ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil
ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil
ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
enda mÌnima necess·ria ‡ sobrevivÍncia. [...] Em fins de outono muitos homens<br />
aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> os campos, desciam em direÁ„o a It·lia ou atravessavam os Alpes.<br />
Dirigiam-se, de preferÍncia, para as regiıes italianas limÌtrofes da Lombardia e <strong>do</strong><br />
VÍneto, mas muitos se aventuravam mais ao sul, na EmÌlia, Romanha, Toscana,<br />
Esta<strong>do</strong>s pontifÌcios. Outros se dirigiam para o Tirol alem„o e para a SuÌÁa<br />
(GROSSELLI, 1987, p·g. 75).<br />
A emigraÁ„o, portanto n„o È simplesmente a procura pelo melhor e sim tambÈm um<br />
ato de oposiÁ„o ‡s transformaÁıes econÙmicas que aconteciam, tais aspectos tambÈm s„o<br />
descritos em algumas canÁıes Ìtalo-trentinas:<br />
...como ˙ltima resposta, a emigraÁ„o, que mesmo sen<strong>do</strong> uma fuga da misÈria cruel<br />
que devastava algumas regiıes da It·lia, n„o deixou de ter um car·ter polÌtico. Esse<br />
aspecto È nÌti<strong>do</strong> nas canÁıes e poesias populares [grifo meu] que acompanhavam<br />
os viajantes sem volta: nelas se vÍ claramente que a emigraÁ„o n„o era sÛ a busca<br />
<strong>do</strong> El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, mas uma recusa em continuar sob exploraÁ„o (SILVA, 2001, p·g. 30).<br />
A exploraÁ„o da m„o de obra <strong>do</strong> agricultor tambÈm foi uma influÍncia para o Íxo<strong>do</strong>.<br />
Tal indignaÁ„o <strong>do</strong>s agricultores trentinos devi<strong>do</strong> ‡ exploraÁ„o que se sujeitavam <strong>do</strong>s<br />
latifundi·rios, est· descrito em um canto, depoimento cita<strong>do</strong> por Vicenzi sobre a chegada <strong>do</strong>s<br />
primeiros trentinos ao porto de ItajaÌ:<br />
ApÛs quase <strong>do</strong>is meses de viagem, chegavam finalmente ao seu destino. O ponto<br />
final estava ‡ vista. ItajaÌ se aproximava...Reanima<strong>do</strong>s por t„o grato evento,<br />
saudavam incessantemente com vivas de alegria a nova terra <strong>do</strong>s seus sonhos. ñ<br />
ìLa Mericaî, como eles a chamavam, estava prÛxima. ìViva la Merica...Ecco la<br />
liberta...Ecco la nostra speranza!...î Uns choravam emociona<strong>do</strong>s, outros agitavam<br />
sues lenÁos e outros entoavam cantos. ñ ìQuan<strong>do</strong> saremo in Merica, in Merica<br />
vederemo: I siori i mena grassa e lÍ siore lÍ zapa s˘...î ñ Quan<strong>do</strong> chegarmos na<br />
AmÈrica, na AmÈrica haveremos de ver, os senhores (<strong>do</strong> Tirol) carregan<strong>do</strong> esterco e<br />
as senhoras a capinar...( VICENZI, 2000, p·g. 45 e 47 ).<br />
Grosselli tambÈm apresenta que muitos cantos foram cria<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong> ao<br />
descontentamento entre a classe de agricultores e a burguesia que possuÌam as terras:<br />
ìAos ricos <strong>do</strong> Tirol/ nÛs lhe daremos a enxada/ a enxada e tambÈm a p·/ depois iremos ao<br />
<strong>Brasil</strong>/ a beber o bom vinho./ Os ricos a conduzir os bois/ as ricas o ara<strong>do</strong>/ e os camponeses<br />
na AmÈrica / a beber o vinho novoî (GROSSELLI, 1987, p·g.100).<br />
Acrescenta ainda que esta canÁ„o È conhecida ainda hoje nas zonas de emigraÁ„o de<br />
Santa Catarina, onde foi acrescenta<strong>do</strong> uma nova estrofe que fala da vontade de fazer <strong>do</strong>s<br />
bigodes <strong>do</strong>s senhores (patrıes) muitas escovas para ilustrar as botas <strong>do</strong>s camponeses. O<br />
34