28.05.2013 Views

ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil

ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil

ANDREI JAN HOFFMANN ULLER A MÚSICA ... - Trentina do Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

lamentam <strong>do</strong> fato de que È a intermÈdia que est· mais viva: a cultura popular<br />

urbana e a cultura de massa (CARVALHO, 1991, p·g. 10).<br />

Neste senti<strong>do</strong>, mesmo o que Carvalho chama de cultura de massa, termo utiliza<strong>do</strong> para<br />

denominar a cultura que se difunde pelos meios de comunicaÁ„o, atingin<strong>do</strong> uma grande parte<br />

da populaÁ„o. Poderia para este autor, ser visto em seus aspectos positivos no que se refere a<br />

revitalizaÁ„o de manifestaÁıes ligadas a tradiÁ„o. 3<br />

A crÌtica ao conceito de folclore gerou uma sÈrie de outros conceitos que procuravam,<br />

por um la<strong>do</strong>, delimitar as especificidades <strong>do</strong>s costumes e manifestaÁıes produzidas por um<br />

determina<strong>do</strong> setor da populaÁ„o, por outro, diferenciar estes <strong>do</strong>s outros setores. A utilizaÁ„o<br />

<strong>do</strong> conceito de cultura adjetiva<strong>do</strong> de palavras que buscavam diferenciar os setores a que se<br />

referiam, tais como: cultura popular, cultura de massa, cultural de elite, etc; trouxe um outro<br />

tipo de problema.<br />

Conforme aponta Thompson, a idÈia de cultura poderia sugerir a concepÁ„o de uma<br />

concord‚ncia de idÈias e opiniıes, um ìsistema consensualî de ìvalores compartilha<strong>do</strong>sî,<br />

suprimin<strong>do</strong> novamente a idÈia de mudanÁa, disputa e conflito (1998, p·g. 17). Na vis„o deste<br />

autor este foi um <strong>do</strong>s principais problemas <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> termo ìcultura popularî. E que,<br />

poderÌamos tambÈm estender aos termos ìcultura de eliteî, ìcultura de massaî, etc.<br />

As implicaÁıes advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> uso destes e de outros conceitos e as tentativas em<br />

resolver os problemas daÌ advin<strong>do</strong>s, faz com que os estudiosos das manifestaÁıes artÌsticas<br />

tambÈm busquem sua prÛpria nomenclatura e adjetivem os fenÙmenos estuda<strong>do</strong>s ora de uma<br />

forma ora de outra. Bernardi (1999), por exemplo, vai falar <strong>do</strong> ìhibridismoî entre o ìaltoî<br />

referin<strong>do</strong>-se aqui a chamada ìm˙sica cl·ssicaî, e o ìbaixoî, ou seja, a chamada ìm˙sica<br />

popularî:<br />

3 Explica Carvalho: por exemplo, o vertiginoso crescimento de uma vertente mais comercial e kitsch da m˙sica<br />

ìsertanejaî no <strong>Brasil</strong> (an·loga ao estilo country comercial nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s) tem contribuÌ<strong>do</strong> enormemente<br />

para que as grandes obras da canÁ„o sertaneja tradicional sejam reabilitadas e revalorizadas (a ponto de elas <strong>do</strong><br />

serem agora chamadas de ìcl·ssicosî sertanejos pelos cultores <strong>do</strong> gÍnero tipicamente comercial) (CARVALHO,<br />

1991, p·g. 9).<br />

[O caso da m˙sica sertaneja, cita<strong>do</strong> por Carvalho, È um exemplo de que apesar da mÌdia divulgar m˙sicas com<br />

interesses estritamente comerciais, elas dialogam com outras expressıes musicais, ligadas a tradiÁ„o. Outro<br />

exemplo de como o folclÛrico, o popular e o cl·ssico podem se misturar, pode ser visto na obra liter·ria de<br />

Goethe. Segun<strong>do</strong> Carvalho, a formaÁ„o de Goethe È mista: aprendera a arte das marionetes como um autÍntico<br />

ìmestre folkî e chegou a conhecer to<strong>do</strong> o repertÛrio tradicional das histÛrias, em seguida trabalhou mais de<br />

cinq¸enta anos na construÁ„o de uma obra liter·ria que unia a mitologia grega, a tradiÁ„o crist„ e uma lenda<br />

folclÛrica. O resulta<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> Carvalho, È sempre o movimento] Simplifican<strong>do</strong>, pois, a descriÁ„o de um<br />

processo histÛrico sumamente complexo, pode-se dizer que desde ent„o, as duas tradiÁıes ìpurasî (a popular e a<br />

cl·ssica) foram se diluin<strong>do</strong> paulatinamente, misturan<strong>do</strong>-se ‡s vezes entre si, transforman<strong>do</strong>-se ao longo desse<br />

processo. Isto quer dizer que t„o logo Goethe conseguiu plasmar essa ìperfeitaî esfera da cultura, ela comeÁou<br />

outra vez a estilhaÁar-se, n„o j· em duas, mas em in˙meras partes, geran<strong>do</strong> uma multiplicidade de formas, tanto<br />

orais como escritas e, finalmente eletrÙnicas (como a cultura de massa circulan<strong>do</strong> pelas v·rias camadas sociais<br />

da populaÁ„o <strong>do</strong>s paÌses europeus e latino americanos atÈ os dias de hoje (CARVALHO, 1991, p·g. 12).<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!