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Carl_Sagan_O_Mundo_Assombrado_pelos_Demonios

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sobre as patas traseiras, com três metros ou três metros e meio de altura,<br />

fitando-me bem nos olhos. Eram quadros tridimensionais sem movimento,<br />

captados por algum gênio da lâmpada. O urso cinzento acabou de se mover?<br />

O gorila piscou? Será que o gênio não vai voltar, para desfazer o encanto e<br />

permitir que esse conjunto deslumbrante de seres vivos continue a viver,<br />

enquanto, boquiaberto, observo?<br />

As crianças têm um impulso irresistível de tocar nas coisas.<br />

Naqueles dias, as duas palavras mais comumente ouvidas nos museus eram<br />

“não toque”. Décadas atrás, não havia quase nenhuma experiência “direta”<br />

nos museus de ciência ou história natural, nem mesmo um aquário em que se<br />

pudesse pegar um caranguejo e examiná-lo. O mais próximo de uma<br />

exposição interativa que então conheci foram as balanças no Planetário<br />

Hayden, uma para cada planeta. Pesando uns insignificantes dezoito quilos<br />

na Terra, era de certo modo reconfortante saber que, vivendo em Júpiter,<br />

você pesaria 45 quilos. Mas, lamentavelmente, na Lua você pesaria apenas<br />

três; pelo visto, na Lua você quase não existiria.<br />

Atualmente, as crianças são estimuladas a tocar, a mexer, a percorrer<br />

os ramos probabilísticos de uma árvore de perguntas e respostas via<br />

computador, ou a fazer barulhos engraçados para ver o que acontece com as<br />

ondas sonoras. Até as crianças que não captam tudo na exposição, ou que<br />

nem sequer captam a idéia da exposição, em geral aprendem algo valioso.<br />

Quando se vai a esses museus, fica-se impressionado com os olhos<br />

arregalados de assombro, com os garotos correndo de uma exposição para<br />

outra, com os sorrisos triunfantes de descoberta. Esses museus são<br />

extremamente populares. O número de pessoas que os visitam a cada ano é<br />

quase igual ao público dos jogos profissionais de beisebol, basquete e futebol,<br />

considerados em conjunto.<br />

Essas exposições não substituem a instrução na escola ou em casa,<br />

mas despertam o interesse e emocionam. Um grande museu de ciência<br />

estimula a criança a ler um livro, a fazer um curso ou a retornar para se<br />

envolver num processo de descoberta – e, o que é muito importante, a<br />

aprender o método de pensamento científico.<br />

Outra característica deslumbrante de muitos museus de ciência<br />

modernos é um cinema que apresenta filmes IMAX ou OMNIMAX. Em<br />

alguns casos, a tela tem dez andares de altura e envolve os espectadores. O<br />

Museu Nacional do Ar e do Espaço do Smithsonian, o museu mais popular<br />

da Terra, tem apresentado em seu Teatro Langley a estréia de alguns dos<br />

melhores desses filmes. Voar ainda me tira o fôlego, mesmo depois de já ter<br />

visto o filme cinco ou seis vezes. Vi líderes religiosos de muitas seitas<br />

assistirem ao Planeta azul e se converterem imediatamente à idéia de que é<br />

preciso proteger o meio ambiente da Terra.

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