ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil
ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil
ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
3.2 A M⁄SICA ÕTALO-TRENTINA NOS MUNICÕPIOS DE NOVA TRENTO, RIO DOS<br />
CEDROS E RODEIO.<br />
O chama<strong>do</strong> ìcanto popularî, aponta<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o mais caracterÌstico da execuÁ„o<br />
musical tanto descrito na obra de Macchiarella como tambÈm nas publicaÁıes brasileiras, È<br />
um <strong>do</strong>s itens que constitui a chamada ìcultura popularî. Diz Taylor cita<strong>do</strong> por Brand„o e<br />
Teixeira : ì [...] a cultura popular compreende as narrativas tradicionais como os cantos<br />
populares, os mitos, lendas, costumes tradicionais preserva<strong>do</strong>s e transmiti<strong>do</strong>s oralmente de<br />
uma geraÁ„o ‡ outra, e ainda as formas populares de linguagens, seus dialetos e ditosî (1994).<br />
Para este mesmo autor o surgimento da cultura popular È incerto:<br />
… uma criaÁ„o pessoal. AlguÈm fez, em um dia de algum lugar. Mas a sua<br />
reproduÁ„o ao longo <strong>do</strong> tempo tende a ser coletivizada, e a autoria cai no chama<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>mÌnio p˙blico. De um ponto de vista rigoroso, s„o as toadas, cantos, lendas,<br />
mitos, altos populares, danÁas folclÛricas, saberes que, no correr de sua prÛpria<br />
reproduÁ„o de pessoa a pessoa, de geraÁ„o a geraÁ„o, foram incorporadas ao mo<strong>do</strong><br />
de vida e ao repertÛrio coletivo da cultura de uma determinada comunidade:<br />
pesca<strong>do</strong>res, camponeses, lavra<strong>do</strong>res, bÛias-frias, gente da periferia da cidade<br />
(BRAND O; TEIXEIRA, 1994, p·g. 2).<br />
A dificuldade em determinar o surgimento, a autoria, ou mesmo a ìorigemî est·<br />
tambÈm no fato de que a renovaÁ„o È um fator pre<strong>do</strong>minante da cultura popular, conforme<br />
explica Brand„o (1994). Para este autor:<br />
Enquanto resiste a desaparecer e, preservan<strong>do</strong> uma mesma estrutura b·sica, a to<strong>do</strong> o<br />
momento se modifica. O que significa que a to<strong>do</strong> o momento se recria. E È a<br />
sociedade maior respons·vel por essas mudanÁas nas tradiÁıes. O ser humano È<br />
basicamente criativo e recria<strong>do</strong>r e os artistas populares que lidam com o canto, a<br />
danÁa, o artesanato modificam continuamente aquilo que um dia aprenderam a<br />
fazer (BRAND O, 1994, p·g.2).<br />
A idÈia de algo que preserva determina<strong>do</strong>s elementos ao mesmo tempo que se renova<br />
e se recria, que È vivi<strong>do</strong> como tradiÁ„o e memÛria no prÛprio ato em que È transmiti<strong>do</strong> e<br />
modifica<strong>do</strong>, È o que me parece mais prÛximo <strong>do</strong> que observei na m˙sica Ìtalo-trentina. Por<br />
algum motivo alguns conjuntos musicais fazem quest„o de executarem a m˙sica trentina, seja<br />
como uma forma de assumir uma identidade, seja talvez por admiraÁ„o a uma determinada<br />
histÛria, que tambÈm pode estar relaciona<strong>do</strong> a busca de um ref˙gio seguro, de uma ìorigemî<br />
que o informe e diga quem È:<br />
62