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Municípios devem assumir a tributação do ... - Vida Económica

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Rui Fiolhais, gestor <strong>do</strong> programa, afirma que adesão inicial superou expectativas<br />

Incentivos pedi<strong>do</strong>s ao POPH<br />

atingem os sete mil milhões de euros<br />

<strong>Vida</strong> <strong>Económica</strong> – O Programa<br />

Operacional Potencial Humano<br />

(POPH) representa cerca<br />

de 37% <strong>do</strong>s apoios estruturais<br />

a serem distribuí<strong>do</strong>s entre<br />

2007 e 2013. Como está a<br />

decorrer esta primeira fase de<br />

candidaturas?<br />

Rui Fiolhais – No fecho <strong>do</strong> primeiro<br />

ciclo de concursos, diria que<br />

o balanço é claramente positivo.<br />

Foram recebidas mais de 12 mil<br />

candidaturas, correspondentes a um<br />

montante global de financiamento<br />

solicita<strong>do</strong> na ordem <strong>do</strong>s sete mil milhões<br />

de euros. Abrimos concursos<br />

para cerca de 80 tipologias, 35 das<br />

quais nas regiões convergência (Norte,<br />

Centro e Alentejo). A adesão <strong>do</strong>s<br />

opera<strong>do</strong>res superou as expectativas,<br />

sen<strong>do</strong> revela<strong>do</strong>r <strong>do</strong> grande interesse<br />

que o Programa tem vin<strong>do</strong> a despertar<br />

na sociedade portuguesa.<br />

VE – O POPH define-se como<br />

foca<strong>do</strong> nos resulta<strong>do</strong>s e na qualidade<br />

das intervenções. Que<br />

balanço faz <strong>do</strong>s programas an-<br />

sexta-feira, 23 Maio de 2008 qren 7<br />

“A adesão <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res superou as expectativas, sen<strong>do</strong> revela<strong>do</strong>r <strong>do</strong> grande<br />

interesse que o Programa tem vin<strong>do</strong> a despertar na sociedade portuguesa”<br />

— afirma à “<strong>Vida</strong> <strong>Económica</strong>” Rui Fiolhais, gestor <strong>do</strong> Programa Operacional<br />

Potencial Humano (POPH).<br />

O POPH recebeu, na primeira fase de consursos, mais de 12 mil candidaturas,<br />

correspondentes a um montante global de financiamento solicita<strong>do</strong> na ordem<br />

<strong>do</strong>s sete mil milhões de euros.<br />

A prioridade <strong>do</strong> POPH é, em primeira linha, a de “contribuir para superar o<br />

défice de qualificações da população portuguesa, vencen<strong>do</strong> aquela que é uma<br />

das maiores debilidades <strong>do</strong> capital humano nacional” , acrescenta.<br />

teriores e como espera avaliar<br />

os resulta<strong>do</strong>s e a qualidade das<br />

intervenções na fase de apreciação<br />

e de pós-aprovação?<br />

“O tempo é de concentrar recursos e de os aplicar de forma selectiva em projectos sustentáveis”,<br />

afirma Rui Fiolhais.<br />

RF – O balanço da experiência<br />

<strong>do</strong> QCA III (Quadro Comunitário<br />

de Apoio) está bem reflecti<strong>do</strong> no<br />

modelo de governação <strong>do</strong> QREN<br />

(Quadro de Referência Estratégica<br />

Nacional), que valoriza os princípios<br />

da concentração, da selectividade<br />

e da sustentabilidade financeira.<br />

O facto de o POPH concentrar<br />

valências que estavam dispersas por<br />

mais de uma dezena de programas<br />

diz tu<strong>do</strong> sobre as vantagens que se<br />

esperam de uma gestão integrada<br />

<strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s comunitários. O tempo<br />

é de concentrar recursos e de os<br />

aplicar de forma selectiva em projectos<br />

sustentáveis.<br />

A avaliação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e da<br />

qualidade das intervenções será<br />

feita com base num sistema de<br />

indica<strong>do</strong>res de acompanhamento<br />

e desempenho e em avaliações de<br />

carácter estratégico ou operacional.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, serão sistematica­<br />

mente desenvolvidas, por amostragem,<br />

verificações administrativas<br />

“on desk” e “on spot”, orientadas<br />

para a aferição da qualidade da execução<br />

<strong>do</strong>s projectos.<br />

VE – A taxa de desemprego<br />

nacional tem assumi<strong>do</strong>, nos<br />

últimos tempos, valores eleva<strong>do</strong>s<br />

e constantes. Que medidas<br />

estão previstas neste programa<br />

de combate ao desemprego de<br />

apoio no regresso à vida activa<br />

e da integração <strong>do</strong>s jovens no<br />

merca<strong>do</strong> de trabalho?<br />

RF – O POPH constitui uma<br />

ferramenta financeira de suporte a<br />

políticas públicas orientadas para<br />

esses objectivos. Pela sua importância,<br />

destacaria as tipologias de intervenção<br />

inseridas no Eixo 5 <strong>do</strong> Programa,<br />

que compreende diferentes<br />

instrumentos que visam promover<br />

o nível, a qualidade e a mobilidade<br />

<strong>do</strong> emprego, priva<strong>do</strong> e público, nomeadamente,<br />

através <strong>do</strong> incentivo<br />

ao espírito empresarial, <strong>do</strong> apoio à<br />

integração no merca<strong>do</strong> de trabalho<br />

de desemprega<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> apoio à transição<br />

de jovens para a vida activa e<br />

<strong>do</strong> incentivo à mobilidade. Entre<br />

as medidas previstas sobressaem<br />

os apoios à contratação e à criação<br />

<strong>do</strong> próprio emprego, bem como os<br />

estágios profissionais, incluin<strong>do</strong> o<br />

financiamento <strong>do</strong>s Programas InovJovem<br />

e InovContacto.<br />

VE – Que razões estiveram<br />

por detrás da definição de <strong>do</strong>is<br />

eixos de intervenção dedica<strong>do</strong>s<br />

em exclusividade às regiões de<br />

Lisboa e Algarve, duas das regiões<br />

mais próximas da média<br />

europeia?<br />

RF – A elegibilidade regional<br />

de cada uma das regiões <strong>do</strong> país é<br />

aferida e decidida pela Comissão<br />

Europeia em função <strong>do</strong> critério<br />

PIB “per capita” das regiões nacionais<br />

face à média comunitária. Ora<br />

as regiões de Lisboa e <strong>do</strong> Algarve,<br />

pelos progressos alcança<strong>do</strong>s nos<br />

últimos anos, não reuniram condições<br />

para ser consideradas Regiões<br />

de Convergência. As <strong>do</strong>tações que<br />

lhes foram afectas no âmbito <strong>do</strong><br />

QREN reflectem o facto de as comparticipações<br />

comunitárias serem<br />

mais condicionadas, o que obrigou<br />

a priorizar cuida<strong>do</strong>samente a intervenção<br />

<strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Social Europeu<br />

(FSE) nessas regiões, conjugan<strong>do</strong>,<br />

por um la<strong>do</strong>, a premência e severidade<br />

<strong>do</strong>s fenómenos que se impõe<br />

combater com maior prioridade e,<br />

por outro la<strong>do</strong>, a capacidade <strong>do</strong>s<br />

fun<strong>do</strong>s nacionais, assegurarem a<br />

efectiva execução das medidas de<br />

política pública nesses territórios.<br />

Daí a opção por consagrar <strong>do</strong>is<br />

eixos dedica<strong>do</strong>s a Lisboa e ao Algarve,<br />

integran<strong>do</strong> tipologias de intervenção<br />

nacionais com <strong>do</strong>tações<br />

financeiras naturalmente mais limitadas.<br />

VE – Que tipo de lacunas<br />

existem entre as competências<br />

que as organiza-<br />

ções procuram<br />

no merca<strong>do</strong> e as<br />

que o merca<strong>do</strong><br />

de emprego e<br />

as universidades<br />

têm para lhes<br />

oferecer?<br />

RF – As novas<br />

teorias <strong>do</strong> crescimentodemonstram<br />

que a capacidade<br />

para gerar continuamente<br />

novas competências constitui o factor<br />

mais importante para o sucesso<br />

de uma economia a longo prazo.<br />

O sistema de formação profissional<br />

tem vin<strong>do</strong> a ser <strong>do</strong>mina<strong>do</strong><br />

pela oferta, sem que durante muitos<br />

anos tenha existi<strong>do</strong> uma capacidade<br />

estruturada de a influenciar no que<br />

se refere aos <strong>do</strong>mínios de formação<br />

prioritários e de estabelecer referenciais<br />

de formação certifica<strong>do</strong>s. Tu<strong>do</strong><br />

isto fez com que persistisse um défice<br />

de articulação entre as respostas<br />

formativas e as reais necessidades <strong>do</strong><br />

teci<strong>do</strong> produtivo. A hora é, pois, de<br />

mudança e ela só se torna possível<br />

compreenden<strong>do</strong> a procura e ajustan<strong>do</strong><br />

a produção de qualificações.<br />

Verificações<br />

administrativas<br />

vão aferir<br />

qualidade<br />

de execução<br />

<strong>do</strong>s projectos<br />

VE – Que papéis poderão os<br />

empresários desempenhar no<br />

desenvolvimento da qualificação<br />

profissional <strong>do</strong>s seus trabalha<strong>do</strong>res?<br />

RF – No contexto de uma economia<br />

global cada vez mais baseada<br />

no conhecimento. não há espaço<br />

para estratégias empresariais que<br />

não tirem parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> capital humano. No caso<br />

português, esse fac­<br />

tor é tanto ou mais<br />

crítico quanto sabemos<br />

que os nossos<br />

sectores mais<br />

expostos à concorrência<br />

externa são<br />

muito marca<strong>do</strong>s<br />

pela debilidade<br />

das estruturas de<br />

qualificação <strong>do</strong>s<br />

recursos humanos.<br />

Saben<strong>do</strong> que temos 3,5 milhões de<br />

activos com um nível de escolaridade<br />

abaixo <strong>do</strong> secundário — que<br />

outro caminho nos resta senão travar<br />

um combate pela recuperação<br />

desse défice? Esse combate começa<br />

pelos próprios trabalha<strong>do</strong>res e é<br />

muito anima<strong>do</strong>r saber que mais de<br />

350 mil pessoas já franquearam as<br />

portas <strong>do</strong>s Centros Novas Oportunidades.<br />

Mas se os empresários não<br />

secundarem esse passo, se não forem<br />

os primeiros a incentivar esse<br />

esforço de requalificação, ficaremos<br />

mais longe de podermos contar<br />

com um teci<strong>do</strong> empresarial verdadeiramente<br />

competitivo.<br />

FErnAndA SiLVA TEixEirA<br />

ApostAr nA quAlificAção é investir<br />

nA sustentAbilidAde<br />

VE – na sua opinião, estarão as empresas nacionais, e sobretu<strong>do</strong><br />

a grande massa das PME, conscientes <strong>do</strong> papel que o<br />

capital humano e os valores intangíveis deverão ter no crescimento<br />

económico nacional e das próprias empresas enquanto<br />

verdadeiras fontes de vantagem competitiva?<br />

RF – Tal como referi, não vejo futuro em estratégias empresariais<br />

que desvalorizem o seu capital humano. São as pessoas que abrem e<br />

fecham as portas da mudança. São elas que imaginam soluções e superam<br />

problemas. É na sua energia criativa que as organizações mais<br />

avançadas vão buscar o essencial da sua força. Apostar na sua qualificação<br />

é investir na sustentabilidade das empresas. Porventura há ainda<br />

muita pedagogia a fazer, já que nem todas as organizações assumem<br />

tal postura. Espero, no entanto, que o POPH possa influenciar positivamente<br />

a a<strong>do</strong>pção deste tipo de paradigma que constitui a meu ver<br />

uma inesgotável fonte de competitividade.<br />

VE – Como poderão as organizações atrair e reter os cérebros<br />

nacionais que fogem <strong>do</strong> país por não encontrarem empregos<br />

e desafios que os motivem ou satisfaçam? Quan<strong>do</strong> nos tornaremos<br />

verdadeiros importa<strong>do</strong>res de talento e conhecimento e<br />

exporta<strong>do</strong>res de serviços e produtos?<br />

RF – Os factores que respondem pela retenção de talentos têm dimensões<br />

tangíveis que podem ser melhor geridas por organizações que<br />

disponham de boas políticas de recursos humanos. Julgo que é a este<br />

nível que se joga a captação <strong>do</strong>s melhores efectivos. As grandes empresas<br />

já compreenderam que as bacias de emprego não têm fronteiras<br />

e que há estímulos capazes de atrair e reter os melhores cérebros. Os<br />

poderes públicos podem dar uma mão a esse objectivo tanto no plano<br />

macroeconómico como no desenho de políticas favoráveis à integração<br />

de mão­de­obra qualificada. Mas será sempre no palco empresarial e<br />

da gestão <strong>do</strong>s recursos humanos que se trava o combate pela retenção<br />

<strong>do</strong>s profissionais mais qualifica<strong>do</strong>s. O POPH tem instrumentos que<br />

podem apoiar as empresas nesse combate, como por exemplo a tipologia<br />

de apoio à inserção profissional de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>s em organizações<br />

com actividades de investigação e desenvolvimento.

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