28.05.2013 Views

ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil

ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil

ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1.1 AS NO«’ES DE FOLCLORE E SUAS IMPLICA«’ES<br />

O termo folclore, de acor<strong>do</strong> com a publicaÁ„o de Rossini Tavares de Lima (1972),<br />

surge no inÌcio <strong>do</strong> sÈculo XIX atravÈs de uma carta que o arqueÛlogo inglÍs William John<br />

Thoms enviou a uma revista, e est· relaciona<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> das antiguidades <strong>do</strong> povo inglÍs.<br />

Dentre os estu<strong>do</strong>s que Thoms explorava estavam as tradiÁıes populares, baladas lend·rias,<br />

provÈrbios locais, ditos vulgares, superstiÁıes e antigos costumes, entre outros aspectos. Os<br />

estu<strong>do</strong>s sobre estes temas contu<strong>do</strong>, antecedem a formulaÁ„o de Thoms: ìMuito antes de haver<br />

surgi<strong>do</strong> o nome ìfolcloreî, havia historia<strong>do</strong>res, literatos, m˙sicos, arqueÛlogos, sociÛlogos, e<br />

outros, estudan<strong>do</strong> os costumes e as tradiÁıes populares, a que mais tarde se deu o nome de<br />

folcloreî ( BRAND O apud TEIXEIRA, 1991 , p·g.02)<br />

Segun<strong>do</strong> Thompson, os estu<strong>do</strong>s surgem devi<strong>do</strong> a distinÁ„o cultural e subordinada <strong>do</strong>s<br />

pebleus perante aos patrÌcios. Devi<strong>do</strong> ao mantimento <strong>do</strong>s costumes, ritos e h·bitos da plebe,<br />

alguns estudiosos passaram a investigar e registrar tais elementos que sobreviveram a<br />

transformaÁ„o que a urbanizaÁ„o provocara. O surgimento <strong>do</strong> termo folclore se fez presente e<br />

esses costumes, ritos e h·bitos j· eram vistos como antiguidades ou resÌduos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>,<br />

subordina<strong>do</strong>s e inferiores a modernidade e aos grupos hegemÙnicos.<br />

Quan<strong>do</strong> Isabel Aretz, uma das participantes <strong>do</strong> primeiro Congresso Interamericano de<br />

Etnomusicologia 2 e Folclore, realiza<strong>do</strong> em 1983, discorda <strong>do</strong> uso da express„o ìcultura<br />

popular tradicionalî, para identificar o que atÈ ent„o era chama<strong>do</strong> de folclore (CARVALHO,<br />

1991). Ela est· justamente defenden<strong>do</strong> a concepÁ„o criticada por Thompson, explica<br />

Carvalho:<br />

O folclore, que ela prefere denomina de ìcultura oral tradicionalî seria o ìque<br />

afunda suas raÌzes no tempo e que È a autÍntica cultura produzida pelo povoî,<br />

enquanto cultura popular seria a ìque anda entre o povo e que este assimilaî, sem<br />

haver interferi<strong>do</strong> no seu processo de criaÁ„o (1991, p·g. )<br />

Este tipo de concepÁ„o acabou fundamentan<strong>do</strong> a separaÁ„o entre a cultura popular,<br />

vista como influencia externa assimilada e folclore, vista como cultura pura <strong>do</strong> povo.<br />

2 ìEtnomusicologia: um ramo da Musicologia em que se d· Ínfase ao estu<strong>do</strong> da m˙sica em seu contexto cultural;<br />

a antropologia da m˙sica. Teve origem durante o final <strong>do</strong> sÈc. XIX, na Europa e nos EUA, com os trabalhos de<br />

Carl Stumpf, Erich M. von Hornsbostel, Curt Sachs, Alexander J. Ellis, Jesse Walter Fewkes, Franz Boas e<br />

outros. Os primeiros trabalhos tratavam na maior parte de psicologia da m˙sica, reconstruÁ„o da histÛria<br />

mundial da m˙sica, classificaÁ„o <strong>do</strong>s estilos e instrumentos musicais e, nos EUA, da an·lise da m˙sica indÌgena<br />

norte-americana. A pesquisa moderna combina as tÈcnicas antropolÛgicas de trabalhos de campo e etnografia<br />

com uma grande variedade de abordagens humanistas, especialmente a partir da musicologia e da estÈticaî<br />

(SADIE, 1994, p·g. 305).<br />

15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!