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Carl_Sagan_O_Mundo_Assombrado_pelos_Demonios

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Nem todas as exposições e museus de ciência são exemplares.<br />

Alguns ainda constituem propaganda das firmas que deram contribuições<br />

para promover os seus produtos – como funciona um motor de automóvel,<br />

ou a “limpeza” de um combustível fóssil em comparação a outro. Muitos<br />

museus que dizem ser de ciência são realmente de tecnologia e medicina.<br />

Muitas exposições de biologia ainda têm medo de mencionar a idéia-chave da<br />

biologia moderna: a evolução. Os seres se “desenvolvem” ou “surgem”, mas<br />

jamais evoluem. A ausência de seres humanos nos registros fósseis profundos<br />

não é enfatizada. Nada nos é revelado sobre a quase identidade anatômica e<br />

de DNA entre os seres humanos e os chimpanzés ou gorilas. Nada é<br />

apresentado sobre as moléculas orgânicas complexas no espaço e em outros<br />

mundos, nem sobre os experimentos que mostram a matéria da vida se<br />

formando em quantidades enormes na atmosfera conhecida de outros<br />

mundos e na atmosfera presumível da Terra primitiva. Uma exceção notável:<br />

o Museu de História Natural da Instituição Smithsonian apresentou certa vez<br />

uma exposição inesquecível sobre a evolução. Começava com duas baratas<br />

numa cozinha moderna em que havia caixas de flocos de cereais abertas e<br />

outros alimentos. Sem ser perturbado durante algumas semanas, o lugar<br />

acabou apinhado de baratas, baldes delas por toda parte, competindo <strong>pelos</strong><br />

poucos alimentos ainda existentes, e a vantagem hereditária que uma barata<br />

um pouco mais bem adaptada poderia ter a longo prazo sobre as suas<br />

competidoras ficou clara como cristal. Da mesma forma, muitos planetários<br />

ainda se destinam a distinguir constelações, e não a viajar a outros mundos e<br />

retratar a evolução das galáxias, estrelas e planetas; eles também possuem um<br />

projetor semelhante a um inseto, sempre visível, que tira do céu a sua<br />

realidade.<br />

Talvez a exposição mais grandiosa não possa ser vista nos museus.<br />

Ela não tem residência. George Awad é um dos principais construtores de<br />

maquetes arquitetônicas nos Estados Unidos, tendo se especializado em<br />

arranha-céus. É também um estudioso aplicado de astronomia e fez uma<br />

maquete espetacular do Universo. Começando com uma cena prosaica na<br />

Terra, e seguindo um plano originalmente proposto <strong>pelos</strong> designers Charles e<br />

Ray Eames, ele passa a aumentar as dimensões progressivamente por fatores<br />

de dez para nos mostrar toda a Terra, o sistema solar, a Via Láctea e o<br />

Universo. Todo corpo astronômico é meticulosamente pormenorizado. É<br />

possível se perder em cada um deles. É uma das melhores ferramentas que<br />

conheço para explicar às crianças a escala e a natureza do Universo. Isaac<br />

Asimov descreveu-o como “a representação mais imaginativa do Universo<br />

que já vi ou seria capaz de conceber. Eu poderia perambular pela maquete<br />

durante horas, descobrindo a cada passo alguma coisa nova que ainda não<br />

tinha observado antes”. Versões dessa maquete deviam ser expostas ao

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