ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil

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Parte dos migrantes que vieram desta regi„o para Santa Catarina, estavam situados em territÛrio austrÌaco e n„o italiano, motivo pelo qual s„o denominados de tiroleses, ainda que pertencessem a regi„o e fizessem parte do Trentino. Devido ‡ prÛpria atribuiÁ„o do impÈrio austrÌaco, os habitantes que emigrassem perdiam momentaneamente sua cidadania austrÌaca: A emigraÁ„o provocar· automaticamente a perda da cidadania austrÌaca e do incolato. ( O incolato era o direito que cada cidad„o austrÌaco tinha ‡ residÍncia e obrigava os municÌpios a assistir aos cidad„os indigentes que n„o pudessem fazer frente ‡ satisfaÁ„o de suas exigÍncias vitais da famÌlia )î ( GROSSELLI apud BONATTI; LENZI, 2006, p·g. 37). Conforme Vicenzi (2000) os prÛprios habitantes n„o se consideravam austrÌacos, sendo o italiano a lÌngua dominante ao sul do Tirol (Trentino), enquanto na regi„o norte do Tirol (Alto Adige), que est· mais prÛxima de Innsbruck, capital do estado do Tirol, foi o alem„o que esteve e est· presente ainda hoje. AlÈm da presenÁa destas duas lÌnguas, tambÈm h· uma terceira lÌngua, a ladina 6 : Nesta regi„o ocorreram diversas guerras, entre elas podemos citar a Guerra da CrimÈia que teve o seu fim em 1855, Guerra contra SavÛia em 1859, Guerra da Pr˙ssia contra a ¡ustria em 1866, Guerra Franco-Prussiana em 1870 onde a It·lia se unificou e a 1 Grande Guerra Mundial que iniciou em 1914 e teve seu fim em 1918. Algumas destas tambÈm foram tematizadas nas canÁıes, como por exemplo, a canÁ„o Bella Ciao. O principal aspecto a ser destacado aqui È que a regi„o Trentino-Alto Adige foi palco de uma consider·vel diversidade cultural, resultado das disputas entre as naÁıes austrÌacas e italianas e tambÈm do fato de ser esta regi„o, um portal de acesso aos exÈrcitos de outros paÌses. Faz-se importante chamar atenÁ„o para este aspecto, pois evidencia uma regi„o em violenta transformaÁ„o com intensas trocas culturais. As manifestaÁıes artÌsticas aÌ produzidas por certo participaram deste rico e violento di·logo cultural e se hoje nos parecem manifestaÁıes ìcristalizadasî, que ìafundam suas raÌzes no tempoî, a histÛria aponta para um processo criativo bem mais din‚mico. 6 ìLadino, ladin (ladinisch): lÌngua rom‚nica preservada em alguns vales do S¸dtirol e Trentino. Sua origem remonta ‡ latinizaÁ„o imposta pelos romanos aos celtas da G·lia Cisalpina no sÈculo II a.C.; no sÈculo VII recebeu alguma influÍncia do mÈdio-alto alem„o. … uma das mais antigas lÌnguas faladas na Europa, sem ter sofrido grandes transformaÁıes nos ˙ltimos 1500 anos. A minoria ladina conta hoje com v·rias publicaÁıes e estudos de sua lÌngua, dividida nos seus dialetos, entre eles: Anpezan, Badiot, Dolomitan, Fodom, Gadertal, GherdÎina e Fascianî http://www.grupotirol.com/frames.php?pag=regiao.htm, acesso em 05/02/2008. 27
2 A IMIGRA« O TRENTINA PARA SANTA CATARINA Para falar sobre a imigraÁ„o trentina para Santa Catarina, faz-se necess·rio contar um pouco da histÛria do estado catarinense assim como tambÈm da histÛria externa que levou estas pessoas a atravessarem o oceano ‡ procura de novas terras. Sabe-se que antes das campanhas migratÛrias do sÈculo XIX, habitavam o territÛrio catarinense, povos indÌgenas e brasileiros que descendiam predominantemente de portugueses e de v·rios povos africanos. Entre os povos indÌgenas estavam os XoklÈng, mais conhecidos como botocudos, os Kaigang, os povos dos Sambaquis 7 e os Guarani, no litoral. AlÈm dos indÌgenas, existiam tambÈm os caboclos, que eram parte da populaÁ„o negra e mestiÁa: Inicialmente [Santa Catarina] foi povoada por indÌgenas, cujos primeiros vestÌgios, segundo a arqueologia, datam de aproximadamente 5.500 anos a. C. Em Època mais recente, quando das primeiras incursıes de brancos pela regi„o (entre 1542 e 1775), ela encontrava-se habitada principalmente por tribos Kaingang, alÈm de se registrar a presenÁa de tribos Xokleng e Guarani. A segunda fase de povoamento se d· com a presenÁa de caboclos ou sertanejos, que ocuparam a terra no sistema de ìposseî. Entre eles inclui-se parte de populaÁ„o negra e mestiÁa, sobre a qual se dispıe de poucos dados, face ‡ inexistÍncia desse tipo de estudo para a regi„o. Sabe-se, entretanto, que tanto do litoral quando do oeste catarinense afluiu este tipo de populaÁ„o ( SILVA, 2001, p·g. 44). Quando da chegada dos imigrantes italianos, a regi„o era ainda dominada pela mata virgem, e o ˙nico meio de locomoÁ„o era via fluvial ou atravÈs das estreitas ìpicadasî, a maioria feitas pelos prÛprios caboclos (SILVA, 2001). Estas serviram como auxÌlio para o processo de ocupaÁ„o dos colonos europeus. ìNo entanto, ele afirma que aonde o italiano chegou, primeiro chegou o caboclo, abrindo, deste modo, o caminho das futuras picadas.î (SILVA, 2001, p·g. 58 e 59). Neste processo realizou-se uma dupla exclus„o, ou seja, inicialmente a terra foi ocupada por indÌgenas e depois caboclos, porÈm quando se iniciou a imigraÁ„o no sÈculo XIX, os indÌgenas migraram cada vez mais para o interior do estado e assim tambÈm ocorreu com os caboclos. Apesar da chegada em uma terra praticamente virgem, nada aparenta ter sido f·cil para os imigrantes trentinos, desde a viajem, onde ficavam dias ao navio com poucos recursos de 7 Sambaquis È o monte de conchas com vestÌgios humanos deixados pelos povos que antecederam os guaranis 28
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