassilgo para el corazon das chicas, perden<strong>do</strong> para las ro<strong>do</strong>viárias, os tantos pneus <strong>do</strong>s caminhões e ônibus, la calle, los desiertos, las carreteras, as partidas que furtam os pobres hijos de las madres e os põem no acostamento de la erristença, las margens de la bida. Filha, hay una maldición, assombración, na palabra poeta! Mal saía <strong>do</strong>s cueros, tu padre já provava que era um andarilho. O primeiro me<strong>do</strong> de mi madre foi com os ciganos, cujos ban<strong>do</strong>s eram muito comuns nos anos 1970 nos sertões brasileños. Quan<strong>do</strong> ela dava fé, teu futuro padre ao longe, lombo de jegue, ou pangaré toca<strong>do</strong> pelos ciganitos. Mas como tu abuello, sempre estava, por mero acaso, no ponto futuro <strong>do</strong> caballero delirante... Teu padre era resgata<strong>do</strong>. Todas as vezes em que teu padre ia fugin<strong>do</strong>, morto de feliz, deu-se <strong>do</strong>s ciganos pararem justo no povoa<strong>do</strong> onde teu abuello estava beben<strong>do</strong>. Mas se meu pai emborrachou-se em to<strong>do</strong>s os cantos <strong>do</strong>s sertões ao mesmo tempo, pensava quan<strong>do</strong> mi madre fazia escândalos, claro que tu padre sempre estaria, infelizmente, salvo <strong>do</strong>s amables e manhosos ciganos. Talvez teu padre confiasse nisso naquelas fugas primárias. Meu pai borracho morria de rir quan<strong>do</strong> me via nos lombos <strong>do</strong>s pangarés <strong>do</strong>s gipsys-punks. Um poeta que não derruba pratos no chão e que nunca está nas nuvens, hija, chama-se gângster, de tão preciso e necessário nos seus versos fumegantes. 44
- Page 2 and 3: CABALLEROS SOLITÁRIOS RUMO AO SOL
- Page 4: CABALLEROS SOLITÁRIOS RUMO AO SOL
- Page 7 and 8: “Só o leitor que salta me import
- Page 10: PARTE I - Na escadaria do manicômi
- Page 13 and 14: Nem mesmo os morcegos em festim sob
- Page 15 and 16: Uma mulher ainda sem nome, pernas n
- Page 17 and 18: O inferno sobre botas se aproxima.
- Page 19 and 20: Cap. IV - Dos esquecidos, los olvid
- Page 21 and 22: Especulava-se toda sorte de simboli
- Page 23 and 24: Cap. VI - Do bravo cavalo que derru
- Page 25 and 26: Cap. VII - Do Pentecostes e dos ox
- Page 27 and 28: As estátuas de Luiz Vaz de Camões
- Page 29 and 30: Cap. X - Do “Caderno de Alumbrame
- Page 31 and 32: sua linha biográfica, sua históri
- Page 33 and 34: Cap. XIII - Da sina maldita ou corn
- Page 35 and 36: O agora fabuloso cavaleiro Fodasno
- Page 37 and 38: Cap. XV - Dos Gângsteres do Sol Qu
- Page 39 and 40: PARTE II - Das viagens de um salta-
- Page 41 and 42: Quando eu tentava acertar o passo t
- Page 43: Cap. IV - Do poeta e por acaso da p
- Page 47 and 48: A mesma piedra, si si si, que amola
- Page 49 and 50: Tratava-se de uma esverdeada coxa d
- Page 51 and 52: A imagem mais triste de qualquer fa
- Page 53 and 54: sobre as suas patas cansadas. Não
- Page 55 and 56: Nem o skate que se dilacera solitá
- Page 57 and 58: Chivas ainda não sabe que podemos
- Page 59 and 60: Sem o pangaré paraguayo, o cavalei
- Page 61 and 62: Ressacón tem um mantra infalible:
- Page 63 and 64: Em sendo mulher, então, não nos c
- Page 65 and 66: O pior é que Deus descumpriu o seu
- Page 67 and 68: frescura obrigatória de ser vampir
- Page 69 and 70: Até inventei, com o meu bom cavalo
- Page 71 and 72: Cap. XXV - Donde El Domador de Yaca
- Page 73 and 74: -Era minha mulher... Sabe o João-d
- Page 75 and 76: Não, creio que seja apenas um dos
- Page 77 and 78: “Uma noite...” “Uma noite...
- Page 79 and 80: “Posso tocá-la como o king-kong
- Page 81 and 82: As vozes da noite não têm dono, i
- Page 83 and 84: Cap. XXXIII - De uma bala perdida q
- Page 85 and 86: Miss Soledad era o batismo da mesti
- Page 87 and 88: Cap. XXXVIII - Donde o cavalo do su
- Page 89 and 90: “Tenta desenhar um oito com o rab
- Page 91 and 92: Cap. XLII - De un muambeiro corazó
- Page 93 and 94: Cap. I - Do observatório dos roedo
- Page 95 and 96:
O velhaco sebista do qual tratamos
- Page 97 and 98:
Lá estão, deixa eu limpar meus ó
- Page 99 and 100:
Cap. V - Donde conhecemos don Lesei
- Page 101 and 102:
Coitado, demente! Esse aí dormiu a
- Page 103 and 104:
Cap. IX - De la dinâmica de la bid
- Page 105 and 106:
Viajar é perder lugares, mujeres,
- Page 107 and 108:
Antes de seguirmos viagem, porém,
- Page 109 and 110:
Cool de cu é rola, diz o eco que v
- Page 111 and 112:
“I´m a Lonely boy I'm a Lonely b
- Page 113 and 114:
“Te juega!”, só ouvi o silvo r
- Page 115 and 116:
Lembrei, tango ao longe, do que hav
- Page 117 and 118:
A jornada havia começado, com trag
- Page 119 and 120:
Assim como os mais vivos, los muert
- Page 121 and 122:
Juliana, me fale um pouco sobre as
- Page 123 and 124:
Jesus, que me perdoe, mas hei de ac
- Page 125 and 126:
Agora os urubus, na fissura da carn
- Page 127 and 128:
"A família Jivaro é um lupanar no
- Page 129 and 130:
“É, na outra chacina os caras pe
- Page 131 and 132:
130
- Page 133 and 134:
Na sela solitária 151 da penitenci
- Page 135 and 136:
No entanto, teremos vencido! (Terem
- Page 137 and 138:
“É lucro, porque para os bandido
- Page 139 and 140:
ÉPILOGO CAUBÓI PARA O LEITOR AIND
- Page 141 and 142:
Muito prazer, EDITORA DO BISPO Bisp
- Page 143 and 144:
Mídias, Máfias & Rock’n’Roll
- Page 145 and 146:
144